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Nasce o pago de graça

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Ponto de vista

Nasce o pago de graça


26 de abril de 2013 - 11h56

Ao abrir uma exceção para vídeos em seu paywall, The New York Times pôs em marcha muito mais que uma injeção de ânimo num formato de conteúdo campeão em atração e geração de audiência. Para o resto do mundo, que para e reflete sobre tudo o que o NYT faz, o jornal abriu uma estimulante fonte de novas receitas, cruciais para sustentar o jornalismo de qualidade. 

Pelo modelo do NYT, dois grandes anunciantes, Microsoft e Acura, patrocinam os vídeos, que deixam de ser contabilizados no limite de 10 acessos livres a notícias por mês antes de ser exigida uma assinatura paga. Ou seja, o NYT está popularizando na indústria da comunicação o conceito de "grátis pago", pelo qual alguém paga para outro desfrutar gratuitamente de algum conteúdo de alto valor.

O modelo é bom para todos os lados. Ganham os leitores, ganha o jornal e ganham duplamente os anunciantes – pela exposição na plataforma em si, mas em particular pelo afago nos consumidores que assim podem acessar sem custo um conteúdo atraente. Em última análise, criou-se um modelo empresarial de oferecer a potenciais clientes brindes e cortesias em quantidade infinita, sem despesas adicionais para o Departamento de Marketing.

A iniciativa é mais um passo nas novas e promissoras oportunidades comerciais que estão se abrindo com a maciça adesão dos jornais a sistemas de cobrança digital. A mais surpreendente, até agora, é o aprofundamento da navegação nos sites pagos. Ao mesmo tempo em que o sistema poroso preserva a imensa maioria da audiência grátis, as experiências até agora mostram crescente engajamento de assinantes, um fenômeno compreensível pela percepção de que “se eu pago, quero fazer valer a pena meu dinheiro”.

No mundo e no Brasil, a polêmica sobre paywalls vem perdendo força. Já quase não se discute se os jornais vão passar a cobrar ou não, mas sim quando, em que modelo e a que preço. Informação de primeira linha tem custo (crescente), que, como demonstra agora o NYT, não precisa ser necessariamente bancada pelo público.

Marcelo Rech é diretor executivo de jornalismo do Grupo RBS
 

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