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Por que investir em Startups pode ser um bom negócio para Atletas?

A grande jogada no casamento entre atletas e empreendedores está justamente na enorme visibilidade que podem trazer aos negócios, emprestando a imagem positiva que conquistaram na carreira para potencializar o crescimento das startups.

e Lima Santos
30 de maio de 2018 - 13h16

Lima Santos (*)

Não são poucas as histórias de atletas que construíram fortunas e acabaram perdendo tudo por não planejar o que fazer com o capital acumulado após a aposentadoria. A carreira no mundo esportivo, via de regra, é curta, no máximo 15 a 20 anos. Enquanto ainda estão jogando, muitos conquistam fama e dinheiro, mas após pendurar as chuteiras não sabem o que fazer com estes dois ativos e acabam por jogar fora a oportunidade de se sagrarem também campeões no campo dos negócios.

Em diversos mercados internacionais vêm crescendo o interesse de profissionais do esporte por investir em startups, um movimento que veremos também cada vez mais, podem anotar, entre os atletas brasileiros de alta performance.

No mercado americano o envolvimento dos esportistas com o Sports Venture Capital se espalhou por diversas modalidades, especialmente entre as estrelas do NBA, mas também de ídolos do futebol, do tênis, do beisebol e vários outros esportes que atraem a audiência de milhões de espectadores na TV.

A grande jogada no casamento entre atletas e empreendedores está justamente na enorme visibilidade que podem trazer aos negócios, emprestando a imagem positiva que conquistaram na carreira para potencializar o crescimento das startups; muitas delas, inclusive, no segmento das sportstech, que integram esportes e tecnologia.

Com isso, as novatas ganham uma bela vitrine para tornar suas marcas conhecidas do grande público, impulsionando as vendas, acelerando o ROI (retorno do investimento) e atraindo novos investidores. Muitos atletas famosos já colocaram suas fichas em startups e estão alcançando vitórias expressivas ao trazer seus aprendizados do mundo esportivo ao mundo empreendedor.

O NBA Shaquille O’Neal foi um dos pioneiros ao investir em ações do Google antes do IPO. Outro astro do basquete, Carmelo Anthony, apoiou o Lyft. O futebolista português Cristiano Ronaldo entrou no aplicativo de check-in Mobbito e o espanhol Andrés Iniesta se associou com a FirstV1sion, uma câmera full HD especial para transmitir eventos esportivos.

A Intel Capital, braço de venture capital da Intel, divulgou há poucos dias que se juntou a NBA para analisar e investir em empresas de tecnologia focadas em esportes e entretenimento e no desenvolvimento de produtos para os amantes da NBA e outros esportes.

Batizada de NBA + Intel Capital Emerging Technology Initiative, a parceria irá oferecer capital e mentoria para startups de olho em um mercado que somou investimentos de US$ 1,5 bilhão no ano passado, segundo Wendell Brooks, presidente da Intel Capital.

O basquete americano está repleto de ex-jogadores fazendo cestas de três pontos em empresas nascentes de tecnologia. Kevin Durant, ídolo do Golden State Warriors e terceiro maior salário anual da NBA (R$ 190 milhões, incluindo patrocínios), tem um portfólio nada modesto de investimentos em startups digitais que incluem empresas como a Postmates e a Acorns.

Durant e Andre Iguodala, outra estrela milionária do Golden, construíram um estreito relacionamento com VCs, principalmente com Andreessen Horowitz, que os apresentou várias startups. Iguodala já armou jogadas com empresas como a Trumid, Thrive Global, Walker & Company e The Player’s Tribune.

A lista de investidores bons de cesta segue e é grande – LeBron James, Stephen Curry, Magic Johnson; todos estes e muitos outros estão destinando parte da fortuna para comprar ações de empresas de tecnologia e participações em startups.

Várias outras iniciativas lá fora também aproximam atletas de empreendedores. Recentemente, a R/GA Ventures deu o pontapé inicial, em associação com o time de beisebol Los Angeles Dodgers, no Global Sports Venture Studio, uma plataforma que conecta investidores a empreendedores, organiza eventos e promove network no ecossistema de startups.

Há dois anos, a NFL Players Association, a liga esportiva profissional do futebol americano, lançou a One Team Collective, uma aceleradora de startups que atuam no universo dos esportes. A empresa, que tem na sua direção líderes da indústria da tecnologia e um conselho com nove jogadores ou ex-jogadores da NFL, incentiva a troca de ações por direitos de imagem, um ativo valioso para ganhar visibilidade na mídia em campanhas de marketing e relações públicas.

Em um ano, a aceleradora já investiu em quatro startups: a WHOOP, que desenvolveu uma pulseira para monitorar a saúde e a performance do atleta e transforma os dados em informações usadas pelos técnicos para programar treinos personalizados; a StatMuse, um aplicativo para os fãs fazerem perguntas sobre o mundo dos esportes e receberem respostas de estrelas da NFL; a Rep the Squad, que oferece um plano de assinatura por US$ 20 mensais para emprestar por alguns dias as camisas oficiais das equipes da NFL; e a CampusLore, uma empresa de mídia que veicula análises dos jogos e dos campeonatos da liga feitas diretamente pelos jogadores profissionais.

Por aqui, atletas brasileiros também já começaram a despertar para oportunidades de investimento em startups. O pentacampeão Edmílson anunciou no final do ano passado o Campeão, Programa Inteligente. A startup conecta consumidores com empresas parceiras do programa de fidelização. Ao invés de acumular pontos, os consumidores recebem de volta parte do valor da compra (cashback). O atacante Alexandre Pato investiu no Soccer-1, aplicativo que ensina os princípios básicos do futebol para treinar crianças e adolescentes.

Se você é um empreendedor, é bom abrir os olhos para o Sports Venture Capital. Caso seja um atleta, não fique fora desta jogada e faça seu melhor para suar a camisa também nos negócios. Juntos, empreendedores e atletas só têm a ganhar.

(*) CEO da 5xmais Holding Business, empresa de investimento em startups

 

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