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Cartões de crédito … Kodak. Bancos … Blockbuster. Indústria Financeira … Detroit.
A indústria financeira está sendo disrompida, mas pelo menos até onde conseguimos exergar, não parece muito preocupada com isso.
Cartões de crédito … Kodak. Bancos … Blockbuster. Indústria Financeira … Detroit.
BuscarCartões de crédito … Kodak. Bancos … Blockbuster. Indústria Financeira … Detroit.
BuscarA indústria financeira está sendo disrompida, mas pelo menos até onde conseguimos exergar, não parece muito preocupada com isso.
Pyr Marcondes
11 de dezembro de 2016 - 10h18
Durante seu Fórum Anual de Inovação para a América Latina e o Caribe, a Mastercard anunciou o lançamento regional do Identity Check Mobile, uma nova solução para autenticação de pagamentos que utiliza a biometria, incluindo impressão digital e reconhecimento facial, para verificar a identidade do portador do cartão, simplificando as compras online. O Identity Check Mobile chega ao Brasil e ao México após a bem-sucedida implementação em outros 14 países.
É uma feature bem legalzinha e cuti-cuti, mas fico aqui me perguntando se diante das transformações por que passa e vai passar todo o setor financeiro nos próximos anos, se é isso mesmo que os cartões de crédito e os bancos deveriam estar olhando. Features legalzinhas e cuti-cuti.
Uma amiga minha ex-alta patente do mundo dos cartões de crédito costuma dizer que o setor em que atuava, para parecer muderno, faz como aquelas velhas senhoras … usa uma sainha mais curta.
Não vai adiantar o setor de cartões maquiar a aparência imaginando que isso basta, o mesmo servindo para os bancos.
O mundo fintech está comendo ambas as indústrias pelas bordas e o que está em jogo é a continuidade ou não do mundo financeiro como o conhecemos. Biometria? Tudo bem, mas é só isso mesmo o que temos para o momento?
O fim do dinheiro
Só para começar, bom ter em mente o seguinte: o dinheiro vai acabar. E depois disso, muitas novas moedas vão surgir.
Virá um mundo em que todas as transações financeiras e comerciais que conhecemos serão feitas sem o uso do dinheiro, mas através de formas interativas de trocas e transações sobre plataformas digitalmente habilitadas.
Temos uma vaga ideia do que isso poderá vir a ser quando olhamos para a explosão mundial de serviços financeiros digitais como o PayPal, Apple Play, Square e Google Wallet, entre vários outros.
Mas esse é ainda um estágio inicial para uma evolução bastante mais radical, que coloca em perspectiva a possibilidade de que várias moedas “não-oficiais” comecem a aparecer. Em verdade, elas já começaram a aparecer.
Na Grécia já existe o TEM, uma moeda alternativa ao oficial Demi, utilizado na cidade de Volos. Todos os habitantes da cidade fazem suas transações usando TEM, aceitos em todos os estabelecimentos comerciais e até em pagamentos entre as pessoas. É uma moeda virtual.
Na Suiça, o País mais avançado na eliminação do dinheiro como moeda, a população se habitou a usar o Swish, um aplicativo para celular que se suporta sobre um sistema digital de intermediação das transações e que também é aceito, como o TEM, em pagamentos interpessoais. As operações são feitas – e avaliadas – pelo sistema bancário suíço em tempo real. Basta que se tenha em mãos um número de celular. Até mesmo a ínfima parte da população carente suíça, não bancarizada, pode usar o Switch para, por exemplo, vender revistas velhas na rua. O que de fato acontece nas ruas de Estocolmo.
Na Suiça, apenas 20% das transações são hoje feitas com dinheiro. Mais da metade dos bancos suíços não tem mais nenhuma nota de papel moeda em seus cofres ou caixas. Quando alguém chega com cash para depositar em um banco por lá, o caixa é orientado a perguntar porque está usando papel: a suspeita é tratar-se de alguém envolvido em alguma transação ilícita de lavagem de dinheiro.
Em função dessa nova ordem financeira, os bancos suíços hoje inclusive limitam as transações e depósitos em dinheiro vivo.
Na Noruega, o NB, maior banco do País, entrou oficialmente na luta por uma sociedade sem dinheiro, adotando práticas e policies inspiradas nas da Suiça.
Nos Estados Unidos, cerca de 55% das transações não usam mais cash e essa taxa deverá crescer exponencialmente nos próximos anos.
Lá também, em Março passado, foi instituída uma plataforma ainda provisoriamente chamada clearXchange, que equivale ao Switch. Essa novidade está sendo interpretada por estudiosos como um dos aceleradores para a extinção definitiva do dinheiro físico no País.
Na verdade, estamos diante de um fenômeno que deverá se globalizar nos próximos 5 anos. São dezenas de países hoje experimentando e aplicando uma nova lógica monetária, fundamentadas sempre em plataformas tecnológicas digitais.
Nossos bancos por aqui e os cartões de crédito que operam no País estão prontos para uma transformação dessa magnitude? Não estou vendo, mas deve ser má informação minha, certamente.
Blockchain: e aí?
Para citar aqui um trecho do artigo de Omarson Costa, colaborador de ProXXIma, cujo título é “Blockchain e por que seu banco nunca mais será o mesmo”: “Estamos começando a testemunhar o nascimento de novos modelos que dispensam a regulamentação de um Banco Central e a intermediação dos bancos, até aqui atores com um enorme poder e controle sobre o secular sistema financeiro. A mãe desta revolução atende pelo nome de blockchain, considerada por analistas como a tecnologia mais disruptiva depois da criação da Internet, a invenção cantada em prosa e verso como aquela que irá causar um tsunami na ordem financeira mundial, trazendo para nuvem um ativo intangível, mas até hoje determinante para manter os bancos como os principais guardiões das nossas vidas financeiras: a confiança. Com a estruturação de grandes redes distribuídas de computadores que assumem as funções de validar e certificar, em ambientes criptografados invioláveis, as remessas de recursos entre pessoas e negócios, as casas bancárias e câmaras de compensação deixam de ser os únicos veículos seguros, com credibilidade para efetuar pagamentos e até mesmo emitir e colocar moedas na praça, que serão substituídas por moedas eletrônicas ou outras não lastreadas, como a precursora Bitcoin”.
Nossos bancos fazem campanhas memoráveis com velhinhas simpáticas e dão a maior força ao nosso esporte olímpico. Muito bom mesmo.
Mas só eu e o Omarson estamos vendo o tsunami?
Cartões de crédito me lembram a Kodak. Bancos me lembram a Blockbuster. E todo esse aparente descaso da indústria financeira me lembra outra história gigante que desrespeitou a evolução tecnológica que batia a sua porta: a automobilística, de Detroit. Você tem passado por lá ultimamente? Dá um Google.
Mas o problema, sem dúvida, não são essas corporações bilionárias. O problema sou eu e minha desinformação. Como posso ser tão idiota.
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Na ótica macroeconômica, por outro lado, ela é bem mais poderosa e impactante do que normalmente se imagina