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SXSW: ?O Brasil quer fechar sua internet?, diz Eric Schmidt, do Google

Entre as democracias, figuraríamos, segundo as pesquisas do executivo, ao lado da Alemanha. Entre as ditaduras, ao lado do Irã e da Síria. Cada qual com seu modelito


8 de março de 2014 - 7h01

POR PYR MARCONDES
De Austin

Fala mansa de um gentleman com o burro na sombra, Eric Schmidt, executive chairman do Google, afirmou na sexta-feira, 7, primeiro dia de SXSW, que um dos países que tem em marcha um plano para fechar sua internet somos nós. Você sabia?

Pois deveríamos todos saber, até porque é vero!

Entre as democracias, figuraríamos, segundo as pesquisas do executivo, ao lado da Alemanha. Entre as ditaduras, ao lado do Irã e da Síria. Cada qual com seu modelito.

Tentativas de controlar a internet no Brasil, via códigos legais estritos, acontecem há uma década, mais ou menos. E no Congresso, hoje, segue uma renca de parlamentares francamente favoráveis a esse controle, com backup do Governo Federal.

O grampo do celular da Dilma pela NSA só entusiasmou a tigrada.

Schimdt tocou no delicado assunto, como se falasse sobre corridas de cavalos, no palco do SXSW, durante o painel “The New Digital Age”, não por acaso o mesmo nome de seu mais recente livro, e de seu parceiro de autoria, Jared Cohen. Cohen, diretor geral do Google Ideas, é, entre outras coisas, ex-consultor da secretária de Estado Condoleeza Rice, um globe-trotter que viajou dezenas de países (essencialmente autoritários) procurando entender o papel da tecnologia digital nas liberdades democráticas.

O SXSW foi, assim, palco para uma divulgação de gala do livro da dupla (já está na Amazon), que foi entrevistada pelo Senior Writer da revista Wired, Steven Levy. Põe gala nisso.

Essa história de “Nova Era Digital”, na visão dos autores, tem a ver com os temas mais quentes do momento no âmbito da ética digital (algo ainda por ser construído) como privacidade, o papel do Estado e o direito dos cidadãos do mundo, aquele mero de podermos usar a internet sem sermos fuçados – na versão light da invasão de direitos – ou tomarmos um sumário tiro nos miolos, como acontece na Síria, se um simples SMS desagrada a vigilante e impiedosa guarda digital do regime.

Leve, o papo.

Balcanização (“balkanization”, como no livro) é o jargão usurpado pelo mundo digital da geopolítica mundial e se remete a divisão em pequenos e adversários estados da Península Balcânica, entre 1817 e 1912. Outra “balcanização” seria a divisão dos estados independentes do antigo império da União Soviética, na Europa.

Balcanização digital é a criação de barreiras tecnológicas que desintegram a internet de um determinado país do resto da internet mundial, criando “internetes” dentro da internet.

Essa é aversão 2.0, que alguns dos nossos parlamentares babam por digitar nas nossas vidas.

O plano de banda larga do Brasil pode ser um avanço, caso seja implementado na sua versão mais liberal e humanitária, o que parece improvável. Mas o “Balcan Tupiniquim” em andamento é nada menos do que um revoltante arbítrio escroto.

Eric Schimdt, um endinheirado (nada contra) gentleman de fala mansa, acionista do Google, nos Estados Unidos, sabe mais sobre o tema do que a esmagadora maioria dos brasileiros, e da imprensa, e das lideranças políticas, e dos organizadores de manifestações no Brasil.

Deve ser fruto do nosso orgulho Tupi. Só a gente, que é índio, entende, né?

A NSA foi só um alerta. Ainda vamos discutir criptografia como discutimos futebol. O SXSW, na longínqua e texana Austin, está avançando sobre essas e outras questões ligadas ao tema. Teremos aqui ainda, nos próximos dias, Snowden e Assange.

Muito mais, portanto, por vir.

Uga!

 

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