Geraldo Leite
20 de agosto de 2013 - 10h13
Em tempos de agitações e manifestações, tudo é novo, tudo é relativo e tudo é questionável.
Nessa passada a limpo do país, muitas colunas balançaram e entre elas a dos veículos de comunicação.
Alguns deles são associados a produtos do “sistema”, se não agentes, no mínimo, cúmplices.
Eles repercutem as ações dos diferentes órgãos e autoridades envolvidas, exibem as propagandas dos diversos governos e, pela primeira vez, de forma mais flagrante, entraram também na berlinda.
Se a análise é justa ou não, eu também não sei, talvez só o futuro dirá, até porque não está fácil ter uma posição neutra no momento – praticamente todos nós, de um jeito ou de outro, concordou, conviveu, cedeu, fez que não viu ou não se importou com práticas mais corriqueiras que deram uma certa cara para esse país e que moldam o caráter da nossa nação.
A nossa história alterna e faz conviver, grandes avanços, com eternas vergonhas. Temos uma democracia ainda insossa, meio de fachada, pouco experimentada, com segmentos da população que foram desprezados e ignorados. Onde a propina é mais comum do que deveria e encarada como um problema só de quem recebe e não de quem a oferece. Um vício de levar vantagens. Políticos que usam o cargo para enriquecer. Juízes que também tiram as suas lasquinhas. Populações que não tiveram acesso à educação e que se viraram para sobreviver e criar as famílias. Carregamos ainda muitas heranças autoritárias, preconceitos, etc.
É numa hora como essa que os grandes veículos de comunicação, aqueles que mexem com a vida do país, podem provar e relembrar como são fundamentais para nós.
Precisamos conhecer, explicitar, defender e debater a ampla cesta de reivindicações que as manifestações trouxeram.
O desperdício do transporte urbano. A saúde de qualidade. A segurança da sociedade, das instituições e dos indivíduos. A idade penal. As prisões que não reeducam. A política das drogas. O envelhecimento da população e a previdência social. O investimento em ciência e tecnologia. As vocações do país. O papel da mídia. A valorização da cultura nacional. A educação que não melhora…
Todos esses temas (e muitos outros mais) pipocaram nos últimos meses.
Eu sinto falta e acho que seria uma ótima oportunidade, de poder assistir na TV alguns debates populares. Coisas que só excepcionalmente, talvez na época das eleições, acontecem.
Imagine pegar pessoas que de fato tem conhecimento e defendem bem determinadas causas e enriquecer a discussão – ser mais objetivo, ter formas mais neutras de analisar (Censo, Pesquisas,…), verificar como os outros países fazem isso, usar a rede social antes (para esquentar o tema), durante os debates (ouvindo e complementando o “feedback”), como também depois (fazendo um balanço e cobrando os temas).
Tudo bem que não vai dar a mesma audiência da novela da Globo, mas isso pode ajudar nas discussões, formar opiniões, orientar quem ainda está indeciso.
Será que uma rede comercial teria interesse? Será que só uma pequena rede pública resolveria?
Enfim, eu garanto sempre a pipoca e dependendo do tema em questão, um ou outro pitaco.
* Geraldo Leite é sócio-diretor da Singular, Arquitetura de Mídia
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