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2023: já não dá mais pra elogiar somente nossa beleza

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Women to Watch

2023: já não dá mais pra elogiar somente nossa beleza

Falemos mais frequentemente para os meninos à nossa volta que mulheres podem ser, sim, bonitas E inteligentes   


13 de março de 2023 - 9h31

Crédito: Viktoria Kurpas/Shutterstock

Aconteceu numa palestra.  

Há alguns dias, fui a um evento. Uma empresa recebeu carinhosamente um grupo de colegas do mercado para uma palestra (cujo conteúdo parecia muito promissor) e um happy hour.  

Chegamos, conversamos, revimos amigos queridos e nos sentamos para ouvir o palestrante – que de fato trouxe um conteúdo superbacana.  

Mas vocês já perceberam que as histórias que tenho contado aqui nesta coluna, neste ano, sempre vem com um porém, não é mesmo?  Pois esta vem com três.  

Começa com o fato de que por qualquer razão que a gente não explica, a maior parte dos homens se sentou à direita dos palestrantes – e as mulheres, à esquerda.  

Quem adivinha o que aconteceu? É isso mesmo: o palestrante passou uns bons 15 minutos da apresentação falando só com o lado direito da plateia.  

Para ilustrar alguns dos cases que mostrava, ele trouxe alguns objetos que entregava para a plateia “ver com as mãos”. Na primeira destas intervenções, uma das anfitriãs se levantou e o ajudou a distribuir estes materiais (uma gentileza, mesmo).  

Dali para frente, sempre que ele precisava passar algo pra nós, a chamava e pedia que ela fosse lá na frente pegar o objeto da vez. E eu não o ouvi pedir “por favor” uma única vez.  

Para fechar com chave de ouro, ele me chama para experimentar um destes produtos ali na frente (eu estava sentada na primeira fileira), com um texto mais ou menos assim: “é sempre bom ter uma mulher bonita no palco”.  

Vejam: qualquer mulher gosta de ser elogiada. E eu tenho certeza de que ele achava que ao fazer este comentário estava agradando. Mas gente: 2023, né?  

O vocabulário potencial de elogios para uma mulher é muito maior do que “beleza”. E reduzir mulheres a apenas a aparência delas é algo que precisamos lutar todos os dias.  

Fui lá, experimentei o brinquedo e me diverti.  

Mas voltei para minha cadeira pensando que por muito tempo as mulheres foram separadas entre “as bonitas e burras” e “as inteligentes e feias”. E que esse estereótipo não só ainda se perpetua em alguns grupos, mas também provavelmente é raiz de muitas síndromes de impostora por aí.  

Então, proponho uma ação de todas nós começando neste mês de março: falemos mais frequentemente para os meninos à nossa volta que mulheres podem ser, sim, bonitas E inteligentes.   

E às meninas, diariamente, lembremos que elas são.  

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