Cris Duclos

Diretora de imagem e comunicação da Vivo

Ao ser questionada sobre a principal característica de sua personalidade, Cris Duclos recorre ao mote de uma recente campanha de sua própria empresa. “Quando lançamos o conceito ‘Usar bem, pega bem’, quisemos alertar as pessoas de que a tecnologia é bacana, desde que seja usada com moderação. A ideia é ótima. Só falta aplicá-la em minha própria vida”, confessa, entre gargalhadas, a diretora de imagem e comunicação da Vivo.
Hiperconectada assumida, ela admite que as 150 pessoas que estão sob sua gestão têm razão em afirmar que ela parece ligada no 220 V. “Gosto de estar sempre
em contato com as pessoas, olhando o celular, acompanhando tudo o que acontece e não tenho dificuldade de fazer várias coisas ao mesmo tempo. Se fico dois minutos esperando o elevador, por exemplo, já aproveito o tempinho para falar com uma amiga”, brinca a executiva.
Coincidência ou não, esse perfil multitarefa de Cris condiz com as transformações que a própria Vivo vem passando em sua atuação no País. De empresa de telefonia móvel à operadora fixa, de internet e de TV paga, a marca hoje é múltipla, o que exige que suas estratégias de marketing e comunicação também sejam. Desde quando ingressou na companhia, há quase sete anos, ela aprendeu a lidar com a ideia de que tudo aquilo que controla hoje será, provavelmente, bem diferente amanhã. “A realidade que vivemos com smartphones e tecnologias era impensável há dez, 15 anos. Tudo evolui muito rápido e, por conta disso, a indústria é bastante nervosa e muito competitiva”, define.
Dentro dessa pulsação frenética, no entanto, a diretora não deixa espaço para stress e nem para culpas. Com tantas atribulações, ela reconhece que a imagem de supermulher, que é atribuída muitas vezes a líderes de mercado, não passa de uma ilusão. “A pergunta que mais ouço das pessoas é como consigo dar conta do trabalho, do marido, dos filhos, dos amigos, da corrida e dos compromissos. E minha resposta é prática: não dou conta de tudo. Temos de equilibrar, abrir mão de algumas coisas e tentar fazer aquilo que está dentro de nosso limite”, ensina, revelando alguns truques para lidar com essa rotina equilibrista. “Já cheguei a sair de uma reunião, assistir à apresentação da minha filha na escola, voltar e ainda participar da mesma reunião”, diverte-se.
E se o lar geralmente é o ambiente para deixar de lado os assuntos de trabalho, na casa de Cris essa regra não é muito válida. Casada com o redator Ricardo Chester, da AlmapBBDO, eles inevitavelmente levam assuntos de trabalho para casa. Os filhos Theo, de 11 anos e Sofia, de nove, tratam de policiar os pais. “Eles reclamam, ficam imitando a gente. É bem engraçado”, revela. Para ela, a qualidade dos momentos passados com a família é primordial. “Acompanho as crianças no que posso, ajudo a fazer lição, vamos passear, viajar. Não posso estar o tempo todo com eles, mas quando estou, quero que seja o melhor possível”. E os filhos não reclamam? “Reclamam, sim. Mas aí brinco que vou pedir demissão e rapidinho eles mudam de ideia”, ri.
Essa capacidade de gerir tantas pessoas e ambientes — que lhe renderam importantes reconhecimentos profissionais, como o prêmio Caboré de Profissional de
Marketing, em 2013 — também é resultado da experiência anterior de 11 anos na Claro e BCP, onde assistiu à privatização da telefonia móvel no Brasil. “Vi o setor nascer”, orgulha-se a paulista, que quase trocou a bem-sucedida carreira em marketing pelos cuidados com os animais, no campo. Ela chegou a fazer curso técnico de biologia, com a meta de se tornar veterinária, abandonando a ideia logo depois, para cursar administração, em São Paulo. Depois, solidificou sua permanência na área com um MBA e especialização em gestão empresarial. Questionada sobre o futuro, a Cris mãe e mulher revela o desejo de manter a
harmonia familiar, ver os filhos felizes nas escolhas profissionais e passar mais tempo na companhia de seus pais. Já a Cris executiva gostaria de continuar colaborando para a evolução da indústria da comunicação e, talvez, atuar na esfera comercial — o único departamento da área de Telecom pelo qual ainda não passou.
E as “duas” Cris — a mulher e a profissional — também esperam ver mais igualdade. Nas empresas, nos lares e em todas as esferas sociais. “Fico muito feliz que esse tema da igualdade esteja em alta. Estamos evoluindo, mas o peso que as mulheres carregam ainda é muito maior. Quanto mais igualitária for a sociedade, seja em termos de gênero, de classe social, de tudo, melhor será para todos”, almeja.

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