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A grande perda da propaganda paranaense

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Ponto de vista

A grande perda da propaganda paranaense


24 de fevereiro de 2012 - 11h07

(*) Post escrito juntamente com Rogério Mainardes, diretor corporativo de marketing do Grupo Positivo

Difícil explicar um sentimento de perda como esta que ocorreu na segunda-feira de Carnaval.

Mais difícil ainda é escrever sobre alguém que sempre trabalhou de forma equilibrada com as palavras.

Um profissional que se transformou em empresário e viveu de suas ideias e de seus textos. Construiu exemplos de boa comunicação e de grandes campanhas publicitárias. Com as palavras, soube colocá-las no lugar certo, na quantidade certa para explicar um produto, um serviço, uma oferta ou benefício. Sempre soube dosar a emoção e a razão para explicar uma ideia.

Um publicitário que tinha o equilíbrio necessário para a redação. O equilíbrio que só é possível para quem aprende com a experiência. Seja ela boa ou má.

Um dos mestres do texto publicitário paranaense partiu no último Carnaval. Saiu da cena do nosso dia a dia o publicitário Gilberto Ricardo dos Santos.

Foi se juntar ao Sérgio Mercer, ao Jamil Snegue e poucos outros profissionais que tão bem valorizaram a propaganda paranaense pelo talento e pelo respeito à arte de bem comunicar.

Perdemos todos que valorizamos as ideias criativas e fundamentadas. Todos que valorizamos o talento inspirado e inspirador.

Olhar para a vida deste publicitário paranaense é olhar as marcas deixadas pelas boas ideias.

É olhar para as campanhas que construíram o conceito da "Curitiba, capital ecológica". Campanhas que promoveram a auto-estima dos curitibanos, como poucas campanhas fizeram antes ou depois.

Ao se unir na agência Opus Múltipla, com Desidério Máximo Pansera e José Dionísio Rodrigues, Gilberto fez muito pela valorização e pela qualidade da propaganda no Paraná.

Foi um mestre que soube ensinar algumas gerações, mostrando que para escrever é preciso ler. E ler muito sobre tudo e sobre todos. Sua visão crítica era profunda e, no seu silêncio e timidez aparente, era grande e perspicaz. Demonstrava que era necessário ouvir para falar, observar para construir.

Com o Gilberto aprendemos que o bom texto não fica pronto por acaso. Não é somente pelo esforço de escrever e colocar palavras no papel. O bom texto é fruto da cultura, conhecimento, informação, observação, análise e crítica.

Depois deste processo, as palavras podem começar a se juntar para explicar uma ideia.
Os publicitários sabem disso. E buscam constantemente, embora poucos consigam.

O Gilberto sabia e tentava ensinar isto. Alguns, que com ele trabalharam, conseguiram aprender um pouco. Outros tantos estão tentando e muitos não perceberam nada disso.

Não perceberam o tamanho do talento que se escondia naquela figura tímida e franzina, mas que fez, com orgulho e muito talento, um capítulo da história da propaganda paranaense.

Fica com todos que convivemos com este profissional, que usufruímos e fomos influenciados por suas ideias e mensagens, que trabalhamos no Marketing, na Comunicação e na Propaganda paranaense, um grande respeito, reconhecimento e admiração.

Que o seu exemplo de talento e inteligência se transforme na busca incessante de qualidade que a propaganda tanto carece em nosso Estado. 

** Milena Seabra é diretora corporativa de marketing do Grupo Paranaense de Comunicação

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