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Comunicação

Tudo e A Ponte mapeiam eventos regionais

Parceria abre possibilidade de associação entre André Torretta e Grupo ABC


29 de outubro de 2012 - 10h43

A continentalidade do Brasil e sua diversidade cultural tornam a implementação de estratégias regionais de comunicação um caminho difícil. “As marcas usam a regionalização como discurso. Quem faz isso na prática é ponto fora da curva”, defende Mauricio Magalhães, presidente da agência Tudo. Ciente desse desafio, ele se uniu a André Torretta, da consultoria A Ponte, focada em classe C.

A intenção dos dois é mapear as oportunidades de regionalização possíveis a partir da experiência que acumulam em suas disciplinas: Magalhães em promoção e regionalização (antes da Tudo, ele foi diretor de conteúdo e entretenimento da Rede Bahia), e Torretta no diálogo entre marcas e a nova classe média. “Meus clientes começaram a pedir coisas além do meu serviço de consultoria”, comenta Torretta. “Apenas formatamos um conhecimento que já tínhamos.”

Esse mapeamento de oportunidades levou sete meses e reuniu os esforços de uma equipe de oito profissionais das duas empresas. Ao todo, seis mil eventos foram listados, obedecendo ao menos um dos seguintes critérios: ser realizado em cidades com mais de cem mil habitantes, atrair público superior a dez mil pessoas ou ter grande relevância cultural. Num primeiro corte, 1,3 mil eventos foram selecionados para compor a plataforma que, provisoriamente, vem sendo chamada de Arroz de Festa. Nela, é possível obter detalhes de cada um dos eventos — como periodicidade, patrocinadores e perfil do público. De agora em diante, a equipe trabalha para aumentar o banco de dados até que se chegue a todos os seis mil eventos rastreados, nas cinco regiões brasileiras.

O levantamento conduzido por Tudo e A Ponte registrou algumas tendências sobre eventos ao redor do País. Uma delas é a expressividade do mundo rural e do mundo religioso. Eles concentram um volume importante de eventos ao longo do ano (113 e 191, respectivamente), mas são pouco explorados pelas marcas não ligadas diretamente a esses públicos.

Outro apontamento foi a consolidação do período de Natal e Ano-Novo como um produto turístico de cidades além do Rio de Janeiro (Florianópolis e Gramado são dois exemplos). O levantamento encontrou, ainda, 89 festas gastronômicas Brasil afora, muitas celebrando alimentos (como frutas ou ingredientes regionais).

Já os eventos culturais chegam a 341, dos quais 160 estão na região Sudeste. A polarização de eventos no inverno e no verão, bem como a concentração de eventos na região Sul no segundo semestre foram outros dois apontamentos que chamam a atenção (veja mais dados no gráfico abaixo).

 

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Aos negócios
A extensa base de dados agora deve começar a ser comercializada. As informações podem ser vendidas de forma bruta para anunciantes ou com recortes pensados para solucionar problemas de comunicação regionais. Partindo dos dados da plataforma, a Tudo oferecerá seus serviços de agência que podem ser implementados para ajudar a resolver problemas locais dos clientes.

Essa última possibilidade dificultaria o modelo de divisão de lucros entre Tudo e A Ponte, já que a consultoria de Torretta teria um papel mais determinante em relação aos dados — e menos em relação à execução das estratégias definidas a partir deles. A forma como o negócio se estruturará está em discussão.

Há três modelos em análise. A plataforma Arroz de Festa pode ser administrada como uma empresa independente, com a Tudo e Torretta como sócios; pode ser uma joint venture entre o Grupo ABC e A Ponte; e, por fim, discute-se a possibilidade de a consultoria de Torretta ser comprada pela holding liderada por Nizan Guanaes — e passar a concentrar a administração dos dados da plataforma. Um desfecho deve se desenhar no próximo mês.

Agência admite dois sócios
Além de lançar a plataforma Arroz de Festa, a Tudo passa por um momento importante de reorganização societária. Cleber Paradela, diretor de planejamento, e Iron Neto, diretor de produção e artístico, foram admitidos como sócios minoritários, ao lado do presidente Mauricio Magalhães e de Sissi Valente, diretora de operações que passou a ter ações em 2010. O controle acionário permanece com o Grupo ABC. 

“Estamos valorizando dois talentos da casa, pensando no processo de sucessão da agência, algo pouco comum em nosso mercado”, destaca Magalhães. Paradella foi levado para a Tudo por Magalhães assim que a agência foi criada. Os dois trabalharam juntos no Festival de Verão de Salvador (o presidente da Tudo foi criador do evento e Paradella, responsável pelas estratégias digitais). Já Neto está na casa há quatro anos, com passagens anteriores por Power 4 e Banco de Eventos.

Enquanto admite dois novos sócios, a Tudo finaliza a contratação de um diretor de criação para substituir Roberto Cipolla. O profissional deixou a agência no início do mês rumo à Africa Zero, recém-criada por Nizan Guanaes. 

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