Mais uma polêmica no Media Lions

Felipe Turlao
9 de julho de 2013 - 12h12

 A categoria Media Lions parece não ter rivais quando o assunto é polêmica. Nos dias posteriores ao Festival de Cannes de 2013, mais uma vez, os grupos Omnicom e WPP divergiram e provocaram uma revisão das regras que deverá ser válida já para 2014.

No ano passado, as acusações mútuas de votação em bloco para favorecer a própria holding fizeram o festival estabelecer um júri com 40 pessoas para 2013, sendo que apenas oito delas tinham direito de definir a graduação dos prêmios (relembre aqui). Já em 2013, o problema envolve os créditos das peças vencedoras.

Tudo começou quando o Omnicom acusou o GroupM, rede de agências de mídia do WPP, de ter exagerado na quantidade de Leões que julgava ter conquistado. Segundo Mainardo de Nardis, CEO da OMD, rede de agências de mídia do Omnicom, os rivais da GroupM inflaram suas conquistas ao afirmarem serem donos de algumas campanhas vencedoras que, na inscrição originalmente feita, não tinham a rede do WPP nos créditos.

O que causou indignação na OMD foi que no dia 20 de junho o GroupM divulgou um primeiro comunicado à imprensa informando que havia conquistado 16 troféus no Media Lions, por meio de suas quatro agências: Maxus, MEC, MediaCom e Mindshare.

Já no dia 26, o grupo emitiu um segundo comunicado no qual afirmava ter conquistado 45 Leões, sendo assim, o “bureau de mídia mais premiado do festival”. A conta passou a incluir resultados de todas as categorias e algumas campanhas de Media Lions que não apareceriam, segundo o OMD, na primera contagem. “Existe muito barulho no mercado sobre quem foi melhor em Cannes. Estou feliz de anunciar que em 2013 a GroupM foi a primeira”, afirmou Dominic Proctor, presidente da rede. Como a OMD ficou com 19 Leões, de acordo com as novas contas do WPP, o GroupM a ultrapassou e teve mais prêmios.

A polêmica gerou reações na imprensa internacional. Há alguns dias, por exemplo, o site “More about Advertising” criticou a organização do festival por não esclarecer se de fato o GroupM havia ganho ou não esses 45 Leões. “Seria ótimo saber. Mas vale dizer que a organização de Cannes é interessante: ela afirma que os prêmios serão anunciados apenas de noite quando o mundo inteiro já sabe quem são os vencedores”, provocou o veículo. 

 Mudanças nos créditos?

A resposta da organização veio, nesta terça-feira, 9, quando o festival se posicionou sobre a quantidade de Leões. Primeiro, o evento diz que reconhece como prêmio apenas o de agência de mídia do ano, vencido pela OMD de Sydney. Ou seja: o prêmio de melhor rede de agências existe apenas para a briga entre Omnicom e WPP, mas não é um troféu oficial do evento.

Em relação às redes, o festival afirmou: “Várias empresas falam sobre o número de Leões em que estavam envolvidas. Fazendo isso, elas podem não ter sido a empresa que inscreveu, mas seu nome pode constar nos créditos secundários”, constatou.

Na sequência, uma informação importante: “As regras do festival dizem que os créditos podem ser mudados após o festival se a companhia que fez a inscrição concordar com a mudança”, explica. Assim, sem citar o GroupM ou qualquer outra empresa, o comunicado sugere que uma empresa (a rede, por exemplo) pode ter tido seu nome inserido nos créditos secundários após a vitória de uma de suas agências, desde que em concordância com a premiada.

A organização de Cannes afirma ainda que todas as empresas que fizeram as inscrições são contatadas para concordar com as revisões dos créditos.

No entanto, o festival promete que irá revisar a política de mudanças de créditos “para clarear futuros questionamentos sobre o número de Leões conquistados”. Dessa forma, o Media Lions protagoniza mais uma polêmica envolvendo WPP e Omnicom que culminará em mudanças no Festival de Cannes.