Metodologia brasileira no live commerce
Etienne Du Jardin, co-fundadora e CPO da startup brasileira Mimo Live Sales, comenta as particularidades da tecnologia no Brasil
Etienne Du Jardin, co-fundadora e CPO da startup brasileira Mimo Live Sales, comenta as particularidades da tecnologia no Brasil
Carolina Huertas
2 de novembro de 2022 - 7h19
Com a aceleração do consumo digital causado pela pandemia, as marcas tem explorado cada vez mais diferentes formas de inovar no e-commerce. Entre as estratégias, o live commerce vem ganhando espaço no mercado e trazendo oportunidades de vendas para as marcas e melhores condições para os consumidores. Apesar de, no Brasil, a tecnologia ainda estar em uma fase de educação de mercado, a ação já é tendência na China desde 2019.
Para explorar a solução na América Latina, Etienne Du Jardin fundou a Mimo Live Sales ao lado de Monique Lima, em 2020. Com uma tecnologia proprietária e atuando em pelo menos 16 segmentos, a plataforma SaaS whitelabel funciona dentro do ambiente das marcas, site ou app, e gera entre 10% e 30% de conversão de vendas, segundo a empresa
A startup estará presente no Web Summit 2022 na exposição e com a palestra “Live Commerce, a tendência que chegou para ficar”. Em aquecimento da participação brasileira ao evento, Etienne Du Jardin conta ao Meio & Mensagem sobre o avanço da tecnologia no País e as expetativas para o momento.
Meio & Mensagem – Após o sucesso no mercado da China, como foi a adaptação da tecnologia ao mercado ocidental?
Etienne Du Jardin – O Live commerce é super democrático e acaba tendo um fit grande com todas as culturas. Nós vimos que, na China, é um boom desde 2019. Entretanto, quando trouxemos para cá, tivemos a preocupação de ocidentalizar, tropicalizar para fazer com que a experiência de live commerce que ia super bem lá, tivesse muito mais aderência com o nosso comportamento de consumo na América Latina, Estados Unidos e Europa. O consumo chinês é completamente diferente do ocidente, eles são nativamente digitais e têm uma relação diferente com o digital. Ao entrar em uma live, ao invés de aparecer o seu nome, você tem um ID. Eles também têm muita poluição visual. Durante a live aparece bump de promoção toda hora, o chat vai até o meio da tela e você não consegue esconder, tem muita informação acontecendo. Além de terem promoções relâmpago onde no meio da transmissão o produto fica em 50% por cinco minutos, por exemplo. Fizemos o teste aqui no Brasil e quase fomos linchados, as pessoas que tinham acabado de comprar reclamaram. Por isso, fizemos diversos testes com a área de pesquisa e desenvolvimento para descobrir as diferenças. Hoje, nós vemos que essa ocidentalização funcionou muito bem, temos uma experiência que é muito mais limpa, onde nós deixamos o nosso consumidor totalmente protagonista na experiência. É uma interface que prioriza quem está ali comprando, eles podem fazer coisas simples como esconder o chat, temos catálogo de produtos para destros e canhotos etc.
M&M – Qual é a importância de participar de um evento como o Web Summit?
Etienne – No ano passado, fomos como beta startup a convite do Web Summit. Nesse ano, estamos indo como growth startup, que é o que eles enxergam como as startups de tecnologia que estão em um crescimento exponencial. Teremos um stand novamente esse ano, maior, com mais pessoas do nosso time, só que a expectativa está muito mais ligada a expansão e em como trazer mais tecnologias e como plugá-las ao nosso negócio. Quando começamos, nós nos posicionávamos como uma startup de live commerce, hoje, já nos posicionamos como uma startup de soluções digitais para os nossos clientes. Porque e-commerce é o nosso carro chefe, mas acabamos plugando diversas outras tecnologias para aumentar as vendas e humanizar as relações deles no digital. Sendo assim, estamos com a expectativa de conquistar mais clientes na Europa, porque recebemos muitas marcas lá no ano passado e se conectar com empresas que tenham o mesmo objetivo que nós de resolver os problemas da jornada de compra digital dos nossos clientes.
M&M – O Web Summit abordará diversas tecnologias como NFTs, IA e metaverso, além de temas da Web3. Já é possível unir esses elementos com o live commerce?
Etienne – Nós conseguimos conectar todas as tecnologias emergentes dentro da live commerce. A Sabrina Sato é uma das investidoras da Mimo e já tivemos conversas sobre o avatar dela, a Satiko, fazer a apresentação de uma live. Tem alguns clientes que já estamos conversando em que o meio de pagamento deles ao invés de ser só cartão e Pix, também possa ter NFT. Nós ainda estamos em um momento educacional no Brasil. Por isso, vamos avançando com o cliente em baby steps, mas sempre explorando isso com as marcas. Nós fomos a primeira plataforma a fazer uma live commerce com realidade aumentada. Em parceria com a R2U, fizemos esse case superlegal da Zissou, vendendo colchão, que fez com que eles acabassem com o estoque inteiro, porque na live as pessoas conseguiam colocar ele em casa para ver se cabia ou não. Quando apresentamos ficamos na dúvida se iria vender, porque colchão ainda é algo que as pessoas querem ver se é macio ou não, mas foi um sucesso. Criamos um storytelling com duas influenciadoras que tinham acabado de se mudar e estavam comprando itens novos para a casa. Nós explicávamos através da live as funcionalidades e incentivávamos a colocarem o QR Code dentro do quarto para testar. É possível fazer isso com diversos produtos.
M&M – O quão avançado o mercado brasileiro está para receber as tecnologias e inovações?
Etienne – Nós acreditamos que o Brasil é um grande polo de inovação como é o Vale do silício, a China e Israel. Temos muita coisa boa acontecendo aqui. Nosso ecossistema de startup e inovação está cada vez maior e nós temos muita marca grande e média que está muito ligada. Hoje, ter uma área de inovação e de tecnologia é cada vez mais comum até para clientes menores. Com isso, toda vez que nós quisemos trazer alguma coisa para cá, tivemos uma receptividade muito grande do mercado. Às vezes, acabamos colocando dentro do nosso roadmap alguma coisa um pouco mais para frente, mas é por querer fazer as coisas muito bem-feitas. Não tem nada destas tecnologias exponenciais que a gente não tenha certeza absoluta de que conseguiríamos implementar aqui no Brasil com os clientes. O nosso consumidor é muito ligado em tecnologia e inovação. Nós somos early adopters em todas as plataformas sociais justamente por isso, gostamos de estar na ponta dessas tecnologias.
Compartilhe
Veja também
A hora e a vez do propósito
Me chamou bastante atenção o quanto os investidores têm focado em pautas e agendas ESG de modo geral
Vale a pena ir para Portugal?
Meu Pós-Web Summit foi recheado de visitas e encontros importantíssimos para alavancar a ideia de sairmos do PowerPoint e partirmos para a prática.