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Oene aposta em novo modelo de negócio de mídia digital

Plataforma digital foca em curadoria de temas do momento, conteúdo de qualidade, patrocínio de marcas-madrinhas e Clube de Benefícios para assinantes. Na foto abaixo, os gestores do projeto Leandro Beguoci, Leo Martins e Pedro Burgos (da esquerda para direita)


27 de janeiro de 2014 - 6h08

POR DÉBORA YURI
Foto: Mario Henrique / Latinstock

Networking e rolezinho, Candy Crush e ansiedade alimentar, SimCity e a guerra automóveis x transporte público, casamento gay e maioridade penal. Com textos longos, bem embasados, que analisam estes e outros temas do momento discutidos pela sociedade, o site Oene foi reformulado e relançado em dezembro – e já movimenta a internet.

O veículo foi gestado na F451, empresa de conteúdo digital que publica no país os sites Gizmodo e Kotaku. À frente do projeto estava o jornalista brasiliense Pedro Burgos, 33, editor-chefe do Gizmodo Brasil durante cinco anos. “Não havia futuro para o Oene lá dentro. Saí da editora no ano passado e me deixaram levar a propriedade”, diz o autor do livro “Conecte-se ao que Importa – Um Manual para a Vida Digital Saudável” (editora LeYa).

O objetivo de Burgos é ambicioso: mostrar que uma plataforma de mídia com foco em conteúdo de qualidade pode ser também um modelo rentável de negócio. Para tocar o projeto, eles convidou dois jornalistas da F451: o paulistano Leo Martins, 27, que editou o Gizmodo e hoje é repórter especial, e o paulista Leandro Beguoci, 31, editor-chefe e professor de comunicação multimídia da FAAP (Fundação Armando Alvares Penteado).

Combater o excesso de informações do universo digital é outra meta do Oene. A proposta é ser uma publicação de ensaios que ofereça ao leitor uma direção – um norte –, fazendo curadoria de temas e abordagens relevantes. A cobertura é variada e mistura tecnologia, cultura, política, urbanismo, mídia, comida, comportamento, questões sociais.

Burgos explica que o site sempre chega aos assuntos quentes “um pouco depois dos demais”. “Gostamos de ler e escrever jornalismo de revista: você só sai no final de semana e, por isso, precisa achar um ângulo diferente para falar dos acontecimentos”, diz ele, freelancer que mora no Paraíso (Zona Sul de São Paulo) e é fã de café, videogame e corridas no Parque Ibirapuera.

O desafio de monetizar
Leo Martins, que cobriu tecnologia para Folha de S.Paulo, INFO e Gizmodo e vive em Santa Cecília (Centro), aponta que o maior desafio será monetizar. “Este é o desafio de todos os novos projetos jornalísticos. No Brasil, a verba publicitária ainda é pequena para a internet e muito concentrada nos portais.”

Para sair do estágio beta e operar no azul, a equipe se inspira em experiências recentes de mídia bem-sucedidas no exterior, como os sites Brain Pickings e Daring Fireball. Nenhum dos três editores dedica-se com exclusividade ao veículo. Eles trabalham em home offices e, duas ou três vezes por semana, reúnem-se em cafeterias ou restaurantes.

Atualmente, o Oene recebe doações e vende assinaturas para uma audiência que paga o valor que quiser. Os assinantes terão acesso ao Clube de Benefícios, que vai incluir conteúdo exclusivo, e-books, palestras e descontos em eventos com eventuais parceiros. Em relação à venda de espaço publicitário, a estratégia é atrair marcas-madrinhas.

“Cada marca terá exclusividade pelo período contratado, que pode ser de um dia, uma semana, um mês ou um ano. Ela vai ter visibilidade no site, nas nossas redes sociais e newsletters, e também ofereceremos serviços associados”, diz Leandro Beguoci, um dos sócios da OrbitaLAB. A organização reúne jornalistas e empreendedores que querem tirar ideias de mídia do papel (foi lá que ele e Pedro Burgos se conheceram, em agosto passado).

Relacionamento com a audiência
Nascido na periferia de Caieiras (Grande São Paulo), Beguoci trabalhou na Folha e na Veja e hoje mora na Pompeia (Zona Oeste). É o autor do texto “Rolezinho e a desumanização dos pobres”, que somou 200 mil pageviews e 45 mil likes no Facebook em uma semana, além de quadruplicar o número de assinantes.

Para ele, um caminho a ser seguido é investir em artigos relevantes. Outro é cultivar uma relação mais próxima com a audiência – os assinantes do Oene podem participar da elaboração e produção de pautas. O site não disponibiliza área de comentários, “porque ainda não temos tempo para responder a todos e não queremos que ela fique como nos portais, uma terra de ninguém”.

O jornalista conta que as doações e assinaturas já estão pagando os almoços e cafés de pauta da equipe. Próximas metas? “Que a plataforma pague o nosso aluguel e, depois, uma cobertura especial que a gente queira fazer, por exemplo, na Antártida.”

 

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