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A (im)previsibilidade do futuro dos negócios e o dualismo da inovação
Empresas estão acostumadas com planejar para o hoje e importar tecnologia e ideias inovadoras de potências estrangeiras
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6 de junho de 2017 - 11h58
(*) Por Caroline Capitani
Se fosse realizada hoje uma pesquisa sobre a importância da inovação, com os executivos que comandam as médias e grandes companhias privadas do Brasil, acredito que dez em cada dez diriam considerar importante inovar. E, mais, ainda afirmariam que, em suas companhias, é um tema tão importante que é tratado em nível estratégico. A verdade é que muitos dirão que a inovação é uma questão de sobrevivência. Basta ler as principais revistas de negócios do País, em matérias com essas lideranças para identificar o quanto o tema é recorrente: inovação, inovação, inovação! Caberia, inclusive, um estudo sobre a proliferação do termo nas entrevistas e discursos do meio empresarial, não é?
Por que incorporar tecnologia estrangeira é o caminho mais natural? Será que não temos condições de sermos os líderes da mudança?
Mas, se o assunto está em pauta, se é considerado como importante para o crescimento e futuro das corporações, por que a maioria das empresas no Brasil ainda inova tão pouco? Por que incorporar tecnologia estrangeira é o caminho mais natural? Será que não temos condições de sermos os líderes da mudança? O que parece é que nós acabamos nos contentando em seguir as inovações externas e não nos tornarmos criadores.
Apesar das “n” justificativas para que isso aconteça, o que mais tem chamado a minha atenção é que, ao longo desses anos, encontrei dois perfis distintos: empresas que entendem que faz parte da inovação lidar com as incertezas, testes e erros e que não é possível de antemão ter a previsibilidade apurada do sucesso ou do ganho financeiro. E, do outro lado, uma série de organizações que não estão dispostas a correr riscos e que acreditam que para inovar precisam de garantias, com os planos e investimentos seguindo à risca o planejado, sem desvios de rota ou adaptações. Em muitos casos, a aprovação de uma iniciativa precisa vir acompanhada de uma grande defesa de retorno financeiro ou de economia, em um infindável plano de negócios, numa busca incessante da previsão ou certeza de algo. Mas o que já percebemos é que o imprevisível e a mudança de planos fazem parte da regra do jogo.
Diante dessa polarização da forma como as empresas encaram a inovação, sem dúvida, as que têm levado uma significativa vantagem são as dispostas a ousar e lidar com o imprevisível. Apesar de serem minoria, estão em crescimento, talvez pressionadas pelo receio de serem suplantadas no futuro, não tão longínquo, por não terem sido arrojadas o suficiente no presente. Empresas consolidadas no passado, como Kodak e Blockbuster, não tiveram a chance de voltar no tempo e rever suas estratégias, por exemplo. Hoje, o que restam são duas marcas que fizeram história e que estão servindo de estudo nos diversos cursos de MBA em gestão e inovação, sobre o preço que se paga por não inovar nos negócios. E quem quer ser um desses exemplos?
Todo executivo deveria dormir e acordar movido pelo desafio de levar a empresa para a frente, recriando o futuro dos seus negócios. Não garantir somente o hoje, onde a zona de conforto é convidativa e mais tranquila. O importante é engajar e mobilizar para criar o futuro e percorrer caminhos imprevisíveis com um objetivo único: buscar verdadeiramente a inovação. Não há nada mais contagiante do que uma liderança aberta aos ricos do desconhecido.
Em tempos nos quais ouvir o usuário é imprescindível, acreditar que o escopo se manterá inalterado até o final do projeto é, no mínimo, uma visão míope.
Há muito para ser mudado, especialmente no que diz respeito ao mindset. Da forma como as empresas estão organizadas ao exemplo de um departamento de compras orientado a preço, prazo e qualidade, dentro de um modelo de escopo fechado. Ou em como contratar serviços de inovação tecnológica, já que é preciso detalhar o funcionamento, a partir de um papel em branco, mesmo sabendo que terão mudanças. Em tempos nos quais ouvir o usuário é imprescindível, acreditar que o escopo se manterá inalterado até o final do projeto é, no mínimo, uma visão míope. O herdeiro e executivo da Ford Motor Company, Bill Ford, é um exemplo dessa mudança de comportamento e percepção de mercado: “ A indústria de carros vai se transformar numa indústria de software”. Como ele, muitos dizem que diversas empresas, dos mais diferentes setores, se tornarão empresas de software. É a transformação digital, que faz com que essa mudança seja muito necessária em todas as áreas.
A verdade que vejo no mercado é que muitos falam em inovação, mas poucos ainda a praticam de fato. As que já se abriram para esse novo momento certamente já conseguem ver ganhos em agilidade e na maior entrega de valor para o negócio, entre outros benefícios.
Para aqueles que querem liderar o futuro e não serem engolidos por uma possível startup – que surgiu para fazer seu produto ou serviço mais rápido, mais barato e melhor – lembre-se de que a inovação começa no presente. O professor e cientista Sérgio Meira já afirmou: “O futuro é a execução imperfeita do desconhecido, no presente”. Assim, estejamos ávidos por fazer a diferença hoje e encarar o imprevisível no presente! Inovar é lidar com a incerteza e é, sim, correr riscos.
(*) Caroline Capitani é gestora de marketing e inovação na Ilegra
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