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Em delação, Renato Pereira cita CDN, NBS e Propeg

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Em delação, Renato Pereira cita CDN, NBS e Propeg

Reportagem publicada pelo jornal O Globo revela trechos da delação do marqueteiro nos quais ele aponta desvios feitos através de NBS e Propeg para a campanha de Luiz Fernando Pezão e da CDN por meio de serviços eleitorais a Marta Suplicy


6 de novembro de 2017 - 10h43

Em reportagem publicada na edição desta segunda-feira, 6, o jornal O Globo traz detalhes da colaboração premiada assinada na Procuradoria-Geral da República (PGR) pelo marqueteiro Renato Pereira, sócio da agência Prole e responsável pelas campanhas de Sérgio Cabral, Eduardo Paes e Luiz Fernando Pezão a cargos públicos no Rio de Janeiro. De acordo com o jornal, as agências NBS e Propeg foram usadas pela construtora Andrade Gutierrez para um repasse de R$ 5 milhões à campanha do governador do Rio de Janeiro Luiz Fernando Pezão. A delação está no Superior Tribunal Federal à espera de homologação.

Em seu depoimento, Pereira informa que recebeu R$ 3 milhões através da NBS, agência que detém a conta da Oi desde 2002, empresa que era controlada por um grupo do qual a Andrade Gutierrez fazia parte. Na ocasião, a NBS integrava o PPR, mesmo grupo da Prole, e as duas mantinham uma parceria operacional. Segundo Pereira, a NBS simulou um pagamento à Prole para viabilizar o repasse da construtora à campanha de Pezão. Já a Propeg teria contratado a Prole para produzir um guia com uma relação de personalidades influentes do Rio de Janeiro, o qual teria sido, de acordo com o delator, “claramente superfaturado”, diz a matéria de O Globo. Neste serviço, a Andrade Gutierrez teria feito o repasse para a campanha de Pezão de R$ 2 milhões através da Propeg.

A reportagem de O Globo informa ainda que Oi e Andrade Gutierrez não quiseram se pronunciar sobre as acusações, enquanto a Propeg confirmou ter um contrato com a Prole mas negou tratar-se de uma operação simulada para repasse de verba ao caixa 2 da campanha do atual governador do Rio de Janeiro. Ainda de acordo com o texto, a Propeg informou que o trabalho produzido pela Prole foi sobre os Jogos Olímpicos; a agência diz ter comprovação de relatórios e nota fiscal do mesmo. Por sua vez, a NBS negou ter sido usada para repasse ao caixa 2 da campanha de Pezão e destacou que, mesmo quando integrava o grupo PPR com a Prole, mantinha uma atuação independente. A agência lembra ainda que em 2014 teve 70% de seu capital vendido para a Dentsu Aegis Network e que, na ocasião, a Prole recebeu uma indenização por esta negociação.

Ainda em sua delação, o sócio da Prole informou que recebeu pagamentos da CDN Comunicação por serviços prestados à pré-campanha de Marta Suplicy à prefeitura de São Paulo no primeiro semestre de 2015. Ele detalha que a contratação foi uma contrapartida da CDN por um contrato de consultoria assinado com o Ministério da Cultura, quando Marta era a ministra da pasta, em 2014. O Globo informa que entre 2014 e 2017 a CDN recebeu R$ 25,7 milhões do Minc. Pereira conta ainda que a empresa Ideia Inteligência, hoje Ideia Big Data, formatou pesquisas de opinião com um custo estimado entre R$ 160 e 180 mil, pagos pela CDN. Os resultados teriam sido apresentados na casa de Marta em maio de 2015; Pereira apresentou três notas relativas ao serviço da CDN emitidas por sua empresa Rumo Norte. Procurada pela reportagem de O Globo, a CDN relatou que contratou os serviços mas negou que fosse contrapartida pelo contrato assinado com o Minc um ano antes via concorrência pública. Já a Ideia Inteligência apenas confirmou ter feito o serviço para a CDN.

A reportagem do Meio & Mensagem entrou em contato com a NBS, Propeg e CDN. Através de sua assessoria de imprensa, a NBS informou que “a agência não comentará o assunto por desconhecer completamente o teor da delação citada na matéria”. Já  Propeg enviou o comunicado a seguir:

“Todas as supostas acusações que teriam sido feitas pelo delator são irresponsáveis e não tem nenhum fundamento. A Propeg produziu um estudo sobre as Olimpíadas no Rio de Janeiro, com planejamento, pesquisas e  documentários. Alguns insumos para esse estudo foram fornecidos pela agencia Prole, pagos mediante comprovação de relatórios e nota fiscal. Todos os valores recebidos pela Propeg sempre decorrem de efetiva prestação de serviços aos seus clientes, cujos demonstrativos estão à disposição dos órgãos competentes. Informamos que a Propeg nunca trabalhou para o candidato Pezão, que ninguém da agência  conhece o irmão do ex-governador Cabral ou tem qualquer relação com o ministro Leonardo Picianni, não tendo a Propeg sequer sido classificada para a citada licitação. A Propeg é uma empresa de mais de 50 anos que, além de grande reputação no mercado, está submetida a auditorias e rigorosos mecanismos de conformidade e integridade.”

Também através de sua assessoria de imprensa, a CDN enviou o comunicado abaixo:

“A CDN Comunicação nega que tenha pago qualquer tipo de recompensa ou contrapartida por serviços prestados por Renato Pereira ou pela Prole. É mentira a versão publicada de ‘que sua contratação foi uma contrapartida da CDN por contrato de consultoria assinado com o Ministério da Cultura’ durante a gestão da senadora Marta Suplicy.

A CDN confirma que pagou, dentro da lei com o devido recolhimento dos impostos, notas e recibos, um amplo diagnóstico eleitoral na cidade de São Paulo, realizado pelo Instituto Ideia Big Data com a consultoria e coordenação de Renato Pereira para discutir os cenários eleitorais para a prefeitura de São Paulo.

Para que não restem dúvidas, é importante esclarecer que a senadora solicitou a Renato Ganhito, vice-presidente da CDN, indicação de profissionais para o trabalho de marketing político para sua campanha, caso viesse a se candidatar. A CDN indicou dois profissionais reconhecidos no mercado, tendo Renato Pereira sido um dos dois indicados. Até esse momento, a CDN nunca tivera nenhum contato com Renato Pereira.

A CDN decidiu apoiar o estudo como um investimento para reforçar seu espaço como um player de pesquisa e análise no mercado de comunicação apostando, de maneira legítima e legal, nas oportunidades profissionais do ano seguinte, com as eleições.

É fundamental reforçar ainda que o contrato com o Ministério da Cultura foi assinado um ano antes, em 2014, resultado de uma concorrência pública vencida pela CDN. Além disso, quando da contratação do estudo, a Senadora Marta Suplicy não exercia o cargo de Ministra da Cultura e nem era candidata a nenhum cargo.

A CDN sempre se pautou pela correção e pela ética em todos os seus atos e contratos, e por isso é reconhecida ao longo de seus 30 anos de mercado.”

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