Filme da F/Nazca para Leica é censurado na China
Dirigido pela dupla Kid Burro, da Stink, e criado pela F/Nazca, "The Hunt" foi alvo de boicotes por retratar protesto de 1989
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Isabella Lessa
26 de abril de 2019 - 17h08
Atualizada às 17:32
Dias antes de a campanha do Banco do Brasil ser removida após desaprovação de Jair Bolsonaro, outra peça publicitária brasileira foi censurada, só que na China. “The Hunt”, filme da Leica criado pela F/Nazca, virou alvo de boicotes no país pois uma das cenas retratadas é a do Protesto na Praça da Paz Celestial, em 1989, quando mais de 1 milhão de cidadãos chineses ocuparam a praça para protestar contra o governo comunista da época.
A imagem reproduzida no comercial produzido pela Stink é a do “Tank Man”, em que um homem se colocou parado na frente dos tanques do Exército chinês. Na peça, ele aparece nas lentes da câmera, afinal, a história é uma homenagem aos fotógrafos que arriscaram suas vidas em conflitos e situações de perigo para fazerem fotos históricas.
Desde a ocorrência do protesto, há 30 anos, a China tem banido todas as comemorações de ativistas, inclusive na internet. Se os cidadãos procuram “Tiananmen” (Protesto na Praça da Paz Celestial, em chinês) no Baidu ou nas redes sociais, encontram fotos da Cidade Proibida, em Beijing. Centenas de referências ao episódio são censuradas todos os anos pela polícia online do país.A rede social chinesa Weibo proibiu seus usuários de fazerem postagens mencionando o nome – em inglês ou chinês – da Leica, sob pena de violação das diretrizes da comunidade. De acordo com a BBC, 42 mil usuários fizeram publicações com o tema na plataforma, mas somente dez estavam disponíveis para visualização.
Alguns comentários incitavam os usuários a boicotarem a câmera e faziam piada sobre a Leica estar conectada à Huawei, já que as câmeras dos últimos smartphones da marca contam com a tecnologia da empresa alemã. De origem chinesa, a Huawei foi restringida nos EUA e em outros países devido a preocupações relacionadas à segurança de empresas de telecomunicação.
Ao South China Morning Post, uma porta-voz da Leica declarou que o filme não foi uma peça de marketing oficialmente sancionada pela empresa, ainda que as câmeras e o logo da marca apareçam na produção. Por essa razão, ela afirmou que a companhia deve tomar distância do conteúdo exibido no vídeo e lamenta quaisquer mal-entendidos ou falsas conclusões que possam ter sido tomadas.
Em comunicado, a F/Nazca esclareceu que nunca veicularia um trabalho sem aprovação prévia da Leica e que, por atender a marca somente no mercado brasileiro, não pode comentar o pronunciamento da empresa na Europa. Entre os trabalhos criados pela agência para Leica está o filme “100”, detentor do Grand Prix em Film da edição de 2015 do Cannes Lions.
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