Pyr Marcondes
2 de janeiro de 2018 - 8h59
Muito menos do que tememos, temos de fato a temer Temer. Ou o Governo. Ou o Estado.
Depende estritamente de nós o quando essas instituições, verdadeiramente, devem ou não influenciar nossas decisões.
Senão, vejamos:
A Bolsa – As bolsas de valores de todo o mundo lidam com duas realidades: a concreta dos fatos, negócios e números e a outra, emocionalmente especulativa. Puro vapor. Nada é mais volátil e vulnerável a um boato, uma fofoca de mercado e a cenários econômico-financeiros imprecisamente incertos do que as bolsas. Isso é assim desde que Bolsa é Bolsa. E não vai mudar. Quando os analistas de bolsa de plantão analisam a potencialidade da nossa economia olhando para o Temer, temem. Tremem. Não estou falando da Reforma da Previdência. Estou falando do espírito da Bolsa, esse espírito covarde e altamente fluído, que Teme sua própria sombra. Quanto isso tem a ver, de verdade, com a economia real e a sua empresa? Rigorosamente, muito pouco. Para a maior parte das empresas do País, que nem tem ação em Bolsa, picas. Nadinha mesmo. A não ser pelo espírito malévolo da Bolsa. Buuuuu! Ai que meda! Todo o sistema econômico treme e teme os efeitos do Governo Temer sobre a Bolsa, mas isso nada tem a ver com as vendas reais e o comportamento real das empresas no mercado. A não ser que as empresas assim o desejem. As empresas temem, tremem e Temem. Temer ganha muito mais relevância e poder do que deveria e, de fato, tem. Depende de nós.
Os investimentos da sua companhia – Uma parte desse tema já está abordado aí acima. Mas dá para ir um pouco mais fundo e falar, em vez da Bolsa, mais especificamente do mundo corporativo mesmo. O seu e o meu. No último trimestre do ano passado vimos uma leve retomada dos investimentos econômicos, algo que se refletiu inclusive na nossa indústria de marketing e comunicação. Isso teve a ver com uma mudança profunda de hábitos do consumidor? Hummmm, médio. Não muito. Teve a ver com indicadores econômicos pujantes e seguros de retomada econômica? Não, até porque não aconteceu nada de fato relevantemente positivo na Economia. A Reforma da Previdência, ao contrário, foi adiada. A atitude mais correta seria suicídio em massa de todos nós, certo? Já que tanto depende dela. Tipo, crash de 29. Seria coerente. Mas não. Os executivos e empresários das corporações decidiram apostar. Cada qual pelas suas próprias razões, mas no conjunto, todos se lixaram para o Temer e não temeram retomar seus investimentos. A retomada se deu graças a decisões estratégicas empresariais que se basearam menos nesses indicadores e mais na constatação de que não dá para ficar parado eternamente e que é preciso se mexer, para movimentar o mercado e as vendas.
Os investimentos em Marketing – Vou chover muuuuito no molhado aqui, citar clichês velhos de tanto uso, repetir-me e repetir outros que vieram antes de mim, muito mais sábios do que eu. Mas não vou Temer e vou correr esse risco. Investimentos de marketing são um dos melhores e eficazes antídotos contra o Temer. O ano de 2018 começa sob a égide da incerteza, não nos enganemos. Pode ser eleito um Presidente que mude tudo. Aliás, qualquer Presidente que se eleja, deve mesmo e de fato mudar muita coisa. Pode ou não ser aprovada a Reforma da Previdência. Pois dane-se! O mercado está lá. Segue lá. Seu consumidor segue consumindo. Em outro ritmo, talvez? Pode ser. Tivemos já momentos melhores? Certamente. E aí, você faz o que, coração. Teme? Treme? Se caga todo? E reprime suas verbas de marketing? JUSTO AS SUAS VERBAS DE MARKETING? Aquelas que, faça chuva ou faça sol, se minimamente bem administradas, vão gerar novas vendas para sua companhia? Não faz nenhum sentido. E essa decisão é sua, só sua. Não tem nada a ver com mais ninguém.
É possível não temer. É possível para o mundo corporativo tomar para si as regras de seus próprios negócios. E de seu próprio destino.
E pau no cú do Temer!