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O médico de sua empresa

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Ponto de vista

O médico de sua empresa


31 de maio de 2013 - 12h46

Nestes meus quase 35 anos de mercado, desde quando – ainda na faculdade – comecei a trabalhar em uma agência de propaganda, só vi se agravar a recorrência de concorrências para a nossa área de comunicação, particularmente de propaganda, seja de conquista de contas, seja para a realização de jobs individuais. E, lamentavelmente, só vi piorar a relação, até chegarmos às denominadas mesas de compra.

Dizem que, quando crescemos, unimos o idealismo com o pragmatismo. Pois bem, meu idealismo continua não aceitando concorrência e achando mesa de compra o extremo do “requinte de perversidade” numa relação. Em tempo: entendo que, caso você esteja lendo este texto, saiba que estou falando de uma prática cada vez mais frequente para aprovar propostas de trabalho quase com os mesmos critérios da compra de parafusos – prevalece o preço – e a competência se nivela por baixo… Por favor, compradores de parafuso, não fiquem ofendidos, é só uma provocação com as pessoas do nosso negócio da comunicação.

Já o meu pragmatismo considera necessária a existência de concorrência em algumas situações, particularmente quando há uma enorme necessidade de transparência e governança, caso, por exemplo, de contas públicas. Mesmo assim…

A escolha de um prestador de serviços de inteligência é a opção por um intangível de alta confiança, dizem os manuais acadêmicos. No caso das agências, uma organização irá depositar nas mãos de um grupo de profissionais uma parcela importante e potencialmente decisiva de seu futuro. Saberá detalhes sobre fragilidades mercadológicas e novos movimentos que sua organização pretende fazer. Construirão juntos um bom diagnóstico e desenvolverão um caminho diferenciado e eficaz de solução.

Não resisto a uma comparação com a escolha criteriosa de um médico para cuidar de sua saúde. Pessoalmente ou via contatos e mídias sociais, você buscará referências. Quando entender que potencialmente encontrou um profissional a considerar, irá agendar uma consulta – não, amigo, o médico não irá prospectá-la nem convidá-lo para um almoço de aproximação – você pagará por essa consulta, até mesmo antes de falar com ele. Caso sinta, após a consulta, que existiu um processo de confiança se estabelecendo, você o adotará e confiará nele, de modo crescente.

Imagine escolhermos o médico do mesmo modo de uma concorrência: consultamos três especialistas; não pagamos nenhum e pedimos três laudos clínicos. Dois apontarão pneumonia dupla. Um apontará faringite. Seguindo os mesmos princípios, você escolherá este último, porque é mais leve e seu orçamento será menor.

Continuo achando que escolher prestador de serviço é a mesma coisa! Procure muito, ouça muito. Remunere por serviços menores até que o laço de confiança nos processos e produtos se estabeleça. Entregue-lhe a conta e aposte na relação. E, quando ele encaminhar você, ao local especializado, para fazer uma ressonância sofisticada, não solicite três alternativas e também não mande o pedido para seu contador aprovar, por favor.

Luiz Fernando Garcia é diretor-geral da graduação ESPM-SP 

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