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Blog do Pyr

Porque somos (mais) canalhas na Internet?

Revelamos na internet nosso lado mais vil com intensidade e profundidade inéditas, se comparado com nosso desempenho escroto off-line (porque também somos escrotos off-line, bom registrar). Há para isso uma primeira razão óbvia, que são duas: a virtualidade é cúmplice da impunidade e o digital acoberta o incógnito. Oba!


22 de março de 2018 - 9h00

 

O corpo social, quando online, tende a ser mais canalha do que na vida cotidiana fora das redes.

Revelamos na internet nosso lado mais vil com intensidade e profundidade inéditas, se comparado com nosso desempenho escroto off-line (porque também somos escrotos off-line, bom registrar).

Há para isso uma primeira razão óbvia, que são duas: a virtualidade é cúmplice da impunidade e o digital acoberta o incógnito. Oba!

Mas não é só isso.

Como raciocina Zygmunt Bauman, as relações virtuais são essencialmente efêmeras. É sua natureza. Os compromissos no ambiente remoto são irrelevantes. Online, somos uma sociedade supérflua, por maior que seja o impacto bastante real que nossas atitudes digitais tenham sobre a nossa vida bem concreta, aqui fora. As eleições nos EUA e o caso Marielle são só dois tristes exemplos dessa nossa nova realidade fluida. E canalha.

Por fugazes, podemos tudo e qualquer coisa no digital.

As eleições se aproximam e veremos, com uma voracidade que jamais experimentamos antes no Brasil, nossa persona digital infame aflorar em toda a sua exuberância. Seremos mais canalhas do nunca.

Posto que todo canalha é um cínico e que a internet é um covil, seremos ladrões virtuais da nossa dignidade social e de nossa integridade moral. Aguarde e verás.

Muitos de nós vamos nos rir disso, aliás, felizões.

Na internet, somos mais canalhas por tudo isso, mas a internet não forja mais canalhas. Apenas os acoberta melhor e eles espocam à pândega, milho virando pipocas.

Assim, no espelho digital de nós mesmos, descobrimos virtualmente o que já intuíamos off-line: as sociedades humanas são ampla e generosamente imperfeitas. Essa é sua essência primitiva original e assim fomos constituídos. É DNA.

Mas sermos complacentes não me parece uma opção. É uma praga, mas não pode virar uma maldição.

Somos e seremos, igualmente, vigorosos guardiões da integridade sempre que quisermos. Temos também esse cromossomo.

Ao nosso alcance está, portanto, a talvez maior decisão dos homens de todos os tempos, no maior impasse social diante do qual jamais estivemos, globalmente.

Isso quer dizer que sua atitude – a sua mesmo – conta como nunca contou.

Esconder-se agora é sempre uma alternativa possível.

Vai escolher o quê?

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