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Movimento Makers aposta na capacidade de inovação fora das grandes empresas
Liderado no Brasil por Alon Sochaczewski e Ricardo Cavallini (foto), Makers prega que pessoas são tão capazes de criar e inovar quanto empresas
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26 de maio de 2014 - 2h00
POR FERNANDA BOTTONI
O que impede uma pessoa de criar um produto, um novo celular, uma mesa ou até o Facebook? Segundo Ricardo Cavallini, quase nada. "A tecnologia praticamente derrubou as principais dificuldades", diz ele. "Com a internet, todo mundo tem acesso à informação e conhecimento, a distribuição ficou muito mais simplificada, o networking também e, além disso, você pode fabricar seu eletrônico na mesma fábrica que a Apple faz o iPod", diz ele. A explicação bem simplificada resume o pensamento de Cavallini e Alon Sochaczewski, que há dois anos se juntaram para criar a plataforma que fomenta o movimento Makers no Brasil. "Claro que essa realidade tem peso diferente no Silicon Valley, em São Paulo e no Norte do Brasil, mas isso já é factível em qualquer lugar", garante Cavallini.
Como exemplo, ele cita o caso de Grace Choi, da Harvard Business School, que criou uma forma de imprimir maquiagem em casa, em uma impressora 3D que utiliza a mesma tinta usada pelas grandes indústrias do segmento. "Imagina a diarreia instantânea que deu no cara da L’Oréal", diz ele, brincando, mas falando sério. "Ele sabe que ferrou, pode não ser neste ano, no ano que vem, mas isso muda a indústria de modo brutal."
Tanto Cavallini quanto Alon acreditam que, exatamente porque esse movimento está tomando um peso tão grande, ele já seja chamado de a nova revolução industrial. "É como uma volta ao passado", concordam eles. "Só que agora também temos pessoas como players podendo concorrer com grandes empresas."
Tudo isso, claro, é um grande risco e uma grande oportunidade para as empresas. "Os grandes gurus já dizem que, mesmo que sua empresa tenha sete bilhões de pessoas, fora dela sempre vai haver alguém mais capacitado, com mais tempo ou que simplesmente acordou mais inspirado e criou alguma coisa que sua empresa pode usar", acredita Cavallini.
Tudo começa pela educação
E foi mesmo para inspirar e capacitar pessoas nesse movimento que, em 2013, a dupla lançou o primeiro pilar da Makers, com cursos e workshops. "Como trouxemos esse movimento para cá, nossa obrigação é educar", diz Alon.
A dupla, então, montou uma série de workshops e cursos tanto expositivos quanto hands on, em que as pessoas de fato botam a mão na massa e criam protótipos, mesmo sem conhecimento técnico. Entre os cursos mais procurados estão os de impressão 3D e arduíno, uma pequena solução de hardware que permite enviar e receber comandos para (teoricamente) qualquer sistemas eletrônico. "Estamos ajudando as pessoas a compreenderem essas tecnologias para criarem seus produtos", diz Cavallini.
Neste ano, a plataforma evoluiu também para conteúdo, palestras e consultoria. "Sempre estivemos muito próximos disso e tínhamos de fazer acontecer aqui também porque o Brasil não tem um histórico grande em inovação, as nossas empresas não investem em pesquisa e desenvolvimento, embora tenhamos talentos individuais gigantescos", diz Cavallini.
O resultado, eles dizem, foi surpreendente em vários aspectos. Primeiro, eles ficaram surpresos quando perceberam que o público interessado nos cursos não era formado apenas por geeks ou nerds, mas por pessoas comuns que buscam esse tipo de conhecimento para se desenvolver.
Depois, comemoraram a quantidade de pessoas e também empresas interessadas no assunto e passaram a fazer workshops in company. "Às vezes, a empresa quer apenas entender o que está acontecendo, outras vezes quer levar inovação lá para dentro e também há aquelas que querem trabalhar com inovação aberta e precisam encontrar um caminho para isso acontecer", diz Cavallini. Os nomes e os segmentos das empresas clientes eles não revelam, pelo menos por enquanto.
E quer mais? Há ainda workshop de prototipagem para crianças, em que elas e os pais passam a tarde brincando e construindo alguma coisa. "A criança é maker, nós nascemos assim, é o que nos separa dos bichos, mas depois fomos treinados para acreditar que não podemos fazer, que devemos só trabalhar na fábrica", diz Cavallini.
Mudança de estratégia
Como explica Alon, se o Makers é o movimento em que pessoas começam a fabricar produtos em pequena escala, ele traz uma mudança radical na economia e na sociedade e, claro, na comunicação das empresas. Quer um exemplo? Ele dá: "Um jeito de levantar dinheiro para um makers é crowdfunding e um jeito novo de lançar produtos é exatamente buscar esse tipo de investimento, mesmo sem precisar do dinheiro". É isso mesmo. Alon lembra que já tem empresa lançando produto pelo Kickstarter, maior site de financiamento coletivo do mundo, não porque precisa do dinheiro, mas porque essa é uma estratégia de marketing para gerar buzz.
E não é só isso. "A movimentação da economia traz oportunidades para agência de desenvolverem e atuarem de outra maneira, também criando coisas mais eficientes para oferecer ao cliente, além de ganhar novos tipos de anunciantes, que não estavam no seu radar antes", complementa Cavallini.
Os próximos planos da dupla Makers são o lançamento de um livro, no segundo semestre deste ano, e a realização da MakeFair, feira de makers, aqui no Brasil, quando houver de fato uma massa de gente criando e interessada em criar por aqui.
Cursos e workshopS
O QUE É ARDUINO
Apresenta a plataforma eletrônica de hardware livre, composta por um microcontrolador com suporte de entrada e saída e uma linguagem de programação padrão. Essa pequena solução de hardware, que permite enviar e receber comandos para teoricamente qualquer sistemas eletrônico, já é utilizada por pessoas do mundo todo para criar protótipos e produtos finais.
O QUE É IMPRESSÃO 3D
Apresenta a tecnologia em que os objetos são desenhados em 3 dimensões no computador e, depois, são impressos camada por camada, uma em cima da outra, em materiais como plástico e metais.
PROTOTIPAGEM PARA CRIANÇAS
A proposta é que pais e filhos passem uma tarde brincando e criando protótipos.
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