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Porque copiar dá ruim

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8 de agosto de 2016 - 10h15

Você já viu o Uber das Motos dar certo? Nem vai ver. Você já viu qualquer cópia do Google, Amazon, Facebook dar certo? Nem vai ver.

Não existe essa coisa tipo … “uma indústria colaborativa como a do AirBnB …”. Não existe uma indústria do AirBnB. Existe o AirBnB.

O êxito não é clonável. Nem na vida, nem no mundo corporativo. Modelos de negócio disruptivos não admitem cópia. Ou não seriam disruptivos. Tá certo, o Instagram copiou o Snapchat, mas o Instagram era já o Instagram.

A exceção nunca será a regra.

O conjunto de circunstâncias que tornou a Apple um ícone da quebra de paradigmas não se reproduz em linhas de produção. Cada segundo da vida do Steve Jobs contribuiu para que ele fosse Steve Jobs. Vai ser Steve Jobs. Tenta aê.

Posso garantir que o êxito dos grandes negócios de hoje, como os do futuro, não está na reprodução de modelos de sucesso, mas na construção de algo verdadeiramente único. Senão, vejamos.

Um livro que você deveria ler para se inspirar sobre esse tema é um que não tem um cacete a ver com esse tema. Ele se chama “The Accidental Universe – The world you thought you knew”, do cientista do MIT Alan Lightman. É uma obra sobre muitas coisas da ciência e do Universo, mas o capítulo que nos caberia aqui é o que ele nos faz compreender que a Terra e todos nós, seus desavisados habitantes, só existimos e sobrevivemos em razão de um conjunto complexo de circunstâncias muito particulares de tempo e espaço. Gases e massas de átomos engendraram uma urdidura de vida inédita. Em relação a nossa posição no Universo, um pouquinho pra lá, queimaríamos vivos. Um pouquinho pra cá, viraríamos sorvete. Nosso Planeta é único e no seu jeitinho intergaláctico de ser, irreproduzível.

Não é que seja assim uma existência totalmente aleatória, mas tão pouco cientificamente previsível ou facilmente dedutível, tipo A + B. Trata-se de um fenômeno único, que no campo do conhecimento humano dominado até hoje, Newton e Einstein inclusos, é quase difícil de explicar. Na verdade, a ciência explica porque não derretemos ou congelamos, mas não consegue explicar porque viemos parar aqui onde estamos.

Por essa situação, ao que se saiba inédita e sem par, seria altamente improvável, mesmo imaginando a infinitude do Cosmos, que o desenvolvimento de vida como ela ocorre na Terra seja replicável em outro lugar. Pode até ter água e bactérias semelhantes às que nos deram origem aqui vagando ao Deus dará em algum outro Planeta anos luz de nós, mas vida como a que se desenvolveu neste canto da Galáxia, muito difícil. Diz ele.
Bom, e o que isso tem a ver com as empresas e os negócios genialmente originais e não replicáveis? Tá viajando no espaço sideral, Pyr Marcondes? Fumô?

Tem a ver porque o princípio de tudo isso é exatamente o mesmo. Seu negócio só vai ser genial se for único e originalmente pertinente ao seu próprio e genuíno e irreplicável espaço e tempo. Seguir rastros é uma estratégia meia bomba que pode render até um troco fugaz, mas não terá valor sustentável no Cosmos corporativo. Seguir não é liderar. Rastejar na vala das soluções comuns, porque conhecidas, é coisa de cepas de bactérias menores, perdidas na Universo da comoditização.

É daí? É daí que, primeiro e humildemente, admire quem chegou lá, em vez de desdenhar. Há quem imagine que criticar funcione como uma espécie de mandato de apropriação indébita. Você critica o Facebook e vira melhor que o Zukerberg, sacou? Como é que o Zuka não percebeu a sua tão brilhante percepção, minha gente! Criticando gênios, o gênio passa a ser você, percebe?

Só que não. Olhe sua conta no banco. O certo é muito pelo contrário.

Celebre a originalidade e, para se provar um filho dileto desta Terra sem par na Via Láctea, crie algo de fato novo e da sua caxola, deixando a caxola do Zuka, Jobs, Brin e outros em paz. Não recrie um Uber, faça o seu, diferente do deles. Não acredite que ler livros de líderes e gênios te transforme num igual. Não seja o rei ou a rainha do copycat, saia da caixa e seja inquieto o suficiente para criar vida em Marte, como por exemplo o Elon Musk quer fazer.

O Washington Olivetto costumava dizer que na categoria Washington Olivetto ele é o melhor Washington Olivetto de todos.

É isso! Se você for único, será único. Simples assim.

O mundo dos negócios, notadamente na Terra, e mais notadamente ainda neste pedaço de terra que nos foi dado nascer, precisa muito, muito disso. Não nos desaponte. Faça a melhor versão de si mesmo e as chances de ser original de verdade se multiplicarão celestialmente.

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