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A mentira da Big Data

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Ponto de vista

A mentira da Big Data


2 de dezembro de 2013 - 11h43

Possuo uma assinatura de um dos maiores jornais impressos do país o que me dá direito a acessar seu conteúdo no iPad. Para isso eu preciso informar meu endereço eletrônico , o e-mail da época da assinatura e minha senha. O fato é que o e-mail era corporativo, eu não trabalho mais na empresa e a empresa não existe mais. No entanto o jornal deve se gabar de possuir meus dados e os ostentam como patrimônio, ativos a serem comercializados. Mentira.

Também possuo uma conta na mais badalada rede social do mundo, que vale alguns bilhões de dólares e se vangloria de possuir os dados de milhões de pessoas ao redor do planeta. Para acessá-la preciso colocar um e-mail cadastrado de quando eu ingressei na rede. Novamente usei um e-mail corporativo da empresa em que eu trabalhava que, por coincidência, também não existe mais. Portanto os registros dessa rede social a meu respeito são uma mentira.

Posso enveredar nesse artigo por dois caminhos. O primeiro diz respeito a minha capacidade em trabalhar em empresas que deixam de existir, mas creio que isso pode macular minha ilibada carreira. Seguirei o segundo caminho e afirmar que esses dois singelos exemplos demonstram a fragilidade da vedete do momento, a tal big data, ou seja, a capacidade da rede saber exatamente quem você é. Mentira.

Na época dos dois acessos fui absolutamente sincero. Declarei meus endereços eletrônicos na esperança de ver concretizada uma fantasia dos tempos modernos. A de que as máquinas irão nos ofertar produtos e serviços que tem a nossa cara, porque zelosos dos meus acessos identificam as minhas preferências e me privam das abordagens desagradáveis. Mentira.

Fomos mais uma vez iludidos. As empresas jornalísticas ou as redes não sabem nada a nosso respeito, nem nosso singelo e público endereço eletrônico, quanto mais minha preferência sobre livros, músicas ou sexo. São analfabetos digitais, tanto quanto uma conhecida rede de clube de compras de origem americana vinculada a um hipermercado que afirma que identifica o perfil de compra e oferece para os seus associados os produtos que eles querem. Mentira. Há mais de 10 anos sou sócio desse clube do Tio Sam e nunca recebi sequer um cartão de feliz aniversário.

Portanto moderninhos de plantão, ponham a viola no saco. A big data é uma mentira inventada por aqueles que descobriram que o grande negócio dos dias de hoje é inventar nomes para os nossos “pensamentos desejosos”. Sim, queríamos que as empresas com as quais nos relacionamos soubessem sobre as nossas preferências e dessa forma, sem mover muito as pernas, teríamos acesso aos produtos e serviços de nossas preferências. Mentira.

Por conta de tudo isso me divirto com a suposta espionagem internacional. Alguém realmente acredita que estamos capacitados para espionar alguém através da rede mundial de computadores. Esse é o verdadeiro buraco negro da nossa existência. Relaxem, ninguém sabe nada sobre você e, para ser sincero, venhamos e convenhamos, a sua vida não é interessante para ninguém.
 

wraps

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