ProXXIma
4 de dezembro de 2019 - 7h40
Por Eduardo Carneiro (*)
Em 2019, comemoramos os cinquenta anos da Internet, cuja história teve início em outubro de 1969, a partir da primeira troca de informações à distância realizada por uma rede de dados, denominada Arpanet, que interconectou a Universidade de Los Angeles (UCLA) e o Instituto de Pesquisa de Stanford, nos Estados Unidos.
A operação consistia no envio remoto da palavra “login”, mas, devido a uma falha do sistema, ao fim da viagem, foi capaz de transmitir apenas a primeira sílaba “lo”. Um feito que, nos dias atuais, parece absolutamente banal, foi um marco histórico de uma revolução tecnológica e sociocultural que segue transformando em ritmo veloz a comunicação, o consumo de dados, produtos e serviços e, sobretudo, as relações humanas do século XXI.
Cinco décadas depois daquele “proto e-mail”, podemos dizer que se fosse hoje, os pesquisadores provavelmente estariam fazendo uma live, publicando um story ou compartilhando um link do Youtube. De toda forma, o texto teria dado lugar ao vídeo – formato que hoje domina a internet, especialmente as redes sociais, como o Youtube, que registra 2 bilhões de usuários em sua plataforma, segundo dados da We Are Social. A internet, que começou sua atividade com a transmissão de uma mensagem de texto, definitivamente, se rendeu ao vídeo como conteúdo que mais gera engajamento.
Pesquisa recente da Comscore, líder mundial na medição de audiências digitais, mostra que o vídeo realmente caiu no gosto das pessoas. No Brasil o Youtube é a rede social com mais alcance, chegando a 94,8% dos internautas, deixando para trás o Facebook, em segundo lugar com 91,8%. Mas na rede de Zuckerberg, os videos estão dando o que falar: embora ainda representem 12% dos conteúdos postados, eles geram mais comentários (24% das interações) e likes (14% das interações). Entre os posts estáticos regulares, 16% são comentários e 10% são likes.
As empresas brasileiras já estão atentas a esta tendência, que vem dando a direção para as ações de marketing. De Janeiro a agosto de 2019, as marcas nacionais publicaram 481 mil vídeos nas redes sociais (Facebook, Instagram e Twitter), um aumento de 14% em relação ao mesmo período do ano passado. Quem fez a conta foi a Shareablee, empresa americana de mensuração de mídia e monitoramento de redes sociais. O Brasil domina as ações em vídeo na América Latina, representando 45% do total de material publicado na região.
O Instagram é um caso interessante. A rede que nasceu para publicação de fotos mostra cada vez mais conteúdo em vídeo, seja no feed ou nos stories. Isso sem falar na IGTV, plataforma exclusiva para vídeos lançada em 2018. A rede recebe atualmente 16% dos vídeos postados nas redes sociais. Parece pouco, porém eles respondem por 63% das interações, enquanto no Facebook conseguem 31% das ações. O engajamento do conteúdo em vídeo do Instagram foi o que mais cresceu entre as redes sociais, registrando aumento de 170% este ano no Brasil.
Para quem está pensando em novos conteúdos para dar uma agitada nos canais sociais, os vídeos não podem ficar de fora da estratégia de marketing digital. Vale a pena também investir em canal próprio no Youtube, onde os haters são esparsos. Das reações nesta rede, 94,9% são positivas. A propósito, quer comemorar os 50 anos da internet? Gravar um vídeo dando os parabéns pode ser um bom jeito de participar da festa.
Eduardo Carneiro é diretor geral da Comscore no Brasil (*)