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Ponto de vista

Sintomas & Redomas

Para Geraldo Leite, a rede social floresceu e, como se carregassem antenas, as pessoas passaram a falar sem parar ? inclusive de coisas que deveriam ficar quietas


13 de abril de 2014 - 11h24

Não sou dos mais ligados e conectados, mas adoro ver como as pessoas, coisas e o próprio mercado vão se adaptando aos novos tempos.

A evolução do celular o transformou numa extensão da nossa boca, dos nossos olhos, do nosso corpo.

A mídia digital também foi comendo pelas beiradas, chegando primeiro pela academia, pelos mais jovens, mais ricos, até chegar a uma enorme parcela dos brasileiros. Pode ainda não ser tão grande e variada para a totalidade dos brasileiros, mas a cada dia avança incrivelmente.

Nesse processo ninguém morreu na mídia – exceto se enfartou numa agencia ou veículo de comunicação – mas todos tiveram que se readaptar: alguns meios de comunicação ficaram asmáticos, outros, na redoma, apáticos, mas muitos surfaram na nova onda e já estão por aí soltinhos, até com mais gás que no passado.

Pense na mídia fora de casa. Uma solução desde a era das cavernas… só que não é mais só estática. Virou chique: Out-of-Home. E em todos os tipos de “out” que a gente pode pensar: elevadores, supermercados, ônibus, metrô, aeroportos, academias… agora dá para falar com pessoas específicas, não só em locais não usuais, como até em certo “mood” ou estado de espírito.

Pegue o rádio: antiquíssimo como mídia de massa, mas com os novos “features” que a internet proporciona, traz imagens, interatividade, diversidade (mais ainda), não tem mais barreiras geográficas e é sempre uma alternativa. Até para fugir da propaganda.

Nós já éramos fortes em TV, principalmente na “aberta” que domina o mercado, mas veio (e não para de crescer) a TV por assinatura, que começa a ocupar o papel de “branding” que era das Revistas, mas que também compete em parte com o OOH, quando esse leva a imagem ou a informação para fora do lar.

A mais incomodada (e não necessariamente acomodada) é a mídia impressa e é quase natural, pois funções que ela sempre cumpria estão sendo exercidas no todo, em parte ou em um novo desenho, por outros meios e haja adaptação dos players do setor. Mas ela não para de mudar.

Aquela ideia da informação que em um tempo regular era compactada (dia, semana ou mês), passou a ser contínua. O que não necessariamente foi uma coisa boa, pois passamos a contar com boatos e conclusões precipitadas, a competir no mesmo espaço com as supostas “verdades” dos fatos.

A mídia impressa também ganhou extensões e formas de acompanhamento muito mais dinâmicas (mobile, tablets, etc), o problema é que no bojo veio uma concorrência muito maior do que ela tinha no passado.

A função da mídia impressa, como a do jornalismo, continua fundamental; a regra de sobrevivência é que não está clara. O dilema é semelhante ao que o mercado de música passou e que encontrou uma nova solução no mundo digital.

A rede social floresceu e nós, como se carregássemos antenas (e não é que carregamos?), passamos a nos comunicar diretamente, falar sem parar (inclusive de coisas que devíamos ficar quietos), pensando alto de fato e ouvindo muita besteira também…

A mídia praticada nas agências também não para de se adaptar. É o perfil dos profissionais, a rapidez das respostas, uma visão maior do todo, a sintonia internacional, a adaptação frente à resposta do público, uma aproximação do conteúdo…

Hoje mesmo caiu uma nova ficha para mim de um conceito que não é mais cabível no mundo digital, mas que pode ser adaptado. Falo de colocações privilegiadas em revistas, por exemplo, como as dos anúncios nas capas: 4ª, 3ª e 2ª.

Não é que eu fui olhar como a Veja trabalha nas edições digitais e eles, coerentemente (e criativamente), após manter a função da 2ª capa, colocam por ordem, antes de iniciar o conteúdo da edição, a 4ª capa e, depois a 3ª capa.
Que outros bons exemplos de adaptação estão sendo praticados por aí e que a gente nem consegue enxergar?

 

Geraldo Leite (geleite@sing.com.br), sócio – diretor da Singular, Arquitetura de Mídia

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