A verdadeira beleza de Cannes
Pisar o Red Carpet é cruzar uma mágica fronteira que nos transporta para outro tempo
Pisar o Red Carpet é cruzar uma mágica fronteira que nos transporta para outro tempo
Meio & Mensagem
24 de maio de 2013 - 5h52
Por Patrícia Weiss*
Passei os últimos dias entrando e saindo das salas do 66ª Festival de Cinema de Cannes, vendo filmes, mas a minha ficha literalmente “cai de vez”, quando chego, pela primeira vez, para uma exibição em noite de gala. E um dos momentos mais emblemáticos do universo do cinema, acontece comigo.
Percebo que acabei de pisar no mitológico Red Carpet. Aconteceu em outras sessões neste mesma sala de projeção em Cannes, mas não em noite de gala. Não com iluminação externa noturna, com trilha de Bolero de Ravel tocando bem alto, em plena Croisette, anunciando a entrada dos astros, com muitos flashes disparados e gritos de fotógrafos chamando pelo nome dos protagonistas do filme. Único. Emocionante.
O Red Carpet acaba sendo banalizado de tão exposto que é pela mídia, e associado a um momento puramente fashionista e estético. Engano. É ver e pisar, para crer. Vai bem além disso.
Uma sensação forte e emocionante de abandonar um tempo que é nosso, de todos, do que é medido e cronológico, do que é comum e humano. E cruzar uma mágica fronteira que nos transporta para outro tempo, o tempo do diretor, do ator, da atriz. Uma dimensão digna de deuses e deusas. De uma outra história.
Sem exageros, os últimos dois dias por aqui foram de muita emoção para todos, e o Festival termina somente no domingo. Michael Douglas foi considerado o rei do dia da estréia do divertido “Behind the Candelabra”, de Steven Soderbergh, com uma atuação excepcional como o famoso pianista Liberace. Matt Damon, interpretou seu companheiro e autor da autobiografia que originou o filme, Scott Thorson. Após a primeira exibição, das 08:30h (aqui a gente precisa madrugar para ver filme), a coletiva de imprensa foi calorosa, divertida e dramática. Michael Douglas se emocionou e não conteve o choro. Steven Soderbergh declarou que dará uma pausa como diretor, para se concentrar na pintura e contou que o filme foi financiado pela HBO para a TV, pois os estúdios de Hollywood rejeitaram o roteiro por ser uma história muito gay. Regras sendo rompidas na história do cinema, e a TV, neste caso, como um importante agente de mudança. Nos EUA, o filme estreia somente na TV, dia 26.
Aliás, a TV americana só evolui em qualidade de programação e audiência, onde vemos cada vez mais, atores “de cinema”, assumindo sem restrições, papéis principais em seriados ou em filmes com excelente roteiro produzidos especialmente para a televisão.
Um filme que surpreendeu e arrebatou a plateia em Cannes, foi o poderoso e sensual “La vie d’Adele” (Blue is the warmest colour), do franco-tunisiano Abdellatif Kechiche, inspirado em um graphic novel francês de Julie Maroh. Aplausos intermináveis desde a primeira exibição e, durante a coletiva, a atriz francesa Lèa Seydoux (Bastardos Inglórios, Meia noite em Paris), não controlou a emoção e também chorou enquanto falava sobre sua participação e exposição das protagonistas no longa.
A excepcional comédia dramática “Nebraska”, de Alexander Payne (Sideways), feita em P&B, comoveu a plateia com uma história muito bem contada, e a habitual boa escolha de atores. Bruce Dern tem atuação impecável. O diretor, que nasceu em Nebraska, nos leva para uma longa e sensível viagem, de pai e filho. Alexander Payne fez a plateia em Cannes aplaudir o seu longa nas três exibições.
Somos plateia deste ritual de reverência. O respeito dentro das salas de projeção, o absoluto silêncio, os ensurdecedores gritos de “Bravo!” quando as luzes se acendem, os dedicados e intermináveis aplausos. A história que se inicia no Red Carpet, não se encerra na última cena. Poderia ecoar pelo mundo.
Patrícia Weiss é consultora de cultura de marca, branded entertainment e transmídia e chief strategy officer da agência Wanted
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