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Crise, carros robôs e realidade virtual
Crise, carros robôs e realidade virtual
13 de janeiro de 2016 - 3h29
(*) Por Bruno Tozzini
O ano passado foi esquisito até para os mais otimistas, especialmente na economia criativa brasileira. A maioria das agências sofreram baixas durante todos os meses. Quem não aguentou, fechou. Outras tiveram que se juntar e se reinventar, enquanto grandes nomes começaram a sair de cena, dando um espaço inédito para a nova geração.
Lembro-me que a crise já era assunto de bar em dezembro de 2014, logo depois da Copa, mas iniciou pra valer em Janeiro. Assim, 2015 começou com uma nuvenzinha negra engavetando tudo que não era extremo necessário. Tirando o que foi produzido para a temporada de prêmios e Cannes, foram meses de pouca novidade por parte das agências. A maioria teve que se virar com orçamentos e equipes bem reduzidas.
Já na cena de startups e tecnologia não existe crise. Especialmente nos EUA e partes da União Europeia, as grandes ideias estão indo para a rua e os investimentos estão surgindo. No Brasil também.
E aí acabo me questionando: neste e nos próximos anos, qual será a fatia das agências de publicidade e propaganda dentro dessa macro economia criativa em expansão?
Será que as agencias irão somente cuidar da fatia que diz respeito a fazer propaganda, enquanto todas as outras entregas criativas e novas receitas – conteúdos, aplicativos, produtos, serviços, inovação – serão entregues por centenas de startups e gigantes de tecnologia?
Carros robôs
De um lado, a cada ano que passa os carros deixam de ser regra. Ficou mais visível o declínio como objeto de desejo, símbolo de status ou meio de transporte. As notícias sobre a queda nas vendas, embora não sejam necessariamente por isso, reforçam o sentimento. Em São Paulo e nas maiores cidades do mundo os carros vêm perdendo espaço como produto.
Do outro lado, o car-sharing vem crescendo e a sharing-economy está se consolidando. Mesmo que de sharing não tenham quase nada, o modelo de negócio baseado em demanda faz muito sentido nos dias de hoje. O ano passado será lembrado pelas brigas épicas com o Uber, a ponto de virar assunto nacional e cair na boca do povo. Além disso, teve a chegada do BlaBlaCar no final do ano e a popularização dos aplicativos de Taxi. Tudo ao mesmo tempo.
Paralelo, a indústria de carros robôs está se formando e colocando protótipos nas ruas. Google e Uber estão de olho em 2020, o ano zero dos carros robôs. Existem muitas oportunidades nos modelos de negócio que irão surgir e os players estão de olho nisso, incluindo Apple e grandes montadoras. Se você tem interesse em se aprofundar no assunto, recomendo ler este extenso artigo que publiquei em agosto no Medium.
Realidade virtual
Mark Zuckerberg é categórico ao afirmar que a realidade virtual tem potencial de ser o equivalente ao movimento mobile dos últimos anos. Basta olhar para a história e ver que a tecnologia sempre passou por grandes trocas de plataforma. Viemos dos Mainframes para PCs e desktops, laptops e mais recentemente smartphones. Estamos mudando de texto para experiências cada vez mais visuais. Tudo é vídeo.
A diferença é que desta vez o smartphone está na equação do processo de evolução. Ele será a causa, a ponte e o facilitador na popularização dos HMDs (head-mounted displays) e da realidade virtual como plataforma. Pelos seguintes motivos: se não tivéssemos passado pelo desenvolvimento da industria de celular e por todos investimentos em pequisa e desenvolvimento que ela consumiu, possivelmente hoje os smartphones não estariam nas mãos de tanta gente e provavelmente não estaríamos conversando sobre realidade virtual.
Michael Abrash, Cientista Chefe da Oculus VR, adiciona uma visão bem interessante em relação a comportamento. O fato de sermos uma geração que foi doutrinada culturalmente por filmes e ficção científica, pode tornar ainda mais fácil aceitarmos a realidade virtual como algo viável e parte do cotidiano.
Se você ainda não experimentou o Samsung Gear VR, um low-cost como o Google Cardboard ou Homido, eu recomendo colocar isto na sua to do list de janeiro. A quantidade de conteúdo disponível no YouTube com produção 360 é grande e a experiência em muitos é boa. O Facebook também começou a disponibilizar vídeos 360 na newsfeed. Minha melhor experiência até agora foi passar alguns minutos na Síria andando por ruas e prédios destruídos enquanto, fisicamente, estava em um apartamento em Amsterdã. A realidade virtual é uma experiência pessoal e pode ser transformadora.
Na ponta de produção estão surgindo desenvolvedores e mais gente especializada na captação e direção. Os fabricantes estão oferecendo novas opções de câmeras, com mais qualidade e preços mais acessíveis. O ano promete uma agenda extensa de lançamentos relacionados a VR, vindos de players como Samsung, Oculus, Playstation, HTC e Google.
Acredito que 2016 será o ano da realidade virtual.
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