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Organizações Transgênero

Primeiro, as empresas “transgênero” vão conquistar mercados e clientes. Em seguida, vão atrair os melhores funcionários. E, finalmente, avançar sobre os ativos de seus rivais!


31 de outubro de 2017 - 7h39

Por João Delpino (*)

 

“Felizes são os camaleões que podem mudar de cor, sem dor, quando precisam”.

Ditado africano.

 

Como sócio e planner da New360, tenho pensado cada vez mais nas empresas, nos clientes, nos mercados e na sociedade em que vivemos.

Até há bem pouco tempo atrás, haviam alguns gêneros definidos de empresas: empresas atacadistas ou varejistas, empresas de produtos ou de serviços, indústria ou comércio, todos com seus papeis bem definidinhos, cada qual no seu quadrado.

Mesmo os grandes grupos internacionais eram homogêneos.

Quem fazia eletrônicos não fazia automóveis, quem fabricava alimentos não tinha supermercados, quem editava livros não produzia filmes, quem vendia telefones não veiculava noticias ou anúncios e os telefones só falavam….

O mundo era previsível e a gente achava possível dar um tempo na empresa e quando voltássemos da fazenda em um interior qualquer tudo continuava no mesmo no lugar que deixamos. Hoje não sobra nada.

O mundo virou de cabeça pra baixo, a sociedade muda a cada instante, as novas tecnologias estão transformando tudo o que conhecemos e desestabilizando a nossa vida, o nosso trabalho e o nosso emprego.

Da mesma forma que o mundo todo está meio confuso com relação às “pessoas transgênero”, sem saber o que exatamente significa isso, as empresas “tradicionais” também terão que promover uma reencarnação porque aquela identidade com a qual nasceram e evoluíram não poderá ser mais sustentável.

Afinal estamos vivendo um daqueles grandes períodos da história em que as pessoas não mais compreendem o mundo e enxergar através das lentes do mercado ao qual servem atualmente não basta para explicar o futuro.

Tenho visto colegas publicitários, designers e afins, assustadíssimos com as consultorias que estão entrando pra valer na comunicação e conquistando os nossos Clientes com uma proposta mais estratégica, mais ampla e, sobretudo, mais consistente que a nossa.

Por enquanto podemos argumentar em nossa (frágil) defesa que as consultorias não sabem criar.

Mas vale lembrar que os telefones também não sabiam veicular filmes, agendar compromissos, transmitir ao vivo Barcelona x Real Madrid.

Mas aprenderam…

Assim como os aplicativos já necrosaram vários segmentos econômicos e ainda vão eliminar outros mais, não poderá ser considerada uma surpresa se, por exemplo, as empresas de telefonia, que estão perdendo há muito seu mercado de dados e voz, se posicionarem como organizações “transgênero”, ou seja, fornecedoras também de conteúdo jornalístico nem que para isso seja necessário disparar um processo de aquisição de empresas de comunicação

Quem está acostumado a passar boa parte de seu tempo preocupado com o “como” – como fazer as coisas, como operar, como ser eficiente – tem agora que dedicar quase todo o tempo a pensar no “quê” – quê oportunidades devemos buscar, quê parcerias devemos formar, quê tecnologias apoiar, quê experiências iniciar. A questão é simples. Quando a organização tiver espremido os últimos 5% de eficiência do “como”, alguém terá inventado um novo “quê”.

E esse é o segredo da prosperidade na era das empresas “transgênero”.

Em cada dobra do tecido da história, cria-se uma nova riqueza e destrói-se a antiga. Não será diferente, à medida que a era das empresas tradicionais ceder a vez para a era das empresas “transgênero”.

Hoje, os dirigentes estão obcecados em buscar alternativas como redução de custos, mudanças de processos, programas de eficiência – todas elas iniciativas que liberam riqueza, mas não criam novas riquezas. Essas alternativas não criam novas riquezas, uma vez que não geram novos mercados, novos clientes ou novos fluxos de receita.

Quem quiser prosperar na nova era precisará fazer mais do que extrair algumas gotas de riqueza das estratégias de ontem.

Nessa era revolucionária, as oportunidades vêm e vão à velocidade da luz.

Na grande maioria, as empresas à moda antiga simplesmente não conseguirão se movimentar com a rapidez necessária. Não estarão preparadas para a revolução.

Quando um dirigente sênior, cauteloso, de uma organização tradicional decide que é hora de “puxar o gatilho”, um jovem empreendedor já ficou bilionário.

Primeiro, as empresas “transgênero” vão conquistar mercados e clientes. Em seguida, vão atrair os melhores funcionários. E, finalmente, avançar sobre os ativos de seus rivais!

As empresas não têm escolha: ou assistem passivamente ao nascimento da ideia revolucionária que irá enterrá-las para sempre, ou aproveitam os benefícios econômicos que a imaginação sem amarras e a ambição sem fronteiras possam oferecer.

Toda era traz uma mistura própria de promessas e perigos, e a era de sistemas ciber-físicos que estamos vivendo é farta em ambos os ingredientes.

No entanto, existem motivos para sermos mais esperançosos do que temerosos, pois essa era nos acena com oportunidades jamais apresentadas.

Hoje, nosso único limite é a imaginação.

Numa economia em rápida movimentação, os métodos para desenvolver uma estratégia mudaram. A dimensão temporal é diferente. Antes, bastava uma empresa criar uma estratégia, ser capaz de sustentá-la e planejar uma posição estratégica que pudesse ser mantida por cinco anos, às vezes até mais.

Hoje, a vantagem competitiva é tão passageira como sem significado.

Em um mundo de mudanças descontínuas, no entanto, a empresa que se perde em uma curva crucial da estrada, talvez nunca recupere o tempo perdido.

A Motorola, que liderava o comércio mundial de telefonia celular no início dos anos 90, atrasou-se alguns anos na mudança para a tecnologia digital. Azar.

O jogo acabou e a Nokia venceu. E mais: em dez anos, a Nokia passou de fabricante de pneus para neve e botas de borracha, na Finlândia, para a quinta marca mais valiosa no mundo em 2002.

Mas, a Apple chegou logo depois com um novo modelo de negócio e reduziu as duas a pó.

Estamos no limiar de uma nova ordem econômica, que se acelera a cada minuto. Deixamos para trás um mundo em que a escala, a eficiência e a repetição eram tudo. Estamos dando os primeiros passos em direção a um mundo em que a imaginação, a experimentação, a agilidade e a revolução constituem, se não tudo, os catalisadores essenciais da criação de riquezas.

Portanto, procure criar o seu futuro antes que alguém o faça para você!

Isso nos obriga a “espreitar” além dos limites atualmente definidos para se ter uma visão relâmpago de um futuro radicalmente diferente e, depois, retornar e se preparar para ele.

Qualquer empresa que ambicione sobreviver e prosperar neste novo mundo em constante transição deve, antes de tudo, se perguntar se a organização está preparada para mudanças ( des )contínuas, imprevisíveis e impactantes. Temos que nos reinventar todos os dias.

Enfim, benvindos a uma sociedade onde os gêneros definidos são grandes limitadores e só nos impedem de adaptar, inovar, reinventar e sobreviver.

Entramos na era dos negócios, mercados e “Empresas Transgênero”.

Não sei se vai ser confortável viver nesse mundo, mas eu quero viver pra ver e acredito no futuro.

Quem viver verá.

 

(*) João Delpino é sócio-fundador e diretor de planejamento da New360.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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