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Storytelling nos eSports: do start ao game over

É imprescindível às marcas priorizarem as narrativas de vida dos próprios cyber atletas para engajar o público. Os jogadores devem ser apresentados como personagens, porém de forma humanizada, de modo a fomentar nos fãs a aspiração de alcançar um sucesso semelhante.


16 de janeiro de 2018 - 8h19

 

Por Beto Vides (*)

 

Histórias têm o poder de atrair, conectar e manter pessoas engajadas. Contadas de forma envolvente, ajudam a estabelecer vínculos profundos com verdadeiras legiões de indivíduos. São ferramentas de marketing excepcionais. No universo dos esportes eletrônicos (eSports), então, as boas narrativas têm uma importância crucial: são a essência, o âmago, dos próprios jogos.

 

Numa era de disputas acirradíssimas das empresas pela atenção do público – cada vez mais disperso, as marcas, claro, estão de olho neste atributo poderoso. No entanto, de modo geral, ainda estão pouco familiarizadas com o macrocosmo gamer. Com raras exceções, permanecem sem saber como contar histórias envolventes através dos jogos online.

 

Tradicionalmente, as marcas sempre utilizaram os esportes como plataformas para compartilhar mensagens e estabelecer afinidade com os consumidores. Os Jogos Olímpicos são uma ótima referência de boas histórias narradas para captar a atenção do público. Da mesma forma que os demais esportes, os jogos eletrônicos contam com atletas, torneios e comunidades extremamente apaixonadas (https://goo.gl/wqGjtG).

 

No entanto, ao contrário de categorias mais tradicionais, os eSports são fortemente impulsionados pela imprevisibilidade. No futebol, por exemplo, é quase impossível que um time de várzea vença uma equipe da primeira divisão de campeonatos nacionais. Nos esportes eletrônicos, porém, é possível um jogador amador derrotar um profissional – acontece noite a fora em algumas “solo queue”. O imponderável torna as competições eletrizantes. Eis aí o primeiro diferencial dos eSports.

 

Outro fator distintivo é o porte físico dos competidores. Jogadores gamers não têm corpos atléticos, como atletas do futebol, da natação ou do judô. “São gente como a gente”, costumam dizer os fãs, que afirmam sentir uma satisfação enorme quando veem “pessoas comuns” chegando ao topo dos pódios. Esse detalhe torna a identificação e a conexão quase imediatas. Independentemente do jogo ou da plataforma, os fãs se engajam pela aparência e pelas histórias de vida dos próprios jogadores.

 

Neste sentido, é imprescindível às marcas priorizarem as narrativas de vida dos próprios cyber atletas para engajar o público. Os jogadores devem ser apresentados como personagens, porém de forma humanizada, de modo a fomentar nos fãs a aspiração de alcançar um sucesso semelhante. É uma fórmula simples, mas que requer sensibilidade para ser aplicada.

 

Por estes motivos, é fundamental às marcas estarem familiarizadas com a cultura dos jogos. Devem construir os seus enredos sem alterar a essência dos esportes eletrônicos. As histórias devem ser longas como corridas de uma maratona; mas, nunca fugazes como os 100 metros livres de uma competição de natação.

 

A sua marca é como os corredores quenianos e etíopes; ou como o incógnito nadador equato-guineense que, nas últimas Olimpíadas do século 20, fez o pior tempo da história?

 

Ela tem dado o start? Ou está tomando, da concorrência, o game over?

 

 

(*) Beto Vides é CEO da eBrainz, agência brasileira especializada em eSports.

 

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