SXSW 2023: novos ângulos para o debate sobre inovação?

7 de março de 2023 - 21h57

No ano passado, subi ao palco do SXSW para falar sobre conteúdo e inovação. A proposta era trazer uma nova perspectiva para esta, menos focada em tecnologia – associação comum – e mais conectada a impacto e mudanças comportamentais. Refleti sobre como inovação exige estratégias de conteúdo que envolvam o público e o impulsionem a agir, propondo a adoção de recursos tecnológicos como aliada no processo, não como ferramenta principal.

A agenda deste ano me leva a crer que seguiremos discutindo inovação por ângulos menos óbvios e mais desafiadores. Os espaços onde marcas e consumidores transitam e interagem estão cada vez mais híbridos e a evolução acelerada desse cenário coloca em cheque o próprio conceito de impacto. A corrida por resultados menos efêmeros, no online e no offline, é impulsionada pelas expectativas – e dúvidas – ao redor de temas como Web 3.0, metaverso e, claro, inteligência artificial. Há um anseio comum por incorporar tecnologia, impacto e conversão – e, principalmente, por entender como conectar todos esses pontos sob evolução tão veloz. Como trazer questões estratégicas, sociais e éticas para este ambiente ultraacelerado que já incorpora ferramentas como ChatGPT e Bard às rotinas?Sinto que já estamos atrasados, e vocês?

Se de um lado a tecnologia avança, do outro marcas já entenderam que a conexão com o público exige o desenvolvimento de estratégias que as humanizem e as posicionem como catalisadoras de mudanças. A discussão sobre o papel das marcas e plataformas de redes sociais na construção de um cenário transformador no que tange temas como sustentabilidade e impacto social não é nova. Mas a forma como marcas e consumidores passarão a abordar esses assuntos pode ser modificada pelo acesso a tais tecnologias. Acredito que a inteligência artificial já está trazendo elementos nesse sentido – influenciando até nossas prioridades. Estamos falando de máquinas mais humanas – ou humanos mais sistematizados?

O line-up deste SXSW 2023 também reforça o elemento-chave por trás da concepção de todas as camadas que se desenham nesse novo ecossistema: há algo de (realmente) muito poderoso na economia de comunidades. O estabelecimento e a manuteção desses grupos tornou mais palpável a conexão entre inovação e co-criação. Esta economia vem fortalecendo novas possibilidades de processos criativos – e novos desafios no que se refere a coleta, análise e aplicação de dados. Afinal, são essas informações que levam plataformas como ChatGPT à eficácia – foi assim com as redes sociais. Minha aposta é que o termo community também será o fio condutor de muitas conversas na próxima semana.

Logo saberemos se acertei meus palpites.