Milena Seabra
10 de janeiro de 2013 - 9h26
Início de ano é sempre momento de apostas, previsões, promessas e sonhos para o ano que se inicia. Muita energia renovada e a necessidade cada vez maior de se reinventar.
Essa necessidade de se reinventar é vivida por todo mercado, já que o consumidor busca a cada dia novas experiências e a quantidade de informação e a tecnologia criam novos hábitos para esse consumo. Mas a indústria que mais precisa se reinventar nesse momento é a editorial, que vive um cenário de transformação devido à abundância de informação e à facilidade na geração de conteúdo.
A verdade é que estamos vivendo um grande paradoxo, pois como já tive a oportunidade de escrever aqui, em outro artigo, nunca lemos tanto, nunca tivemos tanta informação sendo gerada e consumida, mas o modelo de negócio da indústria editorial está sendo repensado, pois passa por um momento crítico e delicado. A internet quebrou todas as barreiras, pois revolucionou o negócio das mídias e o hábito no consumo de informação, com isso os jornais e revistas buscam o caminho para encontrar a rentabilidade e o equilíbrio financeiro.
O fato é que com a tecnologia toda empresa pode se transformar em mídia, mas nesse cenário é importante destacar que o sucesso mesmo virá da qualidade e relevância do conteúdo gerado, pois só isso trará a audiência que pode ser transformada em resultado, seja pela venda de publicidade, seja pela venda do próprio valor do conteúdo.
Na última edição da HSM Management, a revista trouxe um especial chamado “Dossiê Mídia Ambidestra” que vale muito a pena ser lido. O Dossiê aborda o momento vivido na indústria da mídia, principalmente pelos jornais, com base em três estudos, o World Press Trends, realizado pela WAN-IFRA, Global Entertainment and Media Outlook, da PwC e o Global Media & Entertainment High Performance Study, da Accenture, além de conversas com especialistas da área.
O Dossiê com pouco mais de 20 páginas, aborda questões muito interessantes como a missão do jornalismo na produção do conteúdo e o papel cada vez mais importante de avaliar e filtrar a informação, dando a devida relevância, para que o leitor possa não só conhecer os fatos, mas entender seu significado. Nesse ponto a credibilidade da marca e a confiança que o leitor deposita no veículo fazem muita diferença nessa relação.
Confirma também a tendência já apresentada ao mercado nesses últimos anos, o crescimento dos tablets e smartphones que passam a garantir cada vez mais aos jornais a participação e o compromisso dos leitores e a necessidade de interação e relacionamento com o público, reforçando o conceito da participação cidadã como geradora de conteúdo.
O dossiê apresenta ainda toda discussão em torno da tendência do Paywall e os novos papéis que podem estar surgindo ao longo dessa cadeia de valor. Como proposta de ação, foram apresentadas seis medidas para que a indústria reinvente seu modelo de negócio. Entre elas vale a pena destacar:
– a reafirmação de seu valor real e a venda de curadoria e opinião, não apenas a informação,
– o foco no consumidor, para entender cada vez mais o que é relevante e entregar um produto e serviço que realmente agregue valor e assim atuar fortemente na experiência e relacionamento com o leitor,
– investir em inovação para criar novos diferenciais, já que estamos vivendo um momento de transição e não uma crise momentânea.
Apesar de ninguém ter as respostas, todos estão no caminho, mas uma coisa é certa, a tecnologia e a internet realmente provocaram uma revolução e uma nova forma de comunicar, mas trouxeram também muitas oportunidades. Por exemplo, sabemos que diante de todos os desafios nunca foi tão importante o conhecimento e o relacionamento com o consumidor, e essa mesma tecnologia que causou a ruptura do modelo de negócio é a que possibilita um alto volume e qualidade de informações sobre o comportamento de consumo.
Nesse momento é vital para qualquer negócio e para qualquer marca entender cada vez mais quem são e como se comportam esses consumidores, para assim descobrirmos produtos, serviços e conteúdos que sejam de fato relevantes e façam a diferença diante de tanta oferta.
Milena Seabra é diretora de comunicação e relacionamento do GRPCOM – Grupo Paranaense de Comunicação
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