Brasil pode tomar frente em series multimidia
Experiências como as produções Latitudes e East Los High são oportunidades pouco exploradas pelo mercado
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Igor Ribeiro
12 de agosto de 2013 - 9h50
O mercado brasileiro de séries de televisão comemorou quando foi promulgada a lei 12.485/2011, vigente há pouco mais de um ano. O texto prevê cotas reservadas a atrações nacionais independentes: três horas e 30 minutos semanais de conteúdo com essas características no horário nobre, semanalmente, é uma das exigências. A regulamentação passou a estimular um mercado antes diminuto. “Estávamos acostumados a fazer novela e, agora, temos demanda por séries, o que é muito diferente”, diz Maurício Mota, chief storytelling officer e co-fundador da produtora The Alchemists.
Os profissionais do audiovisual brasileiro ficaram, no entanto, no contrapé. Inexperientes nesse tipo de formato, produtoras, programadoras e canais estão aprendendo a desenvolver séries de ficção, especialmente no âmbito de roteirização. Essa fase transitória fica evidente na qualidade das produções atuais, muitas consideradas fracas por um público acostumado a séries como Breaking Bad, Mad Men e Homeland. A construção desse mercado é debatida por profissionais de televisão em reportagem da edição 1572 de Meio & Mensagem.
Alguns produtores e roteiristas conseguem, no entanto, suprir parte das carências de formação com formatos diferenciados. É o caso de Latitudes, escrita por Felipe Braga, que também foi roteirista de outras produções de destaque na grade brasileira, como Mandrake e Destino: São Paulo. Sua nova série conta a trajetória de um casal – interpretado por Alice Braga e Daniel de Oliveira – por diversas partes do mundo. São oito episódios de 35 minutos, independentes entre si, que estreiam primeiro no YouTube, a partir de 28 de agosto, para depois passarem na TNT, com 20 minutos cada. Ficará, ainda, disponível no Google Play, com 12 minutos por episódio, e depois formarão um longa-metragem de cinema, com 95 minutos.
“Junto dessa experiência de formato, também fazemos um teste de consumo, pois Latitudes pode ser vista no celular, na televisão no computador…”, diz Braga. A ideia segue ao sucesso de produções como House of Cards e Orange is the New Black, realizadas pela plataforma de video on demand Netflix. Concorre com elas East Los High, produzido por Mota nos Estados Unidos para o Hulu, serviço on demand que recebeu em julho um aporte de US$ 750 milhões de seus principais acionistas – Disney, 21st Century Fox e NBCUniversal.
“East Los High virou um case por ser a primeira da história da TV americana feita para latinos sem ser estereotipada – foi pensada para ser uma serie internacional”, afirma Mota. A série lembra Latitudes não só por ser latina e estar na web, mas por também ser um produto transmídia. “Foi criada inteiramente nesse processo: além dos 24 episódios de 30 minutos, há mais de 11 horas de conteúdo exclusivo, como um vídeo blog de orientação sexual, um jornal online da escola onde se passa a história e até um concurso de dança de verdade, entre outros”.
Por meio da Alchemist, Mota já havia produzido conteúdo transmídia para a série Heroes. Ele acredita que os roteiristas e produtores brasileiros tem uma ótima oportunidade no formato porque há poucas referências no mercado. “Como está muito no início, a gente deveria se entusiasmar não só em fazer séries boas, mas também multiplataforma. O canal ganha, o autor ganha e o anunciante ganha para caramba”, diz.
A íntegra desta matéria está publicada na edição 1572, de 12 de agosto, exclusivamente para assinantes, disponível nas versões impressa e para tablets do Meio & Mensagem.
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