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BBB15: Espetáculo e identificação com os espectadores

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Ponto de vista

BBB15: Espetáculo e identificação com os espectadores

Não é leviano afirmar que a sociedade do espetáculo colabora para a audiência dos realities e a explosão das marcas neles anunciadas


26 de janeiro de 2015 - 10h41

Em 1967 o pensador francês Guy Debord, em seu livro La société du spectacle, já nos convocava a pensar a sociedade contemporânea por outras lentes, afinal sua visão instaurava uma nova forma de refletir sobre o tempo presente. Por meio de 221 pequenas teses, Debord delineou o aumento da falsificação do mundo através da mídia e a migração das experiências cotidianas das pessoas para a perspectiva de espectador, tão somente porque, na sociedade descrita por ele, vivemos a todo tempo a passiva ingestão de imagens.

Mais de 40 anos após o lançamento do seu livro, nos deparamos com o espetáculo pautando a maior parte das relações sociais e, muitas vezes, até “coisificando” as pessoas. É nesse lócus que pensamos no BBB. Com 49 pontos de audiência quando estreou em 2002, o BBB 15 foi ao ar recentemente e angariou 25 pontos na sua atual versão. Muito embora seja perceptível o aumento na sofisticação do programa e nas possibilidades para a inserção de marcas.

Como espaço publicitário, no BBB se pode vender de tudo, no formato tradicional (com comerciais de 30 segundos nos intervalos) ou por meio de product placement, que além da vantagem de não perder audiência pela inserção do break comercial, possibilita certo grau de identificação com os telespectadores.

Assim sendo, não é leviano afirmar que a sociedade do espetáculo, como proposta por Debord, que coloca as pessoas como espectadores dos “shows da vida”, colabora para a audiência dos realities e a explosão das marcas neles anunciadas. Não por acaso, Shachar e Emerson (2000), em uma pesquisa sobre os efeitos dos conteúdos nas audiências, introduziram a noção de variáveis demográficas no perfil dos pesquisados para ver se ocorreriam alterações no consumo da publicidade na tevê. Os resultados evidenciaram que os telespectadores são mais propensos a assistirem programas que apresentem pessoas que são demograficamente semelhantes a si mesmos, reduzindo a diminuição de mudança de canal – o famoso efeito zapping.

É exatamente isso o que parece ter acontecido no atual BBB. Fugindo da exclusividade dos estereótipos dos corpos malhados e tatuados das últimas versões, a décima quinta edição, em consonância com a sociedade do espetáculo, mas de olho no potencial da audiência para o consumo das marcas anunciadas, busca um diálogo íntimo e relacional com os espectadores para que estes consumam as pessoas e o espetáculo representativo da “vida real”, mas principalmente as marcas e os produtos anunciados. 

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