Assinar

Existem 1001 maneiras de criar aplicações de Inteligência Coletiva. Invente uma.

Buscar

Existem 1001 maneiras de criar aplicações de Inteligência Coletiva. Invente uma.

Buscar
Publicidade
Ponto de vista

Existem 1001 maneiras de criar aplicações de Inteligência Coletiva. Invente uma.


30 de outubro de 2012 - 12h19

É bastante provável que a ideia de fazer um ‘video colaborativo’ tenha passado por suas mãos. Foi assim que começamos a fazer comunicação 2.0. Hoje porém, vemos novas possibilidades com o surgimento a todo instante de “aplicativos de Inteligência Coletiva” desenvolvidos nos campos da medicina, informática, ensino, ciências sociais, economia, política, ativismo, entretenimento etc. Iniciativas que partiram da premissa de que a Web está cheia de gente disponível para colaborar direta ou indiretamente. Não apenas em troca de prêmios, fama e futilidade, mas também em nome de causas relevantes para a sociedade.

E que diabos são aplicativos de Inteligência Coletiva?

São ferramentas, ou sistemas que transformam a colaboração coletiva em geração de conhecimento. Poderíamos passar o dia dando exemplos como: o Wikipedia, sites crowdfunding (de shows aos mais variados projetos), Wikileaks, abaixo-assinados digitais (Avaaz, Greenpeace), mobilizações de ajuda em catástrofes (connecting lifelines, da Honda), a nova Constituição da Islândia (escrita a partir de inputs das redes sociais), geomapping 2.0 de Marte feito pela Open.Nasa , etc.

Para as marcas, essa é uma grande oportunidade de explorar novas fronteiras da comunicação 2.0 e engajar seus públicos através de atitudes, expressões e colaboração por um mundo melhor, mais aberto, mais acessível.

Aqui 4 exemplos inesperados de aplicações de inteligência coletiva em medicina diagnóstica, biogenética e geração de conhecimento acessível e gratuito. Ações muito além dos vídeos colaborativos, que espero inspirarem a criação, planejamento ou aprovação de novos projetos de comunicação 2.0.

1. Re-Captcha: a universidade coletiva que ensina computadores a ler livros antigos

Sabe aquelas letrinhas irritantes que você é forçado a digitar tantas vezes por dia para comprovar quem você é? O Captcha é um procedimento anti-hacking usado em quase todos os sistemas web do mundo que envolvem cadastro. O captcha funciona justamente porque humanos conseguem ler essas letrinhas tortas e computadores ainda não (e isso impede que hackers interpretem esses códigos de segurança).


wraps
Mas o que tem isso a ver com inteligência coletiva? Um dos inventores do Captcha – Luis von Ahn– observou que a humanidade gasta 500 mil horas por dia digitando captchas e criou uma maneira de usar essas horas para ajudar computadores a digitalizar livros, através do Re-Captcha. Ao invés de um montão de letras, esse sistema (que você notará que é cada vez mais comum) mostra uma palavra scaneada de um livro (que o computador não consegue ler) e outra palavra usada para o sistema anti-hacking. Ou seja, 750 milhões de internautas estão ensinando computadores a lerem livros indecifráveis a uma velocidade de 500 mil horas-aula/dia, ou 100 milhões de palavras/dia.

2. Duolingo: uma metodologia de ensino grátis e online de idiomas, criada para traduzir toda a Web aos principais idiomas do mundo.
wrapswraps
Os inventores do Re-Captcha então, felizes com os resultados obtidos, decidiram inventar um novo desafio: traduzir a Web para todos os principais idiomas do mundo. A solução foi o Duolingo: o site que convida usuários a aprenderem um idioma novo grátis, enquanto traduzem a Web e ampliam o acesso da informação a mais gente no planeta. A ideia parte do fato de que existem 1.2 bilhões de pessoas no mundo aprendendo um idioma novo e de como usar esse interesse e massa de colaboradores para realizar algo que parecia impossível.

O projeto tem demonstrado que, além dos alunos conseguirem aprender novos idiomas dessa maneira, é possível obter traduções eficazes e precisas a partir das lições dos alunos (analisadas por computador para eliminar erros). Segundo seu criador, com 100 mil usuários, o Duolingo levaria apenas 5 semanas para traduzir toda a wikipedia do inglês para o espanhol. Um trabalho que custaria 15 milhões de dólares se fosse feito por tradutores contratados, mas que sai grátis se conta com a colaboração de alunos aprendendo espanhol pela Internet.

3. MalariaSpot.org: o jogo online de diagnóstico de malária por celular 
wraps
MalariaSpot é a primeira campanha mundial de diagnóstico de imagens médicas crowdsourced. Trata-se de um jogo online em que os internautas encontram parasitas de malária em imagens reais digitalizadas a partir de amostras de sangue.

O objetivo é testar a viabilidade do diagnóstico crowdsourced pelo celular e criar uma comunidade de jogadores, ou seja, pessoas qualificadas para diagnosticar a malária online.

Através do aplicativo, amostras de sangue podem ser scaneadas e distribuídas pela Web para que especialistas a avaliem de forma remota. Ou seja, funciona como uma plataforma de conexão mobile entre pacientes em áreas afetadas por malária e especialistas em todo o mundo. Assim, o projeto prevê a capacitação de um novo tipo de especialista: jogadores-trabalhadores treinados para diagnosticar malária. Isso possibilitará oferecer ao mundo diagnósticos precisos e em grande escala.

Segundo Dr. Luengo-Oroz – investigador chefe do projeto – uma pequena porcentagem do tempo gasto por usuários de celular em jogos permitiria diagnosticar todos os casos de malária do mundo e assim evitar a morte dos quase meio milhão de crianças todos os anos.

4. GPUGRID.net: a rede social de compartilhamento de computadores que permite a qualquer usuário participar da investigação de curas biogenéticas 
wrapswraps
Estive numa visita ao PRBB (Parque de Investigação Biomédica de Barcelona) conhecendo uma de suas áreas que investiga medicamentos e tratamentos bio-genéticos contra câncer e HIV. E qual não foi meu susto ao descobrir que esses cientistas não misturam apenas biologia molecular, física, química e design 3d, mas também gamefication!

Explico. A investigação deles está baseada na simulação de sistemas genéticos em 3d, para analisar como funciona a interação das proteínas com os genes. E tudo isso, custa muita memória de processamento para imagens. Uma investigação pode levar meses de computadores fazendo cálculos. Um dos investigadores – Dr. Ignasi Buch – conta que inicialmente, os cientistas hackeavam placas de PlayStation para processar essas imagens, até que tiveram a ideia de criar uma rede social. Qualquer pessoa pode se cadastrar no GPUGRID.net e contribuir com a ciência compartilhando a memória de seus computadores pela Web por algumas horas/semana.

O mais interessante é ver gênios como Dr. Ignasi terem de dividir seu precioso tempo entre desvendar o complexo ecossistema genético humano e pensar em maneiras de engajamento do público na rede social deles: analisando perfil, comportamento de público; fazendo community management; criando estratégias de badges, fidelização e premiação social.

Fora essas 4, existirão pelo menos outras 997 maneiras de criar ferramentas de inteligência coletiva. Invente uma … e compartilhe!

Philippe Bertrand é diretor de conteúdo da DM9DDB

Publicidade

Compartilhe

Veja também

  • Quem explica o torcedor brasileiro? Betano celebra o futebol em campanha

    Quem explica o torcedor brasileiro? Betano celebra o futebol em campanha

    Patrocinadora do Campeonato Brasileiro destaca a paixão da torcida e anuncia nova edição da Casa Brasileirão Betano para 2025

  • Como o acordo entre Omnicom e IPG depende de dados e automação

    Como o acordo entre Omnicom e IPG depende de dados e automação

    A aquisição é vista como uma forma de ganhar mais força e tamanho em um cenário de mídia em constante mudança