Assinar

O CEO que desbancou o conselho da empresa de bilhões

Buscar

O CEO que desbancou o conselho da empresa de bilhões

Buscar
Publicidade
Opinião

O CEO que desbancou o conselho da empresa de bilhões

Entenda por que ter vários líderes com a habilidade de comunicação, como a de Sam Altman, da OpenAI (Chat GPT), é estratégico para a saúde do negócio


19 de dezembro de 2023 - 15h23

Imagine 95% dos funcionários da sua empresa se mobilizarem por sua causa para desbancar todo o conselho de uma empresa de US$ 86 bilhões. Sam Altman, CEO/cofundador da OpenAI – empresa criadora do ChatGPT, conseguiu essa proeza. Ele domina a habilidade nº 1: a comunicação.

Por outro lado, uma situação assim é o pesadelo para o board de qualquer companhia, afinal, impacta na reputação, credibilidade, clima organizacional, retenção de talentos e principalmente, pode afetar a saúde dos negócios.
O estopim foi a demissão repentina de Sam feita por membros do conselho da empresa em uma videochamada de 10 minutos. De imediato ele teve todos os seus acessos bloqueados.

O desenrolar da novela e a sequência de decisões malucas do conselho da empresa nos trazem vários insights sobre a importância da habilidade de comunicação para a alta liderança e o quanto é estratégico para a empresa apoiar os executivos no desenvolvimento dessa competência essencial para a saúde dos negócios.

Comprometimento & inspiração

O primeiro aprendizado é como a habilidade de comunicação é um diferencial competitivo para cultivar o comprometimento e inspirar os colaboradores. Você é capaz de influenciar e se conectar com as pessoas a ponto de elas assumirem riscos? Sam Altman sim e prova disso é a carta em que 95% dos colaboradores da OpenAI pediram retorno do CEO. Imagine 730 funcionários (de um total de 770) exigindo a sua volta e que todos do conselho renunciem, os acusando de boicote à empresa. Caso contrário, ameaçaram pedir demissão em massa para irem todos trabalhar na Microsoft.

Construir elos de confiança e incutir nas pessoas a paixão pelo negócio é essencial. Em entrevista ao site Entrepreneur Midwest há alguns meses, Sam afirmou que ser persuasivo é fundamental para “catequizar” as pessoas sobre a missão e propósito da empresa. Sem dúvida, fez isso com excelência. Ele levou a sério sua habilidade de comunicação e a capacidade de atuar como líder influente; incutiu na mente e no coração da equipe a razão de estarem ali, conquistou a confiança, “catequizou” de modo intencional para disseminar sua visão e estratégia do negócio.

Mesmo após a demissão repentina, ele continuou a potencializar ainda mais sua influência na condução, por exemplo, das negociações com a Microsoft e ao expor de modo estratégico também as preocupações do público em geral sobre a segurança da AI. Acredite, a reviravolta na história e o desfecho favorável a ele, aos funcionários e investidores, não foi um golpe de sorte, mas fruto da sua comunicação intencional e uma narrativa estratégica.

Diferença de gerações & comunicação

Outro aprendizado importante é que existe também uma diferença de gerações no contexto de trabalho. O board é composto por profissionais da geração X e Y, mais focadas em resultado, reconhecimento e que parecem acreditar no modelo de gestão top down (as decisões de toda a empresa são feitas somente pela liderança, no topo). Por outro lado, tem-se uma empresa em que a maioria dos funcionários parte da geração Z, que valoriza o propósito, são movidos pelo desejo de fazer a diferença e nativos do mundo digital.

Ser um líder influente passa por fomentar o trabalho colaborativo, saber ouvir a equipe, controlar sua própria personalidade e ser empático para extrair dos conflitos e diferenças oportunidades para o negócio. Tudo isso só é possível por meio de uma comunicação intencional, fluente e objetiva.

Adequação & planejamento

O terceiro insight que essa história nos traz é, justamente, o contraexemplo. O quanto a falta de estratégia de comunicação na condução de uma apresentação, que a princípio parecia simples (apenas 10 minutos para uma videoconferência e a demissão), quase arruinou a reputação e operação da empresa. Será que o board estava conectado ou mantinha comunicação próxima ao staff (executivos e funcionários)? Será que alguém pensou nas possíveis reações imediatas de Sam e impactos que isso poderia gerar sobre o negócio? Ninguém imaginou que ele acionaria o seu networking, como por exemplo, o relacionamento com Satya Nadella, CEO da Microsoft? A demissão abrupta do Sam Altman expôs o controle administrativo e a governança da OpenAI. A instabilidade surpreendeu investidores, parceiros e claro, os próprios funcionários.

Aliás, faltou refletir também sobre as reações dos colaboradores e o desconhecimento do poder de influência do CEO sobre as equipes. Nessa história, Sam pareceu ter construído uma comunidade engajada e leal. O conselho falhou por desconhecer o público interno e não prever as resistências que poderiam vir à tona após a demissão de um líder tão importante.

É estratégico investir no desenvolvimento da comunicação de líderes, porque à medida que eles crescem, os desafios aumentam na mesma proporção. A visibilidade e impacto das apresentações e da fala da alta liderança podem gerar prejuízos bilionários ou abrir um portal de oportunidades.

A comunicação impacta negócios

A má comunicação com e entre funcionários, gera prejuízo médio de 62,4 milhões de dólares por ano, de acordo com a pesquisa The Cost of Poor Communications em empresas de grande porte norte-americanas.

O mercado em parte já tem consciência da importância de investir no desenvolvimento dos colaboradores. Dentre os 3 temas que são prioridades dentro das grandes empresas, a comunicação aparece em 1º lugar no setor de serviços e em 2º no setor indústria, ao lado de temas como atendimento ao cliente e saúde mental, de acordo com estudo ABTD 2023.

Nesse sentido, os C-level e os profissionais das áreas de RH, Comunicação e Marketing tem papel essencial no fomento interno para o desenvolvimento da habilidade de comunicação de suas equipes.

Você já parou para pensar no impacto que seria se houvesse outros líderes na Open.AI com o mesmo poder de persuasão e influência de Sam Altman do outro lado da história? Ouso dizer que a história teria sido outra.

O desfecho

Final feliz? Somente para quem sabe se comunicar de um jeito magnético. Sam Altman voltou a ser CEO da OpenAI recentemente. O conselho em parte renunciou, já tem novos integrantes e a parceria com a Microsoft está fortalecida.

É estratégico investir no desenvolvimento da habilidade de comunicação da liderança para que saibam mitigar os riscos, falar com clareza e confiança. É vital para a empresa ter múltiplos líderes influentes, alinhados ao objetivo da empresa, e claro, focados na perenidade e crescimento do negócio.

Publicidade

Compartilhe

Veja também

  • Influenciador não é só mídia

    Será que as marcas estão trabalhando marketing de influência da maneira correta?

  • Momento certo, pessoa certa e lugar certo

    Quando se planeja a mídia com base no comportamento real do consumidor, a conexão se torna mais autêntica e eficaz