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Entenda porque o futuro está nos dados: a ascensão do Data Capital.

A Revolução de Dados é mais silenciosa, mas tão poderosa quanto, ou mais, que a revolução social que experimentamos.


11 de abril de 2017 - 14h48

Martha Gabriel (*)

A primeira década do século XXI foi marcada pela disseminação das tecnologias digitais, que propiciaram a explosão de conexões, interatividades e sistemas que alavancaram a Revolução Social. A reconfiguração dos polos de poder entre instituições e indivíduos inaugurou uma nova fase na economia mundial baseada em money follows social that follows digital. Essa transformação profunda nos conduziu ao cenário atual, em que a digitalização das empresas torna-se fundamental para a sua sobrevivência e sucesso.

No entanto, ao mesmo tempo em que essa estrutura social digital se forma, uma outra dimensão importante emerge: a dos dados. Conforme a tecnologia avança para permitir conexões, interatividade e mobilidade, ela também possibilita cada vez mais a produção e coleta de dados de forma distribuída e não estruturada – web, apps, GPS, sensores, câmeras, smartphones, etc. –, dando origem ao que chamamos de big data. Essa Revolução de Dados é mais silenciosa, mas tão poderosa quanto, ou mais, que a revolução social que experimentamos.

Cada era econômica teve o seu tesouro. Na era agrícola, a matéria prima era a terra. Na era industrial, o ferro. Na era digital, a base da riqueza está nos dados. No entanto, não adianta ter dados (big data) se não extrairmos valor deles — em outras palavras, a matéria prima só se torna riqueza quando conseguimos obter por meio dela, algo maior que ela mesma. Terra não arada e indústria parada não geram nada. Dados não minerados também não geram valor. De nada adianta ter toda a terra do mundo, se ela não for cultivada de forma correta. De nada adianta termos todos os dados do mundo, se eles não forem trabalhados. A utilização adequada dos dados disponíveis hoje tem o potencial de desbloquear valor de forma inédita no mundo provocando novas mudanças nos eixos de poder entre empresas e, principalmente, entre países. Os smart everything – objects, cities, cars, homes, etc – são exemplos disso.

Enquanto as eras anteriores, baseadas em matéria, conseguiam gerar apenas valor linear, a era digital, baseada em dados, tem o potencial de gerar valor exponencial.  E isso faz toda a diferença, pois funciona como uma arma nuclear competindo com arco-e-flecha. Toda atividade produz dados e informação, que são aproveitados ou não. Aqueles que conseguem enxergar e usar essa informação para melhorar algo no mundo, são aqueles que estão adquirindo vantagem competitiva exponencial.

Todo negócio que consegue produzir valor maior a partir dos dados traz consigo também um grande potencial de criar disrupção na sua área – esse foi o caso da Amazon, Netflix, Uber, Nubank e Alibaba, por exemplo, nas indústrias de livros, filmes, transportes, finanças e comércio, respectivamente.

Assim, essa informação que pode ser capturada dos dados para gerar valor é o que chamamos de Data Capital. E a habilidade essencial para se obter data capital é conseguir enxergar a informação que não está visível, tornando-a uma vantagem competitiva e potencial força disruptiva. No entanto, não conseguimos saber quão valiosos os dados são até que os usemos, por isso precisamos usa-los constantemente para descobrir o seu valor — ou seja, Data Capital.

Algumas das formas principais utilizadas para extração do data capital são:

  • Captura de dados de atividades – digitalização e quantificação de atividades (transações, manufatura)
  • Uso de dados para criar dados – coleta de dados antecipatórios para identificar e prevenir eventos indesejados (ex: sistema de saúde que coleta dados para identificar e prevenir doenças)
  • Uso de plataformas de dados – a plataforma é o modo como você coloniza a sua atividade, e o seu uso tende a criar sinergias vencedoras (ex: Amazon)

Desse modo, a sociedade tende a se basear cada vez mais em dados. Isso altera a equação da revolução digital para: MONEY FOLLOWS DATA, that follows social, that follows digital.

Nessa segunda década do Século XXI, o mundo passa a experimentar o data divide: a separação entre letrados e analfabetos em dados. Nesse cenário, Data Literacy para gestão de data capital tende a ser uma habilidade cada vez mais valorizada em qualquer instância, seja ela profissional, social ou econômica.

(*) Martha Gabriel é escritora, consultora e palestrante nas áreas marketing digital, inovação e educação. Autora de 5 livros, inclusive o best seller “Marketing na Era Digital“,

(*) Texto adaptado da publicado originariamente na revista IT Management, Ano 3, Edição #8, pag 19, 2016

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