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Big data e a indústria automotiva. Por Sylvio de Barros

CEO do iCarros explica que tecnologia está disponível e precisa ser utilizada também como um canal de relacionamento e entendimento do comportamento dos consumidores


19 de junho de 2013 - 11h38

Por Sylvio de Barros
CEO do iCarros

Em 1995, ano do início da internet comercial no Brasil, a indústria automobilística representava cerca de 13% do PIB industrial do País. Hoje, o setor responde por 21% da indústria e temos 36 montadoras instaladas no mercado nacional que estimam investir R$ 50 bilhões até 2015 aceleradas pelo programa do Governo Federal Inovar-Auto.

Até 1953, quando nem sonhávamos com um fenômeno chamado Big Data, os carros eram apenas montados no País (a primeira fábrica a se instalar por aqui foi para produção da Romi-Isetta) e até o final da década de 80 os consumidores só podiam escolher entre quatro marcas (Volkswagen, GM, Ford e Fiat), que já produziam em terras brasileiras e ofereciam poucos modelos.

Das ‘carroças’ da era Collor até hoje a oferta de novas marcas, categorias, opcionais, novidades e diferenciais tecnológicos tornou a tarefa de comprar um novo carro um quebra-cabeças que só pode ser vencido com uma minuciosa análise de informações e dados sobre os modelos disponíveis no mercado.

Na era pré-digital, a diversidade ainda era modesta e os classificados de jornais eram a principal fonte para buscar a melhor oferta, seja para comprar diretamente do proprietário ou no varejo. Caneta, jornal e telefone eram as ferramentas para bater perna atrás do próximo automóvel da família.

Mas a explosão da indústria, acompanhada pelo avanço da internet como mídia, levou a uma transformação inevitável no processo de compra de um carro novo ou usado. Com a busca online e a recente associação de mobilidade e aplicativos de geolocalização, os consumidores passaram a ter um poder muito maior para decidir, estudando inúmeras variáveis, qual será o melhor investimento.

Ninguém imagina hoje sair de casa para comprar um carro sem antes acessar os classificados online e os sites das montadoras, interagir virtualmente com as marcas, comparar detalhadamente modelos e ofertas, ler as opiniões de outros proprietários, ver fotos, vídeos, fazer um ‘test drive virtual’ e avaliar diferenciais que vão da potência do motor até computador de bordo, GPS de fábrica, entrada USB e outras parafernálias tecnológicas.

Depois de tantas análises, ao ir para rua, os consumidores continuam conectados, armados de smartphones e tablets, que os ajudam a encontrar as ofertas mais próximas e a seguir fazendo avaliações quando já estão no PDV. Com tanta informação disponível, vendedores e lojistas têm que estar muito preparados e gastar muito o verbo para convencer consumidores sabichões a assinar o cheque.

Mas se, por um lado, é cada vez mais difícil seduzir os consumidores e atraí-los para suas marcas e concessionárias, por outro, as montadoras podem acessar zetabytes de dados que, bem minerados, se transformarão em diamantes para o desenvolvimento de novas campanhas e até mesmo novos produtos.

Com base no comportamento da navegação dos usuários dos classificados virtuais e outros ambientes web, a indústria já consegue descobrir quais são seus principais concorrentes por categoria, que diferenciais são mais buscados, o que gera maior interesse e tem influência decisiva na hora de fechar negócio ou mesmo o que poderia ter feito o consumidor mudar de ideia.

Curioso assinalar que o iCarros tem um terço da audiência do Autotrader, maior portal dos Estados Unidos, mas as vendas de veículos no mercado nacional são um quarto das vendas do mercado americano, o que mostra uma maior penetração digital dos brasileiros no uso da internet para fazer pesquisas pré-compra.

A tecnologia é inerente ao negócio da indústria automotiva. Engenheiros seguem obstinados em desenvolver carros cada vez mais eficientes e inteligentes, com motores híbridos menos poluentes e até mesmo capazes de ‘dirigir sozinhos’, reduzindo congestionamentos e decidindo os melhores caminhos para fugir do trânsito.

Ainda não chegamos na era dos carros voadores dos Jetsons (ainda!), mas a tecnologia está aí e precisa ser utilizada também como um canal de relacionamento e entendimento do comportamento dos consumidores para identificar seus desejos, aspirações e sonhos.

Alimentar a paixão dos brasileiros por carros já deixou de ser tão simples quanto publicar um institucional na primeira página de um jornal ou um tijolinho nos classificados. Vencer esta corrida irá exigir, cada vez mais, estratégia, engajamento, data mining e customização.

Quem não gostaria de montar seu próprio carro como quem cria seu próprio tênis da Nike? O big data não é puro modismo. É um ativo que poderá – e irá – definir quem largará na pole position e quem ficará parado nos boxes.

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