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SXSW: Acima de qualquer tendência, inspiração é o que move o festival

Ale Valdivia, diretor da Alice Wonders, revela tudo que já viu e aprendeu no South by Southwest


12 de março de 2013 - 3h34

Por Ale Valdivia
Ilustrador, publicitário e diretor da Alice Wonders

O SXSW ou South by Southwest é um festival que une interatividade, música e cinema. Acontece em Austin, Texas, há duas décadas e durante 10 dias pessoas de todo o mundo e todas as partes dos Estados Unidos se reúnem para assistir as palestras, painéis de discussão, participar de workshops, ir a shows e estreias exclusivas de filmes, que assim como as bandas, podem ser blockbusters ou indies, completamente desconhecidos do grande público.

Essa é uma forma de se descrever o festival. A outra é pelos olhos de alguém que nunca esteve aqui antes – os meus por exemplo. O SXSW é um grande liquidificador que, nas palavras do diretor e idealizador do evento, promove criatividade, tecnologia e inspiração. Isso mesmo, inspiração! Não é um caldeirão, como alguns diriam, mas é uma grande mistura batida e homogeneizada, cujo principal objetivo é viabilizar uma ideia e torná-la conhecida e admirada pela comunidade, a versão geek que muitos chamam de público ou audiência. Estamos na era da colaboração e os antes excluídos nerds, agora elevados ao status de rock stars, foram os primeiros a perceber o poder do compartilhar ideias, esforços e ideais. A abertura do festival foi feita por Bre Pattis, fundador da Makerbot, uma empresa que faz impressoras 3D que qualquer um, com 2.200 dólares, pode ter em casa. O empresário-geek-celebridade, que vibrava contando que a NASA usa seu produto, repetiu inúmeras vezes que sem a participação dos clientes, o produto não seria tão bom. Eles criticam, elogiam, fazem sugestões e ainda compartilham experiências e modelos para impressão.

Mas essas ideias e ideais não são apenas tecnológicas, o evento se tornou um dos principais festivais de música e cinema do mundo: Olivia Wilde, Jim Carrey e Steve Carrel estão aqui para lançar seus filmes. Os brasileiros do Fresno também farão shows.

Austin é uma cidade de pequenas butiques e bons restaurantes, que em algumas regiões chega a lembrar o bairro paulistano da Vila Madalena de poucos anos atrás. O centro é pequeno, de avenidas largas e um equilíbrio perfeito entre a arquitetura ousada do vidro e aço e edifícios antigos muito bem preservados. A cidade em si promove o encontro de culturas diferentes, carrega o orgulho de ser texana, mas não demonstra em nada a megalomania que tornou o estado conhecido. Veem-se mais hipsters que caubóis, mas se come um churrasco de dar inveja a muito gaúcho.

E, especialmente, durante os dias do evento, essa mistura se intensifica. Aqui vemos pessoas de todas as origens, tipos, cores, idades e tamanhos, mas o que se ouve pelas ruas, em filas de restaurante ou entre aqueles sentados no chão antes da próxima palestra é uma única conversa séria e madura, de gente com um objetivo que precisa ser alcançado. Falam de estratégia, usam termos de tecnologia, se vestem como adolescentes, mas são grandes homens e mulheres que não desistem fácil e que desconhecem a palavra “impossível”. Não é à toa que eles estão mudando o mundo, e para melhor, bem melhor. Os investidores, sim, se vestem de adultos, eles são o caminho mais fácil para que aquele sonho ganhe as ruas e tem muitos deles por aqui buscando a próxima bola da vez, o próximo Facebook, o próximo Instagram ou o próximo Twitter, lançado aqui em 2007.

As palestras, painéis e workshops têm os temas mais variados e incluem games, arte e inspiração, carreira e trabalho, propaganda, marketing, redes sociais e, claro, tecnologia, muita tecnologia, mas abordada de uma maneira que empresários de todos os setores, professores, políticos e até meu filho de cinco anos deveriam vir para ouvir. A tecnologia mudou, tem mudado e ainda vai mudar muito a forma como vivemos, como nos relacionamos, como estudamos e todos podem fazer parte. Aliás, quanto mais cada indivíduo se envolve, maiores as chances dessas mudanças melhorarem nossas vidas. Hoje é possível aprender programação em cursos gratuitos online, de maneira tão simples que nos faz pensar como não aprendemos isso na escola. E por que nossas crianças ainda não estão aprendendo? Proibimos a tecnologia ao invés de fazer um melhor uso dela. As empresas proíbem redes sociais ao invés de treinar os funcionários a utilizá-las para o bem da companhia.

O SXSW ainda está só começando, mas uma lição eu já aprendi: não somos cegos, só estamos de olhos fechados e, como diria o velho político, juntos chegaremos lá!

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