“Acho saudável que haja revisão de contratos”, diz Bob Vieira
Fundador da nova/sb conta como foi o processo de criação de um sistema de compliance na agência e sua expectativa em relação as ações do governo Temer voltadas a contas públicas
“Acho saudável que haja revisão de contratos”, diz Bob Vieira
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Luiz Gustavo Pacete
30 de maio de 2016 - 7h00
A nova/sb é uma agência com um número considerável de contas ligadas ao governo como Caixa, BNDES, Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom) e o Banco Central. Empresas e órgãos que passam por mudanças no comando desde que Michel Temer assumiu a presidência interinamente. Bob Vieira da Costa, sócio-fundador da agência, acaba de implantar um sistema de boas práticas de negócios, o “Programa de integridade corporativa”, que demandou investimentos de R$ 500 mil. Em entrevista ao Meio & Mensagem, o publicitário diz que vê como positiva a possibilidade de Temer rever contratos publicitários de empresas e órgãos ligados ao governo e conta como se deu o processo de criação do seu sistema de compliance.
Meio & Mensagem – O que motivou a agência a criar um sistema de compliance?
Bob Vieira da Costa – Somos uma agência com foco e expertise em comunicação de interesse público. Trabalhamos intensamente com governos desde 2005. Já adotamos neste período algumas práticas de transparência. Na época do mensalão, aceleramos os processo de transparência como, por exemplo, não cobrar a bonificação de volume de produção. Há dois anos, quando começaram as discussões sobre a Lei Anticorrupção procuramos um escritório de advocacia para que estabelecêssemos um sistema de boas práticas.
M&M – Qual foi o nível de complexidade na criação deste sistema?
Bob – Sem duvida é algo muito difícil de se aplicar em uma agência de publicidade. Existe uma porção de regras de integridade corporativa, de relação com os veículos, como estabelecer relacionamentos, depois envolve produtoras, gráficas, uma quantidade de fornecedores impressionante. Isso tornou o nosso desafio complexo. Mas fomos incorporando códigos nas relações e uma adoção rigorosa de critérios técnicos.
M&M – Quem é o responsável pela aplicação das regras dentro da agência?
Bob – Trouxemos um gerente de integridade corporativa, Bruno Fagali, ele veio da área jurídica. Também criamos um comitê de ética de funcionários. Esse profissional inclusive não pode ser demitido em um período de 36 meses. Não existe diferença de tratamento para sócios ou qualquer outro funcionário.
M&M – Acha que a aplicação de experiências como está pode se repetir no mercado publicitário?
Bob – Não é algo simples. Nosso mercado sempre teve dificuldade de se alinhar a alguns tipos de regras. Haja vista que nunca uma agência brasileira conseguiu abrir capital na bolsa. Boa parte das regras de funcionamento do nosso mercado são atípicas para se enquadrar em um processo como esse.
M&M – Em que fase está o projeto e quais os próximos passos?
Bob – Ele já está aplicado em nosso dia a dia e o submetemos à Controladoria Geral da União. Ter esse sistema aplicado vai nos ajudar em uma nova fase da agência que é atender contas do perfil da Organização Mundial da Saúde (OMS), por exemplo, cujos códigos de compliance são altamente rigorosos.
M&M – Desde que Michel Temer assumiu a presidência existe a expectativa de que ele vá revisar contratos publicitários, qual sua opinião a respeito?
Bob – Acho saudável e importante que seja feito. Neste momento, estamos muito bem documentados e abertos. Esse processo nos faz não ter nenhum tipo de preocupação quanto a transparência. Acho que a revisão é algo correto e saudável e absolutamente normal e importante.
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