O favorito ao posto de “novo” Sorrell do WPP

Meio & Mensagem
21 de agosto de 2018 - 8h24

No momento em que o Grupo WPP se prepara para definir um novo líder para o posto deixado por Martin Sorrell, um nome começa a se destacar. Promovido a COO do grupo em abril, Mark Read, até então head de estratégias digitais da holding e CEO global da Wunderman, vem despontando como o mais forte candidato para dirigir o maior grupo de publicidade do mundo.

Internamente, há uma crescente confiança de que ele será o escolhido após um processo de seleção que já dura quatro meses, de acordo com informações obtidas junto a executivos do WPP envolvidos no processo.

Martin Sorrell, que deixou a holding em abril deste ano após acusações de má conduta profissional, transformou o WPP em uma potência global, tornando-se uma das vozes mais fortes da indústria e também em outros ambientes de negócio, como o Fórum Econômico Mundial. De acordo com o conselho, Mark Read seria uma escolha mais operacional, já que é alguém que não busca holofotes, mas que compreende a complexidade dos negócios do WPP e que poderia ajudar a resolver as dificuldades da holding. Read vem dividindo o posto de COO da holding com Andrew Scott, também promovido ao cargo em abril, após a saída do então CEO.

A demora na escolha de um sucessor para Sorrell acontece em um momento crítico para o WPP. A holding perdeu um terço de seu valor de marcado nos últimos meses, em um cenário em que grandes anunciantes – como a Procter & Gamble – vêm reduzindo os investimentos em marketing e gigantes da internet começam a negociar com as marcas sem ter as agências como intermediários.

A expectativa é de que o WPP anuncie o nome de seu novo CEO próximo da data de revelação dos resultados financeiros do primeiro semestre – marcada para 4 de setembro. Além de Read, alguns executivos da indústria foram citados como possíveis candidatos ao cargo, como Keith Weed, diretor de marketing da Unilever, Jerry Buhlmann, CEO da Dentsu Aegis, David Kenny, executivo da IBM e Tim Armstrong, CEO da Oath.

Procurados oficialmente, o grupo WPP e Mark Read não comentaram sobre o assunto. O Advertising Age, no entanto, reuniu os fatores que tornam o executivo do grupo o favorito a ocupar o posto deixado por Sorrell, baseado nos depoimentos de pessoas que trabalham junto com Read:

Comunicação
Para administrar uma holding de mais de cem empresas de publicidade, Sorrell tinha o hábito de disparar e-mails e mensagens sobre negócios até mesmo durante a noite. Read tem mudado essa dinâmica, procurando tomar medidas mais ágeis e comunicando-se com seus subordinados em um período limitado do dia. Além disso, executivos do grupo dizem que o tom de Read é mais suave e menos combativo do que o de Sorrell e elogiaram o fato de o executivo ser um bom ouvinte e não dizer sempre que sabe todas as respostas.

Colaboração
Enquanto Sorrell falava regularmente sobre a importância das diferentes divisões do WPP trabalharem juntas, essa colaboração tornou-se mais evidente, na prática, após a saída do executivo. Há um novo espirito colaborativo entre os líderes das empresas, com mais encontros entre as agências da holding nos últimos meses do que em qualquer momento ao longo da gestão de Sorrell, de acordo com um executivo do WPP.

Read convocou a reunião anual de estratégias do WPP para outubro, em Nova York, ocasião em que Sorrell utilizava para reunir lideranças dos clientes do grupo e palestrantes especiais, como Tony Blair e David Cameron. O fato de Read ter enviado o convite do encontro desde ano sinalizou para alguns líderes do grupo que ele está próximo de ocupar a posição de CEO.

Perfil
Apesar de estar substituindo Sorrell nesses últimos quatro meses, Read tem adotado uma postura low-profile. Ele fez poucas aparições no Cannes Lions, em junho e tem evitado a mídia e entrevistas – algo que sempre fez parte do dia a dia de Sorrell. No dia a dia, prefere usar transporte público ou Uber em vez de um carro particular e motorista.

Reestruturação
Read tem sido cuidadoso a respeito das mudanças no WPP nesse momento em que lidera a holding interinamente, mas tem dado ideias a respeito de como a holding poderia se reorganizar, incluindo propostas de fusão de agências e outras medidas para impulsionar o crescimento digital e os negócios de mídia. Ele também procura formas de simplificar o organograma da holding – Sorrell recebia reports de mais de 100 diretores, algo que Read pretende mudar.

Com informações do Advertising Age