Opinião: Digital bem tradicional

Meio & Mensagem
14 de agosto de 2015 - 10h40

Por Denis Chamas

Nome sujo na praça é algo que ninguém quer ter. Ficar sem receber então, pior ainda. Olhando esse cenário não é difícil entender por que temos empresas gigantes especializadas em todo tipo de avaliação e oportunidade relacionada ao assunto.

Alguns dias atrás surgiu uma notícia que pode trazer mais uma variável ao jogo, o registro de patente de uma nova tecnologia, por parte do Facebook, que permite a quem vai emprestar dinheiro, avaliar se a pessoa deve ter acesso ou não à determinada linha de crédito.

O processo todo, obviamente, utiliza redes sociais e é relativamente simples. Por meio de informações obtidas em buscas e análise de suas conexões na rede – ou seja, bisbilhotando sua lista de amigos e informações abertas e realizando o cruzamento dos dados com as informações disponíveis dos seus amigos e sistema –, é capaz de gerar uma pontuação que garante ou não um empréstimo.

Esse é o tipo de ideia que pode até parecer pouco inovadora. De fato, já tive contato com uma porção de empresas que levam esse tipo de ranking em consideração para fins de CRM. Mas a grande mudança aqui é a entrada de um player gigantesco como o Facebook no atual cenário, até então dominado por empresas tradicionais, e todas as questões de privacidade e confiabilidade que esse tipo de serviço pode trazer à tona nos próximos meses.

Considerando tudo isso, pode ser de fato decisiva a penalização de um indivíduo num processo desses, apenas por ter alguns contratos em situação financeira ruim. E isso é um bocado injusto e constrangedor. Mas ainda é impossível dizer, num aspecto prático, qual é o peso que essa variável terá na tomada de decisão. Pode acabar sendo apenas mais uma linha na planilha, mas com a quantidade e riqueza de dados disponíveis no Facebook, as possibilidades e profundidade das análises são praticamente infinitas.

(*) Denis Chamas é coordenador do time de Digital Marketing Services da Unilever.