Liderança: Everest ou Marte?
Todos nós queremos subir ao topo da montanha ? ou desbravar novos mercados ?, mas queremos voltar vivos
Todos nós queremos subir ao topo da montanha ? ou desbravar novos mercados ?, mas queremos voltar vivos
Meio & Mensagem
8 de outubro de 2015 - 12h27
(Atenção: o texto contém spoilers sobre os filmes Everest e Perdido em Marte)
Hoje em dia, dentro das organizações (clientes ou agências) encontramos todos os possíveis tipos de liderança, alguns com maior ressonância e outros com alta rejeição. Pensando que estamos realmente vivendo momentos bem tensos e confusos na macroeconômica e na política, e que os impactos nas organizações acontecem de forma diária e intensa, como tudo isso impacta as estruturas organizacionais e principalmente as metas e os resultados previstos? Quais são os estilos de liderança realmente válidos e mais eficazes em momentos de crise? Qual é o perfil da estratégia de marketing nestes momentos? Ataque ou defesa?
Todos nós queremos subir ao topo da montanha ou desbravar novos mercados nunca antes explorados. Dois filmes em cartaz atualmente me fizeram refletir sobre os diferentes estilos de gestão e como isso impacta o ambiente de negócios.
Everest, que descreve a trágica temporada de escalada de 1996 da maior montanha do planeta, mostra claramente dois estilos de liderança opostos. Rob Hall, o dono da Adventure Consultants, é o líder “Certinho”. Experiente, cauteloso, focado. Faz tudo que mandam os manuais. Mas em certo momento, afetado por uma tempestade (crise econômica?), esquece todas as regras e, dirigido pelo afeto, resolve salvar um membro não tão eficiente da sua equipe. Já Scott Fischer é o líder “Deixa Comigo”. Também experiente, mas não tanto na zona da morte. Convencido e em busca de reconhecimento, faz tudo o que acha que é importante. Sua única conquista é a própria morte (desculpe o spoiler se não assistiu o filme ainda).
Em tempos de crise – ou na tempestade no filme –, qual deve ser o estilo de liderança que devemos adotar: “Certinho” ou “Deixa comigo”? O possível reflexo dessas abordagens distintas na elaboração das estratégias para um ano difícil como estão prevendo 2016 é algo que precisamos refletir bastante. Se já existe um aviso de tempestade se aproximando, quais deverão ser os preparativos para esses momentos? Qual é a agência e qual é o perfil dos membros da sua equipe? Todos nós queremos subir nossos Everests, mas a regra mais importante é subir e voltar vivo.
Já o filme Perdido em Marte (The Martian, no original) mostra outro estilo de liderança também bem relevante. O problema é o mesmo: uma tempestade não prevista faz com que a líder da expedição Ares III decida abandonar um membro da sua equipe no solo marciano presumindo que estava morto. Fatos e dados influenciaram a decisão da personagem Melissa Lewis (Jessica Chastain ). A nave estava muito inclinada (inflação em alta? PIB em queda?) e a decisão precisava ser tomada naquele momento.
Ao tomarmos decisões baseadas em fatos externos que podem prejudicar nosso julgamento, quantas pessoas deixamos pelo caminho? Reestruturações, trocas de agência, produtos não lançados… Tudo isso deve estar ocorrendo agora já que a nossa nave esta inclinada. Mas o imponderável acontece e a capitã Lewis decide voltar e recuperar a equipe. Recuperar alguém da sua equipe que você tinha dispensado é uma atitude nobre, mas será que existe nas organizações esta possibilidade em tempos de crise? O gerente que se foi, a agência que trocamos, será que tem a volta no mundo corporativo? O estilo do líder é que vai dizer.
Com certeza vamos enfrentar tempestade em 2016 e, para tal, nossa preparação e o reflexo disso nas nossas estratégias de marketing, serão fundamentais. Queremos subir o Everest (metas de 2016), mas vamos abandonar alguém pelo caminho? Vamos fazer “tudo certinho” ou vamos de “deixa comigo”? Queremos tomar as decisões que precisam ser tomadas agora pelos sinais externos que estamos recebendo, mas depois nos arrepender e tentar recuperar o que deixamos para trás? Qual será o estilo necessário nestes momentos de tempestade à vista: Marte ou Everest?
Paulo Octavio P. de Almeida é vice-presidente da Reed Exhibitions
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