Andrea Dietrich
9 de dezembro de 2014 - 12h19
Li um artigo esses dias na Forbes sobre o livro “The Soft Edge”, de Rich Karlgaard, chamado “5 pilares organizacionais de sucesso que não podem ser copiados” e gostei muito. Quando li o título pensei logo que seriam as tradicionais fórmulas de agilidade, foco no consumidor, tecnologia disruptiva, logística e etc. Mas ao contrário disso, o livro defende um olhar bastante diferenciado sobre aquilo que realmente não pode ser copiado dentro de uma organização de sucesso, o lado soft dos resultados.
Os cinco pontos tem a ver com valores intangíveis relacionados a essência da empresa, sua filosofia, a preocupação constante nos seus funcionários, no que produz de relevante e diferenciado na vida de seus consumidores. Aí vão eles:
Trust: segundo o livro, esse é um dos principais fatores das empresas mais bem avaliadas pelos seus funcionários. A empresa precisa estimular e transmitir a confiança dentro e fora dela. Dentro dela, através da confiança entre lideres e liderados, entre times e demais áreas parceiras. E depois de construída a confiança interna desenvolve-se a relação com consumidores, investidores e parceiros;
Smart: nesse ponto é interessante a abordagem, onde a inteligência é considerada mito além da sua capacidade intelectual. O que realmente faz a diferença é a junção de talento e atitude. Inteligência é a atitude de sempre buscar aprender e se desenvolver. E a empresa tem o dever de ajudar seus funcionários nesse desenvolvimento trazendo novos desafios e os ouvindo sempre;
Teams: o desafio de construir times que se conectem emocionalmente com a empresa e seus desafios, e que sejam alta performance. Construir isso cobrando e valorizando o desempenho e valorizando cada membro do time. E para isso o tamanho dos times também é relevante. Como Jeff Bezos, fundador e CEO da Amazon, acredita, os times devem ser enxutos o suficiente para que se satisfaçam com duas pizzas, o que ele chama de “Two Pizzas Rule”;
Taste: essa é a que eu mais gosto. E aqui o ponto é a busca incessante para entender qual será o diferencial único e exclusivo de entrega de um produto. Existem tantos dados, tecnologias e fórmulas, mas a experiência que um produto vai entregar é o que distancia, por exemplo, a Apple de seus competidores. A provocação é sair da zona de conforto e desbravar novos sabores, vestir os sapatos do consumidor e buscar uma conexão única com o que a empresa produz.
Story: essa é a mais diferenciadora de todas de fato. Trata-se da história do que a empresa é e faz. As narrativas do passado que constroem o futuro. É trazer valor e humanizar a narrativa da organização como se fosse um indivíduo. Construir relações não mais empresas-consumidores mas pessoas-pessoas.
Acredito de fato que esses são pilares fundamentais para uma visão de longo prazo de um negócio, a humanização das empresas. As relações puramente comerciais se enfraquecem num mundo cada vez mais automatizável e competitivo. O olhar para as pessoas e para os consumidores muda de perspectiva.
Os funcionários deixam de ser somente máquinas de produção para serem valorizados por aquilo que pensam, acreditam e transformam. O mundo da informação está na internet, mais acessível do que nunca, e a capacidade de transformar, a atitude, não tem livro ou receita para aprender.
Todos estamos em transformação. Transformação de skills, de competências que passarão a ser valorizadas pelas organizações e transformações daquilo que produzimos, pensando no que o produto ou serviço trará de relevante para a vida das pessoas.
Adoro falar de transformações. E que 2015 venha com muitas delas, seja para nosso desenvolvimento pessoal e profissional, seja para o bem do nosso país e do nosso mundo.
Andrea Dietrich é gerente executiva de marketing da BRF