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O que está em jogo no varejo brasileiro

A liderança será de alguns poucos varejistas, Magalu, B2W, Carrefour, Pão de Açúcar ou outros que darão um salto e se transformarão também em plataformas de negócios para muitos mais, como na Coreia?


18 de novembro de 2019 - 8h16

 

Por Marcos Gouvêa de Souza (*)

As várias palestras, encontros e apresentações durante as visitas que fizemos à China, a quarta nos últimos doze meses e nossa participação no Chinashop, o maior evento de varejo da Ásia, com 65 mil participantes e uma feira com 130 mil m2, nos deram a certeza que o varejo do Brasil tem um momento único à frente envolvendo sua transformação estrutural.

As visitas à China, onde o Novo Varejo foi criado, e mais aquelas que envolvem todos os eventos nacionais e internacionais que temos tido oportunidade de participar sobre o varejo, sempre acompanhado de empresários, dirigentes e executivos das mais importantes empresas do segmento no Brasil, visitando, reunindo, discutindo, aprendendo e debatendo as inovações do setor no mundo, reforçam a ideia de que temos o privilégio de viver o momento da verdade futura no varejo brasileiro.

Aquele momento que se redefine lideranças e protagonismo de longo prazo.

Em todo esse conjunto de aprendizados o elemento que mais tem sido, com razão, enfatizado, é a transformação estrutural do varejo pelo binômio tecnologia-digital, em especial na China.

Nesse país, os Ecossistemas de Negócios, Alibaba, JD, Didi, Tencent e muitos grupos mais, geraram uma nova realidade colocando de fato o omniconsumidor no epicentro de tudo pelo uso dos mais diversos instrumentos em tecnologia como reconhecimento facial, realidade virtual, inteligência artificial e muitos mais, para conhecer, monitorar, antecipar e ativar comportamentos.

Isso permitiu criar uma vantagem competitiva única, alternando toda a estrutura de negócios e colocando esses grupos na liderança da transformação do mercado.

Mas nos Estados Unidos e em boa parte do mundo ocidental, são as Plataformas Exponenciais, como Amazon, Facebook, Google e outras mais que subverteram a lógica tradicional dos negócios no setor, criando novas lideranças e desconstruindo a realidade anterior.

Na Coreia, de forma diversa, são alguns poucos varejistas tradicionais, como Shinsegae, Lotte e outros mais que se posicionaram para transformar e liderar a mudança, antes que fossem atropelados pela nova realidade precipitada pelo binômio tecnologia e digital.

No Brasil esse processo está ainda em absoluta ebulição.

Os varejistas locais e globais operando no Brasil, os representantes das plataformas exponenciais e ecossistemas de negócios, o sistema financeiro local, as fintechs, os diversos sistemas de pagamentos e relacionamento e mais os novos entrantes, como as empresas de delivery, só para falar de alguns, disputam o protagonismo inerente ao domínio da informação e capacidade de monitorar, antecipar e ativar relacionamentos para liderar a inevitável e irreversível transformação estrutural do mercado brasileiro.

É o acesso e uso estruturado dos dados que definirão o protagonismo futuro e quem vai ser líder e quem vai ser seguidor. Com os ônus e bônus dessa realidade.

Esse é o jogo que está sendo jogado e que vai mudar o mercado para sempre.

Em diferentes níveis, condições, estruturas, recursos e estratégias, está estão sendo definida, neste momento, a realidade futura do mercado brasileiro.

A liderança será de alguns poucos varejistas, Magalu, B2W, Carrefour, Pão de Açúcar ou outros que darão um salto e se transformarão também em plataformas de negócios para muitos mais, como na Coreia?

Ou serão as plataformas exponenciais, como Amazon, Google ou Facebook, que irão criar essa realidade.

Mas pode ser também o sistema financeiro tradicional ou as fintechs que, combinados ou isoladamente, podem liderar essa nova realidade?

Ou talvez as empresas de delivery, como Rappi, ou as de transporte compartilhado, como Uber ou 99-Didi,  tornando-se também plataformas de pagamentos que ampliarão sua atuação e avançarão para outras frentes?

Mas podem ser também os meios de pagamentos e relacionamento, como Mercado Livre e muitos mais que vão avançar e ocupar novos espaços.

Tudo isso sem falar nos que podem ainda tentar entrar nesse jogo, decisivo, integrando e agindo em coalizão, especialmente nos setores de alimentação e transporte, de receitas e relacionamento recorrentes e constante, e que consigam captar recursos e colocar de pé um projeto alternativo blockbuster.

É tudo isso que está em ebulição neste momento e talvez a melhor e mais cautelosa visão seja considerar que, como quase tudo que acontece no Brasil, teremos uma combinação de elementos e alternativas, talvez inusitada globalmente, para assumir esse protagonismo futuro. Mais uma jabuticaba.

O jogo está sendo jogado.

(*) Marcos Gouvêa de Souza é fundador e diretor-geral do Grupo GS& Gouvêa de Souza, membro do IDV – Instituto para o Desenvolvimento do Varejo, do IFB – Instituto Foodservice Brasil, presidente do LIDE Comércio e membro do Ebeltoft Group, aliança global de consultorias especializadas em varejo em mais de 25 países.

 

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