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Cinco coisas que o jornalismo precisa aprender com o Google Now

Esse tipo de aplicativo tem caminhado para atender demandas e interesses dos usuários pelo conteúdo geolocalizado


7 de julho de 2015 - 2h41

(*) Por Marcelo Volpato

Não é novidade que o setor da comunicação passa por transformações nos últimos anos, aceleradas em grande medida pelo advento da internet, das redes sociais e, mais recentemente, dos dispositivos móveis. Câmeras e sensores se espalharam pelas cidades na mesma proporção que smartphones e tablets e, nesse processo de digitalização, ubiquidade e mobilidade parecem adquirir papel central, criando novos fluxos de informação e novas possibilidades de produção, distribuição, interação e consumo de conteúdos.

Reconfigurações também têm acontecido no jornalismo, denunciadas, inclusive, por diversas revistas e cadernos de jornais descontinuados, outros tantos vendidos e aqueles que migraram do impresso para o "digital-only" e, é claro, consequentes demissões que, segundo estimativas, já chegam a 1.084 em pouco mais de três anos.

A principal pergunta que ecoa pelos corredores das redações, sem dúvida, é "para onde vai o jornalismo?". Sabe-se que não faz mais sentido a ideia de um processo de produção noticiosa com base no contexto de séculos passados, mas sim considerar a atuação de algoritmos, de modelos e redes conversacionais e participativos e de dispositivos sensíveis à geolocalização do usuário.

O contexto de atuação imperativa de smartphones tem apontado um novo panorama ao jornalismo ao indicar o crescimento de novos hábitos de leitura. Talvez as tecnologias tenham nos forçado a repensar os padrões e noções do que realmente deve ser considerado conteúdo jornalístico. Segundo dados do Pew Research Center, 74% dos usuários de smartphones usam seus celulares para acessar informações baseadas em sua localização.

Aplicativos como o Google Now têm caminhado no sentido de atender tais demandas e interesses dos usuários pelo conteúdo geolocalizado. Confira alguns deles:

1. Informação geolocalizada: o que está em jogo é o interesse das pessoas em descobrir e explorar o que os locais reservam para elas. Por meio do GPS do celular, o app consegue identificar a localização do usuário e lhe sugerir conteúdos interessantes nas proximidades;

2. Cards: o aplicativo já sabe que não basta replicar no celular o conteúdo de uma página inteira de revista. Os cards são práticos, objetivos e fáceis de serem consumidos;

3. Modelo participativo: é possível encontrar resenhas de filmes ou restaurantes produzidas por outros usuários, gente como a gente;

4. Perfil e interesse: o algoritmo procura (e nem sempre consegue) entender o perfil de conteúdo que o usuário mais se interessa e lhe sugerir notícias e informações que possam ser úteis, como o placar do jogo do seu time, o trânsito até seu próximo compromisso, além de status de voos e de serviços de entrega e delivery;

5. Serviço: nascem novas possibilidades para o jornalismo de serviço. De forma automática, o app exibe o clima de onde o usuário está, as linhas de ônibus que passam no ponto mais próximo e reviews de um restaurante bem ali, mas que ele sequer conhecia.

As possibilidades que a tecnologia traz podem até ser assustadoras, principalmente se consideradas do ponto de vista da segurança e da privacidade. Mas, isso é pauta para outra discussão. Além disso, o ponto para o qual chamamos atenção centra-se na dimensão das rupturas e consequências que o jornalismo tem passado neste contexto em que máquinas assumem, cada vez mais, o papel do profissional.

(*) Marcelo Volpato é diretor da Seven PR
 

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