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A transformação digital dá medo.

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A transformação digital dá medo.

Dizem que o medo paralisa mas estranhamente ele me mobiliza. Assim como não falar dele, é como jogá-lo debaixo do tapete sabendo que ele voltará com influencia redobrada. Para mim, o medo é como um balde de água gelada, é uma oportunidade de uma tomada de consciência e é a hora para repensar valores, condutas, redirecionar o futuro e enfrentar o novo.


31 de agosto de 2018 - 8h56

 

Por Mario Narita (*)

Há 2 anos, li o livro Organizações Exponenciais e meus cabelos ficaram de pé. Há 1 mês, estive no curso da Singularity e meus cabelos voltaram engomados de pé.

Explicita ou implicitamente, o recado de todas as aulas era que tudo esta virando de cabeça para baixo e rápido.

Sediado em uma antiga base da NASA, com 92 alunos, de diferentes idades, oriundos de 38 países e com posições de liderança nas industrias de educação, energia, comunicação, bancaria, transporte e outros; o curso instiga que como lideres, propaguemos que o pensamento exponencial transformará o mundo para melhor.

Sem dúvida, exemplos como a possibilidade da energia solar e eólica valer um centavo de KwH e que elas predominarão em 2028; que a vida se estenderá em 30 a 40 anos até 2036; que softwares criarão outros softwares independentemente do ser humano; que a inteligência artificial conseguirá prever um potencial criminoso com 85% de acerto através de imagens de rostos; que aparelhos manterão o coração batendo para sempre; que teremos nosso genoma mapeado através da saliva deixada uma esquecida xícara de café, sem necessariamente o nosso consentimento, são alguns exemplos de iniciativas que já estão em curso.

No nosso discurso final de “formatura”, todos os colegas transmitiram mensagens positivas e esperançosas sobre o futuro, e de que como líderes, seríamos os porta vozes do pensamento exponencial; porém, ao contrário de todos, fui o único que tocou na palavra medo. Naquele momento, não era especificamente o medo de ver uma carreira inteira substituída pela tecnologia e o temor da obsolescência, mas o medo interno que embaralha sentimentos, isto é o medo da transformação interna que ele pode causar se eu me permitir.

Dizem que o medo paralisa mas estranhamente ele me mobiliza. Assim como não falar dele, é como jogá-lo debaixo do tapete sabendo que ele voltará com influencia redobrada. Para mim, o medo é como um balde de água gelada, é uma oportunidade de uma tomada de consciência e é a hora para repensar valores, condutas, redirecionar o futuro e enfrentar o novo. Enfrentar e discutir o medo a cada instante é diminui-lo e aceitá-lo.

No seu livro Abundância, Peter Diamandis diz que existem 4 grandes motivadores para a inovação. O primeiro e o mais fraco é a curiosidade, temos também o desejo de criar riquezas, o desejo de dar um sentido para a nossa existência e por fim o medo. Sim, o medo. O medo extraordinário permite que corram riscos extraordinários. O programa Apollo de JFK foi executado sob um risco imenso e com tremenda despesas em reação aos primeiros sucessos espaciais soviéticos. ( o orçamento de defesa dos EUA é de 700 bilhões contra 30 bilhões para a ciência).

Basicamente foi com muito medo que voltei do curso. Cheio de incertezas mas pronto para transformações e ciente de que o primeiro grande desafio esta dentro de mim.

Já que entender a causa dos nossos sentimentos significa 90% da solução do problema, então que venha a transformação tecnológica.

 

(*) Mario Narita é fundador, sócio e CEO da Narita Design

 

 

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