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Comunicação

O que crianças ensinam sobre planejamento?

Crianças têm uma tremenda confiança e autodeterminação. É linda a sensação de que são invencíveis, tem superpoderes, são capazes de feitos miraculosos


11 de outubro de 2013 - 4h51

Por Marília Barrichello

Foi o tempo que planejar era só “prever”, administrar e monitorar o futuro. No mundo em que esse futuro acontece quase em tempo real, o planejamento se fortaleceu e ampliou o olhar para a psicologia, filosofia, sociologia, design, responsabilidade social, neurociência e branding, entre outras e novas correntes que emergem tão rapidamente como nossa sede por conhecer mais nesse mundo bombardeado pela comunicação.

Se o planejamento ortodoxo se aproximava mais do oráculo inacessível, hoje me lembra mais a vivacidade e a curiosidade das crianças-cristais, termo para designá-las por sua capacidade evolutiva e facilidade comunicativa e relacional.

Posso dizer que, depois de quase 20 anos de profissão, muitos estudos e cursos, foi com o nascimento dos meus filhos, Theo e Felix, de quatro e dois anos, que constantemente me reviso, me coloco à prova e me coloco aberta para ouvir, refletir com os olhos, a cabeça, o coração e a energia típicos de quem tem o mundo e a vida toda pela frente.

Passado, presente e futuro se sobrepõem continuamente em uma lógica que se apoia menos no tempo cronológico e mais no tempo das emoções, das lembranças e também das expectativas.

A marca ancorada em um bom planejamento tem uma história que transcende o tempo. Um tipo de bandeira, de propósito frente ao mundo que a torna cúmplice de uma história com seus consumidores, muito além do simples uso volátil de um produto. Fronteiras entre o ontem, o hoje e o amanhã são menos importantes do que a experiência. Porque a experiência é o que dura, e não o que passa.

A curiosidade de uma criança é inesgotável. São tantos os questionamentos e com tamanha intensidade que, às vezes, o cortante ‘porque sim’ parece ser a resposta mais fácil, principalmente quando o cansaço irrompe depois de um dia longo de trabalho.

O dogmatismo do ‘porque sim’ ainda está muito presente nas corporações, nos jeitos de fazer, na cultura organizacional, mesmo que de forma subliminar. Às vezes, o ‘porque sim’ é o próprio não pensar ou uma forma simplista de tirar uma dúvida da frente ou ainda acomodação a algo preestabelecido e que, sim, poderia ser questionado. O ‘porque sim’ nos encerra no presente e o ‘porque não’ nos faz projetar, sonhar, antecipar o futuro, nos faz ir além!

Na transformação está a base da criatividade e da evolução. Então, como usar a transformação a nosso favor? Esse olhar dinâmico e inventivo das crianças representa, para mim, um dos grandes desafios do bom planejamento que, frente a tantas mudanças, pode perder a lucidez inspiradora do “não saber” e começar a se agarrar a verdades preestabelecidas. Se tudo se transforma, por que não começar consigo próprio e ser capaz de ver o novo em um mesmo lugar?

Para as crianças, cargos, hierarquias e status não têm significado algum e, assim, tendem a tratar as pessoas de forma muito semelhante. Com mais ou menos timidez, dependendo simplesmente do grau de confiança ou intimidade.

Planejar também significa estabelecer e tirar o melhor das relações humanas e de tudo que orbita ao redor delas. Quantas vezes, nos processos de planejar, ouvir e contestar o cliente, acabamos poupando-o, achando que ele não está preparado para ouvir, colocando o crachá na frente da pessoa ou a reduzindo a uma única identidade? Já é da cultura do brasileiro as meias-palavras, os eufemismos ou críticas veladas. Menos papas na língua, muitas vezes, é bom. Lógico que sempre com muito respeito e argumentação.

Crianças têm uma tremenda confiança e autodeterminação. É linda a sensação de que são invencíveis, tem superpoderes, são capazes de feitos miraculosos. Poder voar, poder ir até a lua, saltar até uma estrela, poder, poder, poder…. Acreditar no poder é o que torna o querer possível.

Espero que essas palavras estimulem aqueles que têm filhos ou crianças por perto para vê-las como fontes inesgotáveis de inspiração. Também, que ajude a revelar a criança que existe em cada um de nós e que nos reconecta com a inquietude de nossas buscas mais primordiais.

(*) Marília Barrichello é diretora de planejamento da Santa Clara e mestra em ciências da comunicação com ênfase em sociologia 

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