Gustavo Luveira (*)
Escrevo isso com a playlist de “Descobertas da Semana” funcionando perfeitamente num streaming quase que terapêutico no ouvido. A mesma playlist que me fez descobrir, por exemplo, Rhye com o som macio de Count To Five. Fica a dica.
Estou falando de streaming, senhores. Isso já é mais comum do que parece. Nesse mundão de Deus, já são mais de 70 milhões de pessoas que pagam para descobrir coisas como a Time Is The Enemy que faz você se concentrar mesmo em meio ao caos – dessa vez encontrada na playlist seleta que leva o nome de: “Seu Astral” – aqui dou espaço para alguém imaginar porque raios eu dei um play numa playlist como essa entre outras centenas de playlists curiosas feitas amorosamente e separadas entre gêneros e momentos.
O número de pagantes assusta? Assusta. Os algoritmos, também? Também.
Mas o que me deixa mais encucado é o valor que uma empresa tão nova, com um serviço tão novo pode alcançar. O aplicativo de ícone verde, totalmente assimétrico está avaliado em USD 15 bilhões. Já pensou? Inclusive, já deixou o serviço do mestre Jobs no chinelo, com praticamente o dobro de tamanho da Apple Music em número de assinantes.
Spotlight. Spot..o que?
Poderia parar por aí, mas o careca Daniel Ek, CEO do Spotify faz jus ao time dos carecas, colocou a playlist “Para Treinar” e remou com força para continuar na onda do Streaming. Agora com o Spotlight o careca resolveu que, para conseguir mais alguns milhões de dólares e fazer a empresa ficar lucrativa de vez, vai se jogar na onda das notícias, cobertura política, entretenimento, música e acontecimentos do mundo todo. Aos assinantes pagantes, voilà!
Tudo isso com a ajuda de até então oito produtores, incluindo o outro gigante Buzzfeed do Jonah Peretti.
A união faz a força e trás notícias fresquinhas, também.
Notem o quanto isso pode mudar o meu, o seu, o nosso mercado. Imagina o que deve estar passando na cabeça do responsável pela Apple Music agora. Ou então, pela agência que atende a Apple Music. Claro, se ela estiver de fato pensando no Business do seu cliente e não no próximo filme bacanudo de Natal.
A música sempre vence. Até o bonitão Wilmot Reed Hastings Jr do Netflix precisa ficar atento, porque o streaming de música no início de 2017 já havia ultrapassado o número de assinantes do Netflix. Afinal, não existe filme sem trilha sonora. Tarantino entende bem disso, inclusive tem uma playlsit foda no Spotify.
Sério, até o YouTube precisa ficar atendo. Não duvido que esse streaming de música/notícias não evolua para algo também visual. Até contrataram recentemente um outro careca, só que dessa vez barbudo, que era responsável pelo conteúdo da Disney. Courtney Holt o cara é uma máquina de conteúdo e tem um CV cabuloso.
Mar calmo não faz bom marinheiro, não é mesmo? Então…
E se você, assim como eu, está pensando onde isso vai parar e de onde podemos tirar proveito, já é um bom começo. Para mim isso só reforça o poder que a música tem. Por isso, acredito muito em ações, campanhas ou seja lá o que for, quando são musicais.
A união entre música e o artista pode ter um alcance muito maior que qualquer meio “tradicional”. Essa união pode ter um alcance emocional e uma lembrança que nenhuma propaganda de margarina poderia ter. (Calma lá, uma coisa não elimina a outra).
Convenhamos, não quero considerar o Spotify uma evolução dos jingles, onde é possível escutar as campanhas que circulam no aplicativo em sua versão free. Considero essa união do streaming, cada vez maior em nosso Brazilzão, e a música, um zap difícil de encontrar. Daqueles que aparecem em nossa mão quando seu companheiro te faz sinal de copas e chacoalha os dois ombros para um sinal de 3 em dobro. “Deixa que o pé faz.”
Existe um fato nessa história. O mercado de música mudou por conta do streaming. O conteúdo mudou por conta dos streaming. As produtoras mudaram por conta desse universo que cresce em passos largos e nós, não vamos fazer nada com isso?
(*) Gustavo Luveira é Diretor de Novos Negócios e Relacionamento com Clientes da Peppery Comunicação.