Tóquio 2020: uma imagem, duas opiniões
Veja o que pensa Fred Gelli, criador da logomarca da Rio 2016, e Margot Takeda, jurada brasileira de design no Cannes Lions 2016 sobre a logomarca dos jogos japoneses
Veja o que pensa Fred Gelli, criador da logomarca da Rio 2016, e Margot Takeda, jurada brasileira de design no Cannes Lions 2016 sobre a logomarca dos jogos japoneses
Teresa Levin
27 de abril de 2016 - 17h21
O processo definição foi marcado pela polêmica mas na última segunda-feira, 25, o Comitê Organizador dos Jogos de Tóquio 2020 finalmente apresentou a logomarca que representará o evento. O emblema, que é o principal símbolo das Olimpíadas, gerou opiniões diversas de especialistas e a reportagem de Meio & Mensagem ouviu dois dos principais representantes do design brasileiro a respeito de suas impressões sobre a logomarca japonesa.
Fred Gelli é sócio e diretor de criação da Tátil e comandou o processo de criação das logomarcas olímpica e paralímpica da Rio 2016, ambas assinadas pela sua empresa. Para ele, o processo feito no Japão teve uma gestão pouco eficiente, o que teria uma relação direta com o resultado. “Em uma oportunidade destas o Japão não conta a sua história. A estética japonesa é uma das mais poderosas do planeta, a tradição deles em design é secular, mas a marca não tira todo o partido da força da história estética e gráfica do design japonês”, avalia. Gelli diz ainda que todo o processo de escolha foi equivocado, não deveria ter sido aberto à participação de qualquer um.
O processo de definição da logomarca brasileira envolveu apenas empresas nacionais que atuam na área e o grupo que definiu as imagens vencedoras foi formado por especialistas. “No júri de Tóquio eles fizeram um pouco do que foi feito aqui na Copa, tinha até um super campeão de baseball como jurado. A marca olímpica é de uma complexidade e abrangência que muitas vezes quem não é especialista não alcança”, coloca, acrescentando que o julgamento foi superficial e pouco técnico. Gelli também acha que a marca japonesa poderá ter problemas nas aplicações. “Tem que estar em uma caneta e envelopar uma cidade. Me parece que isso não foi muito considerado ali”, avalia.
Outro lado
A jurada brasileira da categoria Design no Cannes Lions deste ano tem uma outra opinião. Margot Takeda, sócia-fundadora e diretora de criação da A10, não só gostou da marca como acha que ela representa bem a cultura japonesa. “Baseados na minha essência nipo-brasileira, minha experiência de 20 anos em design e a vivência em vários mundos, sobretudo na cultura japonesa aqui e no Japão, eu gosto e compreendo os valores desse logo: a simplicidade, a unidade, a sofisticação e a cultura japonesa”, diz.
Para ela, a marca sintetiza os propósitos essenciais das Olimpíadas: a paz, a união dos povos, a ética e o desenvolvimento humano por meio do esporte. Além disso, traz valores da cultura japonesa como a sofisticação dos detalhes representados por meio de elementos gráficos que remetem à arte do kirigame (técnica tradicional japonesa de corte em papel) e à arquitetura milenar dos encaixes naturais da construção em madeira. Ao contrário de Gelli, ela diz que a logomarca terá fácil aplicação. “Em diferentes suportes ou mídias, que pode se transformar e criar novos elementos e movimentos, essenciais para um projeto como este”, fala.
Sobre o processo de escolha, ela acredita que o processo de criação de um logo desta magnitude é sempre um grande desafio para os próprios criadores, organizadores e jurados. “Logos similares podem acontecer, apesar de toda a pesquisa prévia que os organizadores e criadores fazem”, diz. Margot finaliza acrescentando que uma votação por concurso aberto ao público com a participação dos organizadores e de profissionais competentes com olhar mais técnico e estratégico, analisando sua aplicabilidade e sua capacidade de interação em várias mídias, pode resultar em um grande sucesso.
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