Blog do Pyr
Martin Sorrell admite temer Amazon. Mas por que?
As fronteiras entre negócios na nossa indústria estão sendo quebradas e uma operação de tecnologia como Amazon pode roubar receita direta de grupos de comunicação como WPP.
Martin Sorrell admite temer Amazon. Mas por que?
BuscarMartin Sorrell admite temer Amazon. Mas por que?
BuscarAs fronteiras entre negócios na nossa indústria estão sendo quebradas e uma operação de tecnologia como Amazon pode roubar receita direta de grupos de comunicação como WPP.
Pyr Marcondes
6 de março de 2017 - 10h21
Você deve ter lido na imprensa esses dias que Martin Sorrell, CEO do maior grupo de comunicação do mundo, o WPP, declarou ter receio da expansão da Amazon. Declarou isso na apresentação oficial de resultados do quarto trimestre de 2016 da companhia aos investidores.
E por que Sorrell temeria a Amazon, uma operação de tecnologia voltada ao e-commerce, um marketplace, um gigantesco operador de cloud e big data e agora também produtora de conteúdos e entretenimento ameaçando o líder Netflix, que em torno de tudo isso tem também uma operação de advertising, da qual WPP é já parceiro comercial?
Porque enfim ele temeria um player que não é uma agência e é uma excelente parceria comercial?
Porque ninguém é mais uma coisa só nesse mundo de Deus e porque ao deter dados e agora ser também uma operação de conteúdo, a Amazon passa a ter uma oferta de valor de apelo direto aos grandes anunciantes, sem que necessariamente agências estejam envolvidas em seus negócios.
Google e Facebook já fazem isso e esses dois Sorrell chama de “frenemies”, um acrônimo em inglês que une as palavras “friend” e “enemy”. Quer dizer, amigos quando geram para o WPP receita via veiculação publicitária, inimigos porque sempre que podem, internacionalmente, abordam diretamente os clientes, com suas propostas de valor muitas vezes matadoras.
Essas duas operações, como se sabe, detém mais de 80% da receita publicitária internacional do mundo digital e nem de longe tudo isso é autorizado por agências.
Amazon entra nessa briga agora tendo como alguma eventual vantagem o fato de que nos outros dois ambientes, as pessoas ou estão procurando algo ou estão trocando ideias sobre alguma coisa com seus amigos. No ambiente da Amazon as pessoas estão ali para comprar. Ela gera receita direta para quem vende, ou seja, para os anunciantes que têm suas contas trabalhadas pelo WPP. Um player de fato preocupante para Google e Facebook e também para os grandes grupos de agências de propaganda.
Curioso ressaltar que o WPP é sócio investidor da Vice. E o que é a Vice? Uma plataforma de conteúdo, um publisher. Igualmente relevante e crescente no ambiente de comunicação e mídia mundial.
Tempos atrás, imaginar que um grupo de agências seria acionista de um veículo seria maluquice. Hoje não é mais, porque as fronteiras de negócios estão sendo quebradas.
Como você deve ter acompanhado na cobertura que o grupo M&M fez do recém terminado Mobile World Congress, agora as empresas de telecom também vão entrar nesse jogo.
Mais preocupações para Sir Martin Sorrell? Talvez.
Mas se os grupos de comunicação conseguirem também eles quebrar barreiras e entrar no jogo da tecnologia pesada, da distribuição de mídia e conteúdo e das plataformas de interação digital, não para autorizar anúncios, mas para operar essas plataformas, o jogo também para eles pode mudar.
Impossível? De jeito algum.
Nada mais neste negócio se tornou impossível.
Veja também
IAB cria regras para in-game ads e isso muda completamente o jogo
A expectativa é que o aumento da transparência deverá estimular ainda mais anunciantes a apostarem fichas no mundo dos games
Propaganda anaboliza economia nos EUA e segue sendo indústria da prosperidade
Na ótica macroeconômica, por outro lado, ela é bem mais poderosa e impactante do que normalmente se imagina