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A cultura das grandes empresas precisa mudar

Com raras exceções, entendo que as grandes empresas estão com suas culturas envelhecidas, doentes e descontextualizadas


22 de novembro de 2016 - 10h22

Ernesto Guimarães Villela, CEO da Enox

 

Nos 11 últimos anos tive o privilégio de interagir e de aprender com as áreas de negócio de mais de 200 empresas líderes dos setores mais dinâmicos da economia. Cosméticos, bebidas, alimentos, telecom, eletroeletrônico, tecnologia, mídia, publicidade, internet, automóveis e, principalmente varejo, foram alguns dos segmentos que tive a sorte de me relacionar intensamente na busca de pensamentos inovadores de “go to market” e de “acesso e engajamento do consumidor”. Apesar da força das marcas que convivi, do tamanho das empresas e da qualidade dos profissionais que trabalhei, uma coisa comum a todas elas me chamou muita atenção.

Com raras exceções, entendo que as grandes empresas estão com suas culturas envelhecidas, doentes e descontextualizadas. É como se elas estivessem numa festa de música eletrônica dançando valsa de gravata borboleta no meio da pista. Simplesmente não combina com o contexto do mundo atual! Hoje, a cultura dessas empresas está atolada em burocracia, em processos internos sem sentido, na tomada lenta de decisão, na insensibilidade de gerar valor para as pessoas que pertencem ao seu ecossistema, sem contar o excessivo jogo da politicagem que impera nos níveis superiores.

Se de um lado essas são as características comuns da cultura da maioria das grandes empresas, na outra ponta, é nítida a falta de simplicidade nas coisas, de transparência nas relações e de incentivo à tomada de risco como o melhor caminho para a evolução. O diferente precisa ser abraçado, a alma do empreendedorismo cultivada e o compartilhamento de valor com as pessoas e com a sociedade precisa ser autêntico. O bem precisa ser feito acima de tudo e de todos. Infelizmente, ou felizmente, o mundo mudou, o consumidor mudou, os valores mudaram e a maioria das grandes empresas não conseguiram ajustar sua cultura para uma versão 2.0, mais moderna, mais agilizada e mais humana.

O que se percebe é que faltam conceitos, metodologias e atitudes fundamentais capazes de oxigenar culturas centenárias que simplesmente saíram de moda. Se essas empresas acham que o maior problema que elas enfrentam no Brasil é a crise, sinto informar que isso não é verdade. Com culturas ultrapassadas, como reter talentos? Como ser relevante para o consumidor e conquistar sua admiração com mesma fórmula de marketing? Como gerar valor para a sociedade e perpetuar o negócio de forma sustentável? A solução está na incorporação de novos “ships” ao sistema. Ships que venham carregados com “entrepreneur-ship”, “owner-ship”, “sponsor-ship”, “friend-ship” e outros “ships” programados para promover a mudança rapidamente, para construir um futuro melhor, para incentivar o risco de fazer diferente, sem que o erro seja tratado como o fim da linha, mas como o começo de uma transformação necessária. Sem esses “ships de oxigênio”, o falecimento da cultura dessas empresas é uma questão de tempo. Tic-tac!

Se concorda ou discorda, por favor coloque seu ponto de vista nos comentários…

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