Netflix, Weinstein Company e Uber: assédio virou questão de marca

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Netflix, Weinstein Company e Uber: assédio virou questão de marca

Se não mostrarem ações concretas para combater o problema em sua estrutura, marcas correm o risco de ter sua reputação afetada


1 de novembro de 2017 - 12h50

O problema do assédio sexual tem ganhado maior visibilidade no âmbito cotidiano e corporativo, como consequência da crescente discussão do tema na sociedade e a maior predisposição das vítimas a relatar os casos. Esta semana, a Netflix suspendeu as gravações da sexta temporada de House of Cards após acusações de assédio contra o ator principal da série, Kevin Spacey.

A notícia veio à tona apenas alguns dias depois da demissão do produtor Harvey Weinstein, chairmain dos estúdios Weinstein até o início deste mês. Além da demissão, motivada por inúmeras denúncias de atrizes e mulheres da indústria cinematográfica que teriam sido estupradas ou assediadas pelo executivo, a produtora anunciou um processo de rebranding.

Elisa Prado, diretora executiva da TV1 RP e escritora do livro “Gestão de Reputação: riscos, crise e imagem corporativa”,  afirma que as mídias sociais amplificaram a exposição das situações no ambiente corporativo. Dependendo do posicionamento da marca diante de uma situação de assédio em sua estrutura, a imagem da empresa pode ser impactada.

“Esse contexto hiperconectado trouxe muita transparência nas relações entre pessoas. Não apenas entre pessoas, mas também nas relações entre as pessoas e seu ambiente de trabalho. Não há mais diferença,  tudo está muito integrado e conectado, as pessoas não fazem mais essa separação entre o que vivem dentro de casa ou dentro da empresa”, diz ela.

Outra grand marca que enfrenta críticas pelos casos de assédio é a Uber, acusada de tomar medidas insatisfatórias em relação assédios cometidos por motoristas parceiros da organização –  limitando-se a banir os motoristas. Ainda, no início deste ano, uma ex-engenheira de software da companhia, Susan Fowler, publicou um memorando onde expunha a cultura de sexismo e assédio sexual dentro da empresa. Ela disse que, quando trabalhava na Uber, tentou recorrer às lideranças sobre a questão, mas encontrou resistência.

O então CEO Travis Kallanick disse que a companhia iniciaria uma investigação interna, e que o assédio sexual vai contra “tudo o que a Uber defende e acredita”. “Procuramos fazer com que o Uber seja um ambiente de trabalho justo para todos e não pode haver espaço para este tipo de comportamento aqui. Qualquer um que se comporte desta forma ou acha que esse tipo de comportamento é OK vai ser demitido”, disse o CEO em nota ao The Guardian em fevereiro.

Para Elisa, em casos envolvendo assédio sexual, marcas devem necessariamente se posicionar e tomar decisões para acabar com o problema de vez – para além da situação que desencadeou a crise.

“Essas empresas podem e devem utilizar esse tipo de crise como um aprendizado e oportunidade para divulgar sua cultura e a política interna. Normalmente, as companhias ficam tão desesperadas com esse tipo de situação que não vêm que a crise é realmente uma grande oportunidade. Uma empresa que vive um grande assédio tem a oportunidade de dizer que sim, ali há normas, políticas, treinamentos para os funcionários, mas que as pessoas são humanos, erros acontecem e o mais importante é reparar devida e rapidamente esses erros”, diz.

A comunicação com os colaboradores também é essencial, na avaliação da  diretora, com programas de redefinição de cultura e valores junto a funcionários e governança. “Estas ações são importante sempre, não apenas por causa dos assédios. É importante manter os colaboradores engajados nas políticas e cultura da empresa, fazendo com que as pessoas entendam que ali não é aceito esse tipo de comportamento”, finaliza.

 

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